Capítulo 14

24 0 0
                                    

Acordei e fiquei observando Danny dormir, seu cabelo bagunçado dava um charme a mais, contrastando com a sua pele amarelada e definida, seus lábios entreabertos o faziam tão calmo, cheio de paz, não podia dizer se ele estava feliz ou não, mas tínhamos um longo caminho a fazer, e aquela paz logo cessaria.
O dia ainda estava nascendo, eu tinha tempo para pensar sobre meus erros e o que tinha me levado a fazer o que fiz, a criar essa dimensão do mundo.
As pessoas sempre tiveram esse desejo de viver para sempre, está arraigado em seus corações desde o momento que entendem o que é a vida, e agora que eu havia dado eles me odiavam.
Eu entendo o porque, mas não me vejo causando mortes, dor e sofrimento. Eu não era assim antes, e não seria agora.
Essa era única certeza que eu tinha do meu passado.
Ainda havia muita confusão na minha mente.. Se eu criei este lugar, por que permiti que Danny viesse para me proteger? Isso não fazia sentindo nenhum! E se fosse Ramon? Bom, ele disse que o objetivo dele sempre foi me proteger, mas depois do que houve não acho que isso seria verdade, talvez fosse tudo parte do plano dele. Ele me teria como uma peça principal no seu tabuleiro. Mas Ramon estava sempre comigo, como poderia ter sido ele?
Não saber o passado era uma catástrofe! Eu não confiava em ninguém, mas havia coisas que não estavam fazendo sentido. Ramon e Clary sempre iriam me proteger, Clary era minha melhor amiga por isso me conhecia tão bem.
O que será que ela e Ramon tinham?! Isso não saia da minha mente, e dessa vez não é porque eu tinha ciúmes, eu estava colocando a prova o que restava da minha confiança neles.
Clary.. Ela disse que eu criei este lugar, mas só havia uma resposta para isso. Não havia sido eu, porque se eu criei isto, como eu mesma vim parar aqui? Como deixe Danny se sacrificar por mim ou Ramon? E Clary afirmou que eu criei isso. E só havia um motivo pra isso, ela havia dado aos lobos sua presa, mas mal sabiam as pessoas, que a própria alimentadora era quem os caçava.
Estar naquele lugar nunca foi uma opção para nenhum de nós, fomos forçados.
Nas minhas lembranças eu parecia ver um homem, de olhos verdes, mas não era um homem, todo esse tempo foi Clary, ela tinha um longo disfarce e pelo jeito, era uma ótima jogadora.
Mas por que? Por que nós?! Parecia que eu conhecia a todos ali, todos faziam de algum modo parte do meu círculo familiar ou de amizade, eu não entendia.
Quem era o homem que me deu o relógio? Por que ele me deu? Como ele sabia que tinha que dar a mim? Aaaargh como eu odiava ter essas perguntas incansáveis sem resposta.
Será que Danny sabia esse tempo todo que não havia sido eu a culpada e mesmo assim me deixou acreditar nisso? Será que ele conhecia a pessoa que me deu o relógio?
O pôr do sol estava aparecendo e eu mal esperava para que sua rota perfeita concluísse, havia muitas coisas que eu precisava descobrir.
Danny estava debruçado sobre a cama, se esticando, eu estava impaciente e minha cabeça latejava, ele me olhou preocupado, ele realmente me conhecia.
-Bom dia anjo, aconteceu alguma coisa?- seus olhos me fitavam esperando alguma reação.
-Nada demais, só preciso de algumas respostas antes de saírmos.
-Tudo bem.- ele se sentou sobre o colchão esperando que as palavras brotassem da minha boca.
-Você sabia que eu não havia criado esse lugar?- observei seus olhos azuis se desviarem de mim com certa cautela.
-Hum, pensando bem, acho melhor a gente comer primeiro não?
-Danny!- ele deu um longo suspiro e voltou o olhar para mim.
-Sim Carrie, eu sabia.
-E por que Danny? Por que você me fez acreditar que eu era a culpada disso? Me senti como uma assassina, alguém que eu pensei que eu nunca pudesse ser de fato, e isso estava me corroendo e você apenas nunca negou que isso não era verdade. Me deixou acreditar nas mentiras da Clary, sendo que ela só queria alguém para culpar. Você o que? Tem alguma coisa com ela? Um caso a parte, ou é um espião dela? Vocês trabalham juntos? Você! Era a única pessoa que eu pensei que pudesse acreditar e agora você não está me dando muitas opções para isso. E eu nem sequer sei como simplesmente vim parar aqui ou quem é o homem do relógio, como ele sabia que daria a mim exatamente e por que EU para tudo isso. E não Danny, não estou histérica! Isso é apenas resultado de tudo que estamos vivendo!- falei apontando para tudo em volta.
