Haviam se passado várias horas e estávamos ao redor de uma fogueira para nos proteger contra o frio e animais que podessem aparecer, mesmo que nós tivéssemos a casa isso os afastaria. Eu estava com tanta sede que parecia que não havia mais saliva em minha boca, e talvez realmente não houvesse.
Danny estava me olhando, e por trás das chamas seus olhos azuis tinham um toque de matar, sua pele amarelada escurecia e os olhos brilhavam em contraste, era uma cena deslumbrante para se adimirar. Ele me encarava de uma forma pacífica e desejante e em momento algum desviou o olhar, eu já estava ficando vermelha então resolvi olhar para outro lugar. O céu estava maravilhoso, era lua cheia e as nuvens estavam aparecendo cinzas, muitas estrelas brilhavam iluminando a escuridão da noite. Se não fosse pela fome e sede que me corroíam eu podia dizer que essa era uma daquelas noites perfeitas.
Danny se levantou, ele estava com a mesma roupa do dia anterior, como eu. Caminhou em minha direção e disse:
-Me da a honra?- ele disse e me deu a mão, peguei sem pensar duas vezes e ele me levantou. Caminhamos um pouco mais para perto da casa, a fogueira ainda estava próxima. Tinha um pouco de grama recém aparada e com toda certeza alguém morava ali.. Ele deitou e fez um movimento com a mão para que eu me deitasse também. Deitei ao lado dele e ele segurou minha mão, aquela vibração passou por todo o meu corpo, e o dele respondeu da mesma forma.
-Sente isso?- ele perguntou sem me olhar.
-Sim- respondi como um suspiro. Ele virou de lado e me encarou. Uma mexa do meu cabelo estava em minha buxexa e ele com a maior quantidade possível de cuidado tocou os dedos em minha buxexa colocando a mexa atrás de minha orelha. Seus olhos dilataram e senti meu coração acelerar tanto quanto a primeira vez que beijei Ramon. Ele se apoiou com um braço e estava inclinado para me beijar, já estava perto o suficiente, quando eu virei o rosto e ele beijou minha buxexa. E mesmo que aquele beijo fosse simples todo o meu corpo respondeu pedindo mais. Mas eu não estava pronta para isso agora.
Ele olhou com olhos de súplica e magoa que fizeram meu coração afundar.
-Desculpe, prometo que não farei mais isso.
-Por favor não se desculpe.- Seu pedido só fez minha vontade de chorar aumentar, segurei sua mão a beijando. E coloquei minha cabeça em seu peito, a vibração estava ali de novo e era tão fácil adormecer. Ele passou seus braços ao redor de mim e eu conseguia sentir sua musculutura inacreditavelmente forte me segurando. Realmente era seguro estar com ele, olhei para o céu pela última vez e me permitir sonhar.
Acordei e eu estava na cama armada ainda era cedo, o sol estava nascendo por trás das árvores e Danny não estava comigo, ele estava lá fora enrolado, estava muito frio e ele percebeu que eu acordei, porque olhou em minha direção e eu estava caminhando para sentar ao seu lado, acho que ele ainda estava magoado mas não disse nada. Sentei ao seu lado e ele deu um sorriso disfarçando a magoa em seus olhos, me senti culpada.. Olhei para meu pulso e vi a marca X, e fiquei me perguntando o que significava, peguei o braço dele e ele tinha a mesma marca. O X demarcado e a pele ainda avermelhada como a minha.
-Você sabe como ou por que temos isso?- ele olhou pra mim inseguro e eu não sabia dizer o que ele estava pensando..
-Na verdade eu não sei, mas suponho que seja uma marca para saberem se conseguimos sobreviver ou não para chegar aqui.- eu estava com tanta fome que podia comer uns 12 ovos e beber 2 litros de água. Estava querendo ficar tonta, o clima frio queimava minha pele..
-Preciso perguntar. Que amigo avisou que eu estaria naquele lugar?
-Ele me avisou onde eu poderia te encontrar mas não disse onde.. Nesse lugar nada passa dispercebido, se você fala demais, pessoas demais sabem o que não devem.
-Mas quem?
-Wilton, ele trouxe você para que ficasse segura..
-Wilton?! Mas e o Ramon? Onde ele está?! Como você o conhece?- se não havia sido Wilton o estrupador havia mentido. Oh Ramon não, por favor!- Ainda vamos buscar Ramon?
-Ele é meu primo Carrie. Ramon não gosta dele porque antigamente quando eu ainda estava com você Wilton queria ter você também. E Ramon sabia, mas ele sabia também que se você não fosse minha, não seria do Wilton. Não sei se podemos confiar em Ramon agora, mas nós vamos tentar.- estava tudo muito confuso pra mim.
-Como vocês lembram dessas coisas?
-Nem mesmo o tempo ou injeções podem apagar lembranças assim. Elas voltam, sempre voltam.
-Mas você acredita mesmo que Ramon faria isso?
-Eu não sei mais em que acreditar. Além disso saberemos logo.
-Então vamos começar.
-Começar?
-O meu treinamento, já estou a quase dois dias sem comer e beber água. Preciso logo vencer você.- um sorriso intimidador dele veio a tona e ele se levantou deixando o cobertor de lado e retirando a camisa, os músculos do seu abdômen eram definidos. Santo Deus, como ia me concentrar na luta assim?!
-Não pode vestir a camisa?- perguntei não transparecendo nada.- ainda está frio, não quero que fique com hipotermia.- ele gargalhou com minha desculpa idiota.
-Não, já já o calor virá.- o céus. Como se não bastasse, ele ainda ficaria com o corpo escultural suado na minha frente. Que luta..
