ALYSSA
Guardo a última peça de roupa na mala e a deixo em pé próximo a porta, desejando que o horário do voo chegue o mais rápido possível. Desço as escadas até a cozinha, encontrando Louis e minha mãe conversando sobre política, uma discussão entre os dois sobre socialismo e presidentes miseráveis que comandam o mundo.
Minha mãe explicando com cuidado sobre direitos iguais e Louis com uma expressão interrogativa no rosto, ouvindo atentamente. Dá para acreditar?
Sento na mesa e adiciono leite na tigela, em seguida uma boa quantidade de cereal. Os dois me olham, buscando entender o porquê de eu estar tão quieta, não é como se fosse novidade a irmã mais velha guardar segredos; mas é quando a namorada dela guarda alguns bem podres.
— Cadê a Billie, Lis? — Louis questionou, formando um biquinho com os lábios.
— Ela está bem, teve que resolver problemas de vocalista, sabe? Aqueles problemas obscuros. — digo sarcasticamente e bagunço seus cachos, trocando de assunto. — E você, arrumou seu quarto como a mamãe pediu?
— Não preciso arrumar meu quarto, ele se arruma sozinho. Veja só, noite passada os pratos que deixei na prateleira sumiram. — gesticulou.
— Deve ter sido porque eu peguei e coloquei para lavar. — minha mãe ponderou. — Vamos Lou, vai arrumar seu quarto e jogar o lixo fora.
O menor suspirou e se retirou da mesa, depositando um beijo suave em minhas bochechas e pedindo desculpas para Catherine antes de subir. Tenho que confessar, ele é um cavalheiro quando quer, meus pais dão uma educação invejável para cada filho, mesmo que eu não tenha grande parte disso.
Dou uma colherada no cereal, ignorando o olhar exclamativo da mulher mais velha. Na noite passada, assim que Billie saiu para usar suas merdas, Louis ficou desesperado, achando que a vocalista estava passando mal ou coisa do tipo. Já minha mãe, me olhou com uma expressão decepcionada, como se soubesse que uma hora ou outra aquilo fosse acontecer.
Às vezes eu esqueço que na adolescência Catherine se envolveu com um viciado, a diferença é que ele não tinha dinheiro e vendia tudo que via pela frente em troca de alguns dólares. Ela sabe bem como é.
— Filha... — iniciou, deixando as mãos em cima da mesa enquanto buscava as palavras certas para começar uma conversa.
— Não começa, por favor. — dou outra colherada no cereal e recolho os pratos de cima da mesa, deixando-os em cima da pia.
Estou sem fome, uma simples junção de leite e açúcar conseguiu fazer um enjôo matinal tomar conta de mim. Apoio as mãos em cima da pia e subo as mangas do meu suéter, seu suéter, Billie me emprestou ele assim que saímos de cima do telhado, está com seu cheiro impregnado, algo como baunilha e um toque doce. Passei a noite toda desejando que ela passasse pela porta, me abraçasse forte e dissesse: não vou a lugar algum.
Mas isso não aconteceu.
— Alyssa, eu não vou me intrometer nos seus relacionamentos, você é maior de idade e bastante inteligente. Mas ela estava em uma crise de abstinência, nem notou quando falamos com ela, saiu por aí, sem te avisar. — cruzou os braços. — Querida, você não pode se machucar tanto assim por alguém.
— Eu sei, mãe. Não vou me machucar, sei o que estou fazendo. — me viro, respirando fundo. — Mas também ela é viciante, entende? Quando cheguei em Nova York, minha vida era faculdade, atuação e ficar bêbada, depois de Billie, comecei a sair mais, a viver mais, me sentir realmente livre.

VOCÊ ESTÁ LENDO
dopamina | billie eilish
FanficQuando se é um viciado, é difícil encontrar algo que te faça realmente se sentir vivo, além das drogas. Billie Eilish, vocalista de uma banda famosa, sabe bem como é ser viciada, como é buscar dopamina em um mundo completo de violência, fama e vício...