-Eu não disse nada porque eu sabia que você descobriria por si mesma, você sempre soube, só não estava pronta para adimitir e nem tinha conclusões certas. E sobre Clary é uma ótima hipótese!- ele me olhou friamente, uma camada de gelo cobria os sentimentos de seus olhos, parecia ter sido a vida toda treinado para isso.- mas uma coisa que você nunca pode duvidar é sobre o que eu faria por você, ou o que deixaria de fazer só pra te manter viva.- ele se levantou pisando duro sobre o chão gelado, me deixando encarar as paredes de madeira e me deitei olhando para o revestimento no teto. Eu sabia que ele havia ficado chateado por acusá-lo de coisas que talvez nunca houvessem passado em sua própria cabeça. Mas ele também precisava entender que eu não podia confiar em ninguém. O frio ultrapassava meu casaco e fazia os pelos das minhas costas se arrepiarem.
Me levantei e vi Danny sem camisa na pia da cozinha com uma xícara de café, relaxado contra a estrutura fria me observando. Andei em sua direção sem pensar muito no que estava fazendo, ele recuou um pouco, agora parecendo de fato um pouco magoado.
-Podemos ir?- eu queria apenas me jogar em seus braços e poder sentir o calor do seu corpo vibrar sobre mim como todas as vezes que eu o tocava. Ele me encarou por alguns minutos avançando um pouco em minha direção até ficarmos perto o suficiente para o meu nariz tocar o seu. E eu segurei a sensação de tentar agarrá-lo, porque eu sabia que era o que ele queria.
-Mas é claro, só um pergunta.- ele não desviou o olhar enquanto se afastava e eu consegui respirar enquanto ele se vestia.- você vai assim?- ele parou seus olhos em minhas pernas um pouco demais, percebi que estava apenas com um short e uma regata que tinha botado antes de dormimos na noite anterior.
Ele não esperou que eu respondesse e saiu, esperei que ele saisse do quarto para me trocar, ele deixava a porta aberta porque não fazia questão de forma alguma, então esperei do outro lado e alguns segundos depois ele tinha saído, estava com uma jaqueta preta e por dentro uma camisa azul marinho, a calça preta pendia em seu quadril da forma que apenas ele conseguia e o mesmo tênis de sempre estava em seus pés. Ele sabia que eu estava o observando mas não falou nada.
Coloquei os braços em torno dos meus seios de repente me sentindo nua, e passei por ele tentando não esbarrar e mesmo assim conseguia sentir a vibração dos nossos corpos nos puxando. Entrei e peguei uma camisa esverdeada, uma calça preta que ele havia trazido na mala e uma jaqueta pequena preta, fechando até os seios. Eu me sentia estranha mas a roupa se ajustava a meu corpo, coloquei os tênis e caminhei até a porta. Queria perguntar onde ele havia conseguindo as roupas, mas achei melhor evitar falar qualquer coisa já que ele estava quase me estrangulando com olhar.
-Pronta?
-Sempre estou.- passei por ele esbarrando intencionalmente. Ele não esperou mais nada e me virou me puxando com força pela jaqueta eu tentei levantar meu braço para batê-lo e ele segurou com a rapidez que só o próprio Danny teria e me puxou para ainda mais perto me beijando com força como se não houvesse feito isso a anos, como se a necessidade o consumisse a tanto tempo que se a pequena camada de ar passasse por nós atrapalharia. O beijei de volta com a mesma força e ouvi um gemido baixo vindo dele. Ele me soltou ofegante demais para falar e segurou minha mão para saírmos.
-Você pode duvidar de mim o quanto quiser Carrie, mas nunca duvide do que eu sinto por você.- foi a única coisa que ele falou e saímos.

Universo paraleloOnde histórias criam vida. Descubra agora