-Okay ne. Vamos lá.- ele deu um passo para trás esperando que eu fosse em sua direção, mas fiquei esperando que ele viesse, acho que se ele cansasse antes de mim seria mais fácil acertá-lo, e se ele desse os primeiros golpes eu desviaria, e polparia tempo.
-O que está esperando Carrie? Venha!- ele disse sorrindo.
-Esperando você vir. Não sou tão idiota..- O sorriso permaneceu em seu rosto, mas ele abaixou a cabeça e em seguida a levantou, seus olhos transpareciam raiva e intimidação. Ele com certeza queria me deixar com medo, algo que de fato não me afetava quando se tratava dele.
-Antes de tudo. Porque estamos em 2065??
-Porque vivemos no futuro srta. Carrie.- ele avanço e como da outra vez deu um golpe no meu rosto, me fazendo cair e uma parte do meu lábio inferior sangrar. Continuei no chão vendo onde ele estava, e ele continuava vindo na minha direção, quando chegou bem perto, usei a força que me restava e dei uma rasteira fazendo as pernas dele bambiarem, ele era muito forte. Com isso empurrei meus pés em seus joelhos fazendo ele cair de bunda no chão, me levantei antes que ele podesse fazer qualquer coisa e segurei ele pelo pescoço.
-Não está me deixando vencer está? Porque estou realmente achando isso muito fácil para alguém como você.
-Ainda bem que percebeu.- ele me puxou por cima de sua cabeça fazendo eu derrapar a sua frente, a pancada fez minha cabeça girar. Ele se levantou e me deu a mão para me ajudar a levantar, segurei e logo quando me levantei girei seu braço fazendo ele gritar com a dor ele estava com as pernas amolecidas então chutei a parte inferior dos seus joelhos com força fazendo ele cair, segurei seus braços atrás de sua cabeça para que ele não podesse se movimentar e com minhas pernas seugurei as suas.
-O que vai fazer agora sr. Danny?- ele sorriu como se estivesse orgulhoso, eu estava bem tonta a essas alturas.
-Parece que tivemos um grande avanço, você ama ataques surpresa.
-Você não faz ideia.- falei encostando a boca em seu ouvido e percebi que os pelos de sua vértebra se arrepiaram, sorri vitoriosa. E ele sorriu logo em seguida. Soltei ele, seu corpo suado estava me deixando mais ansiosa do que eu devia.
-E agora onde eu bebo água?- ele entrou em casa e quando saiu estava com uma garrafa térmica do mesmo tamanho da outra e jogou para mim. A sensação da água na minha boca quase me fez gemer, era muito bom te-la novamente.
Agora precisava comer.
-O que tem pra comer?
-Carne, salada e algumas frutas. Venha, eu vou te dar.
Estávamos sentados a mesa, eu havia terminado a minha refeição. Mais não minhas dúvidas.
-Se vocês podem viver eternamente aqui... por que esse lugar é um inferno?
-Olha Carrie. Já morreram várias pessoas aqui, pessoas que conseguem passar mas não sobreviver, o corpo fica fraco e as reações alérgicas de alguns matam, para os familiares de alguns isso realmente significa guerra. E uma já aconteceu.
-Já ouve uma guerra aqui?! Por minha culpa? Por eu ter criado este lugar?!
-Foi a algum tempo.. Nash era um pedófilo e estrupador mesmo antes de chegar aqui. Mas ele tinha uma filha na qual a mãe tinha sido uma de suas vítimas. E ele amava essa mulher, mas amava muito mais a filha e como ela havia vindo ao mundo, ele é um psicopata que tudo que é criado por ele do jeito que ele acha ser certo tem que ser respeitado. E essa menina era um fruto que ele mesmo tinha feito com a própria imundice, e ele a amava por isso. Ele foi trazido aqui e sua "familia" também, mas a garota era fraca e não resistiu as injeções fortes que deram para ela estar aqui, a mãe dela conseguiu sobreviver mas se matou pela vida infeliz, depois disso ele tinha ódio de todos e tudo e estava disposto a matar quem quer que tivesse criado este mundo, ou dimensão, não sei. Ele matou várias pessoas inocentes e uma guerra começou, cada família queria a própria vingança contra ele e outros contra quem havia criado isso. A mulher da lanchonete se juntou a ele, o nome dela é Tinna. Ela perdeu o pai, ele começou a ficar paraplégico aos poucos e babar, seu rostou começou a ficar deformado, foi uma das piores mortes. As pessoas estavam matando umas as outras. Mas eles pararam e se uniram, disseram que colocariam câmeras de monitoramento para descobrir quem havia os colocado aqui, e se a pessoa estivesse aqui eles saberiam. E a caçariam de qualquer jeito, para mata-la e as fazerem voltar daqui, por bem ou por mal.- eu estava chocada com minha própria idiotice de ter criado isso seja lá o que fosse, eu realmente queria me matar ou me entregar ou achar uma solução para tirá-los daqui. Tudo isso era culpa minha e eu sabia que eles não estavam errados. Eu havia começado e eu iria terminar.
-Preciso fazer algo quanto a isso Danny. Coloquei todas essas pessoas aqui e elas morreram e não sei porque fiz isso e nem o que eu estava pensando mas não vou deixar que mais pessoas morram por minha culpa e nem que sofram pelo que eu criei. Preciso achar uma saída para todos nós.
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Universo paralelo
Mistério / SuspenseSinopse: Eu não tinha uma noção de tempo, muito menos de onde estava. A escuridão parecia mais uma estrada na minha mente confusa, eu me lembrava das últimas 24 horas e me lembrava de um homem que tinha brilho no olhar quando falava comigo. Mas não...