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· Laura
*Quinta feira, 12:32.

- então.. sabe o Dinho? Então né, ele 'tá me ignorando desde aquele dia que eu saí com o Júlio. - eu digo para Paula, fomos tomar café juntas já que nós não se vemos muito. - eu não sei por que ele tá assim.. - eu apoio minha mão no meu queixo.

- ele pode.. ter visto você e o Júlio né. - ela diz e eu encaro ela incrédula. - que? É verdade. - ela toma um pouco do seu refri e eu reviro os olhos.

- tá louca? Imagina, mal voltei a falar com o Júlio, aconteceu tudo isso e ele ainda vê antes de eu ter contado, isso 'tá me deixando nervosa viu.. odeio fazer as coisas escondida.

- é normal, do jeito que ele é enxerido deve ter achado alguma coisa ai, ou ele só não tá num dia bom mesmo.

- a dois dias? Acho que não. - eu suspiro forte. - ainda o Júlio falando pra eu pensar em tudo.

- você tem que pensar em você agora, não o que o Júlio quer ou não quer, ele pode esperar, tem que ver com seu irmão primeiro.

- essa vida de gaiteiro não é fácil, melhor seria se eu fosse rica, aí não ia precisar trabalhar. - eu digo e ela me olha confusa.

- hm, Que que tem a ver? E tu pelo menos sabe o que é gaiteiro? - ela da um sorrisinho.

- deixa eu falar qualquer besteira vai.. mas me conta. - eu olho para ela. - e a Eduarda? Não falou mais nada?

Ela ri e eu encaro a mesma séria.

- olha, pelo que eu saiba não..

- hm.. vamo' vê se ela vai deixar o Júlio em paz um pouco.

- ó o ciúmes ai. - ela sorri e eu dou um sorrisinho fraco.

- pior que é.. ainda tenho um receio né, vai que..

- para de pensar o pior! - a mesma resmunga. - você e o Júlio são.. "feitos um pro outro" né, que brega. - ela sorri e brinca com o palitinho de dente.

- talvez né.. eu sou emocionada por mais que não pareça. - eu passo a mão na testa. - uma hora eu já penso em eu contando pro Dinho, depois a gente namorando, e depois vai indo né.. eu coloco expectativa de mais.

- mas eu acho que pelo menos com o Júlio você não precisa se preocupar.. ele é "apaixonadasso" em você, e você nele pelo menos que eu saiba.

- claro que eu sou.. - eu desvio o olhar e dou um sorrisinho tímido e fico em silêncio por uns segundos. - eu tenho medo de não dar certo, eu sei que se depender dele vai ser tudo mil maravilhas mas ele não me conhece por completo.

- vai dar certo, se vocês dois fazerem por onde vai dar sim, vai ficar tudo bem, não se preocupa com isso. - ela sorri e se levanta. - só vou pagar e já vou... 'cê não vai comer nada?

- até esqueci, agora não dá mais tempo. - eu sorrio sem graça e ela revira os olhos.

- faz favor de quando chegar em casa comer. - ela diz e eu aceno, e ela vai no balcão pagar.

Eu passo a mão no rosto e me levanto também, e logo ela volta.

- se preocupa com o importante agora. - ela diz e eu coloco o braço por volta do dela e nós andamos até a saída.

- tentar. - eu logo solto o braço dela e abraço a mesma. - se cuida.

- você também. - ela retribui o abraço. - tchau.

- tchau Paula. - eu solto o abraço e dou um sorrisinho, e vou para o lado oposto dela, indo para  o trabalho.

Depois de longas horas de trabalho, perdi o ônibus e tive que voltar apé, e quando eu normalmente deveria chegar cinco horas em casa eu cheguei cinco e cinquenta.

Eu falo com a minha mãe e meu pai e vou até o quarto, abro a porta e vejo o Dinho.

- oi Dinho.. - eu suspiro e fecho a porta, e ele acena sem olhar para mim. - que foi?

- nada, hm. - ele franze o cenho.

Eu passo a mão na testa e me sento na cama, e ele olha para mim e eu me encosto na parede e fecho os olhos.

- tá tudo bem?

- tá, por que não estaria? - ele diz e se mexe.

- hm... tá bom. - eu abro os olhos e vejo ele, e o mesmo me olha de volta. - eu não quero ter que insistir, mas eu 'tô cansada e se continuar assim eu vou surtar, o que aconteceu?

- não aconteceu nada Laura, eu já disse. - ele franze o cenho novamente.

- e por que você 'tá assim? - eu encaro ele e o mesmo fica em silêncio.

- não é só você que 'tá cansada, tá?

- 'tava difícil falar? - eu reviro os olhos e ele bufa. - Dinho..

- que? - ele me encara.

- tenho que falar com você. - eu suspiro e começo a mexer no meu brinco.

- diga.

- é sério. - ele respira fundo e se ajeita. - é sobre o Júlio.

Ele desvia o olhar.

- pode dizer.

- uhm.. eu queria ter te contado antes, mas isso 'tá me deixando tão confusa que... Tsc, enfim, eu 'tô ficando com o Júlio.. - eu olho para ele e o mesmo fica em silêncio, ainda desviando o olhar. - eu gosto dele faz tempo, na verdade eu acho que sempre gostei... Tem uma coisa diferente, é tão bom.. - eu deixo escapar uma risada fraca. - faz tempo que eu não sentia as coisas que eu 'tô sentindo agora, e eu não sei se vai dar certo, se é realmente pra' ser, mas eu queria te contar..

Nós ficamos em silêncio por um instante, eu me sentindo nervosa como se meu coração fosse sair pela boca.

- eu já sabia. - ele diz e eu arregalo os olhos e olho para o mesmo- mas até a parte que você 'tá ficando com ele! Eu.. eu vi vocês aquele dia lá, eu queria que você tivesse me contado antes...

- eu tive medo, tipo, é o Júlio.

- 'tá, mas pelo menos você me contou. - ele vem até mim e me abraça, e eu solto o ar que eu nem sabia que estava guardado, aliviada. - se ele te fizer chorar eu quebro a cara dele. - ele solta o abraço e me olha.

- 'tá 'tá. - eu sorrio fraco e abraço ele de volta.

Quebra de tempo

Logo depois de eu sair do quarto de pijama, se é que eu posso chamar isso de pijama, meu pai me chama na cozinha.

- Laura, a Paula quer falar com você aqui.

Eu vou andando e beijo a bochecha dele.

- boa noite, e ela disse que é urgente viu.

- tá bom, obrigado. - eu pego o telefone.

- Laura?

- oi, diga. - eu me encosto no balcão e bocejo.

- 'cê nem sabe.

- não mesmo, fala.

- o encosto, quer dizer.. a Eduarda veio aqui. - eu ouço ela bufando do outro lado da linha.

- que? O que ela foi fazer ai?

- olha, não sei, mas eu sei que ela e o Júlio sairam pra conversar.

Eu sinto uma pontada de ciúmes e franzo a sombrancelha.

- 'tá, obrigado.

- Laura, tá tudo.. - ela diz, mas antes de terminar eu coloco o telefone no encaixe e vou para o quarto, frustrada, com um turbilhão de pensamentos.

Eu me deito na cama, Dinho já dormindo, e aperto o travesseiro, com raiva.

- o que que ela foi fazer lá?! Até uns dias atrás nem lembrava da existência dele. - eu penso e passo a mão no rosto.

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Um capítulo curtinho aí bbs.

Escrito: 31?/06/24
Postado: 18/07/24

Ai Amor - Júlio Rasec Onde histórias criam vida. Descubra agora