ALYSSA
Meus olhos se abrem lentamente, de pouco em pouco a imagem de uma parede branca com um quadro antigo e um chão com algumas roupas jogadas começam a ganhar sentido. Faz um bom tempo que eu não durmo tão bem assim, principalmente em quartos de hotéis, principalmente com alguém.
Ao ouvir a voz suave e tranquila de Billie, me viro para trás, encontrando a mulher sentada enquanto apoia os cotovelos nos joelhos, fazendo uma live no Instagram e falando com os fãs. Eles estavam indo a loucura pela vocalista de cabelo molhado, vestida com uma das minhas blusas apertadas – que estavam quase estourando nos ombros. – e cheia de arranhões no pescoço.
O celular estava apoiada na cômoda à sua frente, o suficiente para pegar somente seu belo rosto, o abdômen e a sacada do hotel, mas nada além disso.
— Sim, estou em Los Angeles. — respondeu uma das perguntas, puxando o cabelo úmido para trás. — Sozinha? Que nada. Muito bem acompanhada. — abriu um sorriso.
Ela olhou para trás quando sentiu a cama pesar, indicando que eu havia levantado. Ao meu ver, o sorriso se estendeu, porém, um sorriso sem mostrar os dentes, apenas os lábios rosados e o nariz completo por sardas enrugado propositalmente.
Somente isso seria o suficiente para que todas as páginas de fofocas e até alguns jornais locais surtassem. As notícias envolvendo seu nome nunca vão parar, penso bastante nisso, Billie está nos assuntos principais do Twitter desde que saiu da reabilitação. As pessoas gostam de falar, julgar e elogiar ela o tempo todo. Eu não aguentaria, sinceramente.
— Não sejam tolos, eu e Ivy somos somente boas amigas, nunca rolou nada além de abraços. — bagunçou a própria franja e se ajeitou, deixando agora as mãos apoiadas no colchão. — Ah, sim! Estou escrevendo uma nova música, vocês vão gostar, creio eu. E se não gostarem, vou mandar mamar meu pau.
Ela gargalhou da própria piada, o chat encheu-se de emojis de risada e "lol" "lmao". Billie se desculpou depois, em meio a própria risada, assumindo que era brincadeira e deixando óbvio que não tinha um pau. Deixo um sorriso bobo nascer nos meus lábios ao vê-la tão feliz ao falar com os fãs.
— Tudo bem, vou encerrar por aqui. Estejam prontos para o show de hoje à noite, pois vai ser uma loucura. — umedeceu os lábios. — Eu amo muito, muito, muito todos vocês, meus lindos. Até logo!
E assim que finalizada, Billie arremessou o celular na cama e se aproximou, o cheiro de shampoo e sabonete fresco invadindo meu olfato sem piedade alguma. Parou em cima de mim, sorrindo.
— Bom dia, linda. Por que não me acordou? — pergunto, levando a mão até uma das correntes em seu pescoço.
— Porque você teve uma noite longa e muito boa. — sorriu maliciosamente. — E além disso, parecia está em outro universo dormindo, não aguentei e te deixei aí.
— Você é inexplicável, Eilish.
— Eu sei, todas dizem isso. — brincou, me fazendo revirar os olhos.
— Narcisista.
— Idiota.
— Babaca.
— Gostosa. — finalizou a discussão, depositando um selinho em minha bochecha. — Estarei te esperando para o café da manhã, donzela.
Se retirou de cima de mim, calçando os tênis e saindo do quarto de hotel. Fico por pelo menos cinco minutos jogada na cama, com um sorriso singelo nos lábios, tentando entender como de repente todas as palavras de Ryan fazem tanto sentido. Nunca vou entender esse efeito que Billie me causa, seja sorrindo, contando piadas, me mostrando sua vida agitada ou apenas quieta, sendo ela mesma.
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dopamina | billie eilish
FanficQuando se é um viciado, é difícil encontrar algo que te faça realmente se sentir vivo, além das drogas. Billie Eilish, vocalista de uma banda famosa, sabe bem como é ser viciada, como é buscar dopamina em um mundo completo de violência, fama e vício...