Capítulo 5

22 1 0
                                    

Acordei dolorida e não conseguia entender porque. Me sentei na beirada da cama e calcei minhas sandálias havaianas, andando pelo corredor em direção a escada e desci, tudo parecia normal. E por incrível que pareça, o normal era estranho.
Me lembrei que ainda estava com a roupa de ontem, mas antes resolvi comer.. Fiz panquecas, chá e uma torrada. Comi e fui ao banheiro me despindo, fechei a cortina e comecei a tomar banho me lavando totalmente. Senti um arrepio de medo repentinamente e resolvi sair dali, terminando o banho. Abri as cortinas e vi um vulto saindo do meu banheiro, corri em direção a tal mas seja lá quem fosse tinha desaparecido, voltei e vi um recado no espelho do banheiro: "Existem coisas que você não pode controlar." Senti o medo como uma eletricidade no ar, quem era? O que queria comigo? Eu iria descobrir.
Eram 11:20, fiz o almoço e liguei a TV da pequena cozinha azul, passando os noticiários resolvi escutar. As notícias locais mostravam que Wilton estava internando no hospital, tinha sofrido um acidente ontem a noite. Ele era conhecido na região pelas suas caridades para crianças com câncer. Senti a necessidade de vê-lo.. Tínhamos um encontro de tarde que não iria mais acontecer. Será que foi causado pelas suas promessas de me dar respostas? Será que foi mesmo um acidente?
Almocei e fui direto a casa da mulher de cabelos pretos que até então não sabia o nome, perguntando onde ficava o hospital que Wilton estava. Ela me informou e disse em seguida:
-Tenha cuidado.
-Terei. Obrigado.- sai e fui diretamente para o hospital onde ele estava. Avistei o grande Hevend*, entrei e perguntei a moça do balcão, me informando o número do quarto, 16. Peguei o elevador e estava no 2° andar, andei lentamente para o quarto e senti os arrepios novamente, a pessoa tinha estado lá, eu podia sentir. Abri a porta número 16 e vi tudo revirado, a pessoa sabia que eu estaria lá.
-Meu Deus! Wilton, você está bem?
-Srta. Sten, estou bem sim. Só um louco mascarado que fez isso.
-Você conseguiu vê-lo?
-Não srta. Ele disse que era melhor não olha-lo muito ou teria que me matar. E acho que no meu estado eu não teria muito como me defender.
-Oh, claro. Ainda bem que está aqui Wilton. Acho que não estamos muito protegidos.- olhei para trás e senti uma vibração pelo meu corpo e meu coração acelerou, o homem de olhos castanhos mel estava ali, será que ele sabia que eu estaria ali? Ele me olhou curiosamente para saber porque eu estava tão perto de Wilton, e de curiosidade passou para ciúmes. Chegando mais perto de mim, me puxou para seus braços e disse:
-Não acho bom seu envolvimento com ela Wilton. Tenha cuidado com quem você quer estar, ou terei que fazer algo a respeito.- ele disse sem falhar o olhar que colocava temor em qualquer um. Wilton se encolheu com o olhar, qualquer um podia ver o medo em seus olhos.
-Só estou visitando Wilton, afinal ele sofreu um acidente. Você deveria estar preocupado.- eu disse
-Não acho que foi um acidente, não é mesmo Wilton?!- o que ele queria dizer com não foi um acidente?! eu o olhei por um momento, eu o conhecia mas não me lembrava desse lado dele, não lembrava de nenhum de qualquer forma. Mas esse sem dúvidas, era o ciumento.
-Wilton, me desculpe. Eu sei que ele também está preocupado com você, não é??!- eu disse o olhando com raiva, lembrando que não sabia seu nome. Ele imediatamente cedeu ao meu olhar como um cachorro domado.
-Sim, é verdade. Me desculpe.- falou mas não vacilou o olhar. Me soltei dele e dei um beijo na testa de Wilton.
-Precisamor ir, desculpe Wilton. Voltarei depois.- ele sorriu e disse
-Eu esperarei srta. Sten.- eu sorri de volta e olhei para meu homem e ele revirou os olhos com nossa intimidade. Fechei a porta atrás de mim e disse:
-Posso saber o que foi aquilo? Aliás posso saber o seu nome?!- eu disse com raiva.
-Meu nome é Ramon. Srta. Sten? Como me da a honra de conhecê-la?- ciúmes pairava nos seus olhos coberto pela raiva que ele demonstrava. Eu respirei fundo e segurei seu rosto com as mãos o beijando suavemente, seu corpo relaxou e eu disse:
-Ramon. Você é o meu homem?- ele me olhou com os olhos brilhando
-Sim, o seu homem. E você é minha mulher! Somente minha.
-Sim, somente sua.
-Não posso ficar com você, mas agora que está aqui não consigo mais estar longe. Sua segurança é o mais importante pra mim, mas o meu amor ainda assim é mais forte. Eu não consigo ficar longe. Eu não quero ficar longe.
-Não fique. Eu preciso de você.- eu disse e ele me agarrou pelos quadris me segurando e eu imediatamente passei as pernas por sua cintura, ele me beijou forte, com sua língua incansável em minha boca, eu retribui. Desejava muito aquele homem. Ele parou e me olhou com o mesmo desejo.
-Precisamos sair daqui.- ele me colocou no chão, agarrou minha mão e me levou para fora do hospital.
25 minutos depois estávamos no meu quarto, uma chuva constante sondava as ruas. Era perfeito.
Estávamos deitados na cama, ele por cima de mim tirando minha blusa, com beijos incontroláveis e incansáveis e por alguns segundos ele parou, como se algo ruim fosse acontecer, me olhou novamente preocupado e ouvimos um barulho vindo da cozinha.
-Não é nada- eu disse e o beijei novamente, ele retribuiu. Então o barulho veio outra vez. Ah não, isso só poderia ser brincadeira.
-Fique ai, vou olhar o que está acontecendo.
-Não. Por favor, não me deixe.- tinha medo que acontecesse algo com ele.
-Não se preocupe minha menina. Estarei em alguns momentos aqui.- eu fechei os olhos respirando fundo, quando ele desceu as escadas. Alguns segundos depois ele voltou com um bilhete na mão, me mostrando: "Cuidado com quem você passa o seu tempo."
O que diabos esse homem queria?
-Eu tenho que sair daqui, só ponho você em mais perigo.- ele disse com uma voz de arrependimento.
-Não me deixe, por favor. Não me sinto segura sem você.- ele me olhou e sua posição firme quebrou. Ele então deitou ao meu lado. Eu sabia que tinha um grande efeito sobre ele, porque ele causava o mesmo efeito sobre mim.
-Eu a amo Carrie. Sempre amarei! Não deixarei nada te acontecer, eu prometo.- sua sinceridade só me fez se aconchegar ainda mais em seu peito, onde posicionei minha cabeça e o alisava com minhas unhas. Eu sabia o que sentia por ele. E estava além das minhas explicações.
-Eu te amo Ramon.
Após isso a escuridão nos enjalou.
*hevend: nome do hospital.

Universo paraleloOnde histórias criam vida. Descubra agora