Cap 54

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"Algumas quedas servem para que nos levantemos mais felizes"

                                       William Shakespeare

Christopher Von Uckerman

Fiquei desesperado com a possibilidade de Dulce ter ido a casa de campo sozinha, quando cheguei a sua casa e a vi abrir a porta e ir em direção a mim, foi como estar vivo novamente, sim porque apenas a idéia de achar que ela corria perigo já havia me matado por dentro. Quando chegou mais perto e perguntou o motivo da visita, tive vontade de abraçá-la e beijá-la com todo o meu amor, dizer que estava louco de preocupação e com muito medo de perdê-la. Mas me contive ao lembrar que não estamos mais juntos e de maneira alguma quero insistir em algo nesse momento, mesmo porque ainda vou assumir um compromisso com a Carol e não quero deixá-la em segundo plano.

De início a conversa fluiu naturalmente, ela me convidou para entrar, conversamos sobre a possibilidade do vídeo estar na Casa de Campo, não quis parecer desesperado com a ideia de que ela poderia ter ido lá, mas acredito que não consegui disfarçar tão bem, principalmente quando mencionou contratar um detetive e o primeiro que veio a minha mente foi o Júlio. Sendo breve quanto ao assunto principal, me despedi para voltar para casa e foi nesse momento que ela agradeceu a minha preocupação, de verdade eu pensei em me aproximar e abraçá-la, mas desisti da ideia e apenas pedi para que se cuidasse.

Quando chegamos na porta principal da casa, toda sua pose de durona e mulher forte foi por água abaixo ao mencionar que o plano de Samantha estava dando certo, mas não parou por aí, a insinuação sobre eu estar tirando proveito da situação me deixou magoado, poderia ser ciúmes ? Poderia e de fato era, mas daí considerar uma possibilidade tão absurda daquelas me deixou completamente atônito e foi então que coloquei para fora tudo que estava sentindo no meu coração, ela também se expressou e eu entendi o seu ponto de vista, mas faltou algo de sua parte para falar e eu não sei dizer se ela pensou que eu estava sendo ou sou uma pessoa imatura para ouvir verdades ou se realmente foi devido ao momento que estamos vivenciamos, o fato é que as hipóteses me deixaram intrigado e curioso ao mesmo tempo.

Sabendo que não adiantaria insistir no assunto, saí em direção ao carro para voltar para casa. Durante o percurso, não parei de pensar na nossa conversa por nenhum segundo, minha atenção estava voltada para isso, foi então que senti um baque e tudo escureceu a minha volta.

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— Dulce, Dulce … Cadê você ? — Estou deitado em uma maca, possivelmente dentro da ambulância, ouço os paramédicos mas não consigo me movimentar

— Fique calmo, o senhor não pode se mover — Uma voz feminina diz

Minha visão está embaçada, meu corpo inteiro dói, em especial a região lombar, me sinto imobilizado, não posso virar o rosto, tudo parece girar ao meu redor, ouço de longe alguém falar com minha mãe e de repente a escuridão toma seu lugar outra vez.

                              ∆∆∆∆∆∆∆∆∆∆

Minhas pálpebras se abrem lentamente, ainda sinto dores, agora mais leves, não sei há quanto tempo estou aqui, mas sei que é um quarto de hospital.
Movo meus dedos e só então os sinto entrelaçados aos de alguém.

— Christopher ? Graças a Deus você acordou ! — É a voz de Dulce, ela sorri para mim, mas eu não posso mover o meu pescoço, está imobilizado por uma tala

—Dul-ce — Gaguejo um pouco, não consigo falar muito, mas só de vê-la me sinto vivo outra vez

— Fique calmo, não se esforce, você precisa descansar! — Sua mão toca meu rosto suavemente e com cuidado

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