isso é para todas as pessoas que se sentem vazias, mas no fundo são estrelas radiantes.
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Ajeito meus fios castanhos claros antes de entrar no palco e a peça se iniciar. Lá estava ele, August Parker, com seus cabelos cacheados e curtos, olhos verdes e lábios avermelhados com a pose de garoto mau. Ele veio correndo na minha direção e apertou minhas mãos, abrindo um sorriso singelo em seguida.
— Margot, onde esteve? Te procurei por todos os bairros, esquinas, cidades e... — "Clark" parou, fazendo uma carícia leve nas minhas mãos. — Em todos os lugares que eu ia, eu sentia sua presença.
Atuar é a coisa mais viciante que existe, sentir cada sentimento, cada atuação, cada palpitação, tudo isso se tornou terapêutico desde que entrei na faculdade. Mas o que fazer quando a porra do seu par romântico é o seu ex-namorado?
— O que você queria? Que eu te esperasse toda vida até você decidir se me queria ou não? Esperasse seus pais decidirem se eu era ideal para você? — solto suas mãos, deixando uma lágrima escapar dos meus olhos.
— A diferença é que agora eu quero você, Margot. Quero você com a minha alma, porque ela nunca morre! Não importa o que o reino diga, não importa o que meus pais acham melhor. — deu de ombros e olhou para a platéia, passando a mão devagar pelos fios escuros do seu cabelo. — Nunca tive tanta certeza da mulher que eu quero.
Solto uma risada curta e sarcástica, em seguida, me viro em direção a platéia e tiro uma aliança dourada do bolso, a aliança que Clark entregou para Margot na noite da liberdade, antes dela fugir e recomeçar a vida numa vila e cuidar do seu pai. A aliança brilhava, todas as luzes focavam somente nela e no meu belo rosto.
— Está vendo essa aliança? — pergunto, desta vez, apontando a aliança na sua direção. — Não a quero.
Clark deixou a boca entreaberta, começando a dar passos curtos na minha direção, com os olhos transbordando.
— Por que? Meu bem. — sussurrou, com a voz trêmula. — Me diga.
— Porque você pode me amar com a alma, com o seu ser e assim nunca deixá-lo morrer. Mas se esse amor é falho agora... — a aliança fina caí sobre o palco, fazendo um som agudo ecoar por todo ambiente. — No futuro, não terá importância.
August abre um sorriso enorme nos lábios e uma salva de palmas se inicia. O diretor e o roteirista começam a gritar, assobiar e dizer "Vocês são astros!" Repetidamente, enquanto isso, as luzes se desligam e nós descemos do palco.
— É isso que precisamos, um casal com química, com conexão, que nos deixe em dúvida se confiamos ou não. — o diretor, Paul, sorriu alegremente. — Temos mais treinamento pela frente, mas não vejo a hora de anunciar vocês como meu novo casal favorito! Muito bom.
— Não conseguiríamos sem você, diretor. — August mordeu o lábio inferior e apertou fortemente a mão do maior.
— Clark e Margot, o casal do ano! — o roteirista aplaudiu. — Muito bem, jovens, continuem assim.
Agradeço e corro para o vestiário, trocando a roupa pesada por uma calça larga e uma regata branca, quase dou um mortal para trás quando Ryan invade o vestiário com uma maquiagem pesada e borrada acompanhado com gritinhos animados.
— Clark e Margot, o casal do ano. — repetiu com a voz fina. — Meu Deus, eles são tão patéticos.
— Ele gosta dessa atenção, ficou sorrindo o tempo todo com aquela pose de confiante. — dou um gole na garrafa da água gelada. — Mas o que eu posso fazer? Me apaixonei por ele por causa dessa peça.
— Alyssa, não começa. Você não se apaixonou, apenas sentiu vontade de beijar, ficar por perto e se pegar até perder o fôlego... — respondeu baixo e com ironia. — Se apaixonar vai muito além disso e é muito mais leve.
— Porra, Ryan, óbvio que me apaixonei. August é um cafajeste que gosta de atenção, somente isso. — coloco algumas peças de roupa dentro da mochila. — Esse foi meu erro, gostar de alguém que não estava pronto para um relacionamento.
August e eu nos conhecemos no início da faculdade, ou seja, há uns seis meses. No início, ele me buscava com seu carro antigo e me gravava distraída, depois me apresentou para seus amigos como um troféu, fazendo eu me sentir a pessoa mais sortuda do mundo por ter alguém tão companheiro e romântico.
Não satisfeito, August me beijava atrás da faculdade, falando besteiras e jurando tantas coisas que não consigo contar. Ele conseguiu, conseguiu com que eu me apaixonasse, conseguiu com que eu deixasse meus amigos de lado e minha vida acadêmica também.
Depois de quatro meses de relacionamento, tudo mudou. Começou a expor nossas relações para seus amigos, dizendo detalhe por detalhe e ainda agindo como se fosse um pervertido. Não demorou muito para que seus amigos começassem a me ver como um objeto sexual, apenas para servir August Parker.
Veja só, brigamos na frente de uma festa depois dele pedir para que uma garota aleatória derramasse uísque no seu abdômen e o lambesse.
— Sabe o que eu acho? — Ryan apoiou-se na penteadeira.
— Diga.
— Que você tem que sair, fazem semanas que sua única preocupação é a faculdade e comédia romântica. — deu de ombros, automaticamente lanço um olhar surpresa na sua direção. — Só estou dizendo, okay?
— Irei fingir que não disse isso. — arregalo os olhos disfarçadamente.
— Miller, você tem vinte e dois anos e parece que tem... Tipo... Cinquenta. — disse baixinho, me fazendo arregalar os olhos novamente.
— Estou começando a achar que você é meu inimigo. — respondo em um tom sincero.
Ryan riu e deu um pulo rápido, parecendo uma criança animada, em seguida, pegou sua bolsa preta da Adidas e retirou dois ingressos vermelhos chamativos, estendendo no ar. Seus olhos estudaram minha expressão enquanto se aproximava lentamente.
— Um show, o que acha? — mordeu o lábio inferior. — Consegui esses ingressos com o meu melhor amigo, Tyler, lembra daquele vídeo que mostrava um bêbado que estava mijando na própria camiseta na rodoviária? — perguntou me arrancando uma risada sincera, afirmo com a cabeça. — É ele. Ele faz parte de uma banda super famosa aqui em Nova York.
— Qual é o nome?
— The Devil's, tem literalmente três pôsteres na porta da faculdade porque a divulgação do show já começou. — me entregou um ingresso. — E eu queria que você, minha arte, razão do meu viver, fosse.
Pego o ingresso e observo o nome da banda em vermelho vibrante. Quando olho novamente para Ryan, um sorriso gigantesco está em seus lábios.
— Amanhã às 22h, combinado?
— Combinado.
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+ Notas.
oi pessoal, espero que tenham gostado do primeiro cap. ryan smith é o timothee chalamet, ok? o branquelo está aqui.
vote, comente e até o próximo cap! (:

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dopamina | billie eilish
FanfictionQuando se é um viciado, é difícil encontrar algo que te faça realmente se sentir vivo, além das drogas. Billie Eilish, vocalista de uma banda famosa, sabe bem como é ser viciada, como é buscar dopamina em um mundo completo de violência, fama e vício...