13. Palavras Dolorosas e Exaustão.

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  De manhã, antes das cinco, o casal levantou e pegou suas mochilas. Era hora de dar uma bebida batizada que faria Alice dormir como um anjo.

  Amanda foi acordar a menina enquanto Brandon preparava um copo de suco de laranja, colocando dentro um pozinho branco muito conhecido no mundo dos sequestros, já que a vítima apaga por horas e fica fraca por um bom tempo mesmo depois de acordada.

  Lentamente Amanda se aproximou mas a sutileza não seria algo que ela daria logo de manhã. Com um tapa na cara Alice acordou assustada.

—"Bom dia peste, tá pronta pra sumir da nossa vida? Hahahahah! Mas antes vou te dar uma lição que não vais esquecer, Alice Hernándes."

—"O que... o que vai fazer comigo?... porque me odeia tanto?... POR QUE?"

—"Ora, por que eu contaria sua praga? Você nem tinha tamanho pra lembrar do que fez... é um estorvo desde que nasceu e já chegou trazendo desgraça pra minha vida!"

—"Eu tenho direito de saber... por favor... me diga, o que eu fiz? Você vai me vender né? Nunca mais vai me ver então conta logo" — Alice gritava com raiva cansada de ser maltratada sem nem saber o porquê.

—"Já que insiste... Era 2008, seu pai, um grande homem morreu por sua culpa sua desgraçada. Você insistiu tanto pra ele ir comprar um maldito brinquedo e ele morreu antes mesmo de chegar na loja... tá feliz? Agora sabe que é realmente um peso pra mim, seus irmãos não compartilham o mesmo sangue que você, e mesmo assim são tão ridículos quanto você! Você não tinha nem quatro anos e foi responsável pela morte do meu marido... eu nunca te amei garota!"

  Alice ficou em choque, foi muita coisa de uma vez e Amanda não se preocupou em contar algo tão intenso com tanta crueldade.

—"Agora você vai embora de nossas vidas pra sempre... sua praga" -desferiu mais um tapa na menina.

—"Mas... não foi culpa minha... você tinha dito que o acidente... que tinha sido a chuva..."

  Alice mal conseguia associar o que lhe foi dito. Brandon entrou no quarto segurando o suco alterado e com um sorriso malicioso.

—"E você acreditou, bonequinha?! Tolinha você né? Agora bebe isso, temos que sair."

—"O que é isso? Sair pra onde?"

—"Só beba, ou quer falar com meu cinto novamente?"

  Sem escolha e depois de tentar recusar, Alice teve o suco quase que enfiado em sua garganta. Em poucos segundos, a menina apagou no chão.

  Rapidamente Brandon a pegou junto com as mochilas do casal e eles foram com o escuro da madrugada pro local indicado. Não demorou pra avistarem os carros os esperando. Alice foi entregue aos homens e colocada em um dos carros, o casal foi em outro e rapidamente seguiram na estrada.

  Tudo estava como o planejado, os documentos no carro, o acesso às contas estrangeiras onde estava o dinheiro e até trocaram de roupa no veículo. A menina estava completamente apagada até que os homens que estavam nos bancos da frente a ouviram tossir. Depois de alertar esse detalhe ao chefe da missão, ou seja o homem rico que comprou Alice, eles foram ordenados a amarrar a menina e deixar ela quieta no banco de trás porém sem um único arranhão.

  Imediatamente um dos capangas abriu a boca, por estranhar o pedido do chefe já que arranhões eram os hematomas mais leves no corpo da menina.

—"O que? Mande-me fotos dela, AGORA! Não acredito que tentaram me enganar... Malditos!" -desligou a ligação.

  O combinado foi que Alice chegaria até ele sem marcas além do pé machucado, que com certeza iria melhorar logo. Aquilo enfureceu Hector, o comprador misterioso que logo entrou em contato com os capangas do carro do casal pedindo pra eles darem uma lição bem "leve" pra aprenderem a respeitar autoridade.

  A rota foi mudada, não estavam mais indo pro aeroporto como o carro que levava Alice, a ficha dos dois caiu quando armas foram apontadas pras suas testas.

—"Tentando enganar o Gran Hector? Que coragem, né? Vão aproveitar a estadia lá no inferno enquanto ele aproveita aquela ninfetinha de graça!"

  Os dois gelaram na hora. Não iriam reagir e estavam aterrorizados. As posturas marcantes e exibidas deram lugar a duas pessoas medrosas implorando pela vida, e por um perdão.

  Eles foram levados a um galpão, e lá estava ele, Gran Hector, por chamada de vídeo em um notebook. Ele sorriu e ordenou que eles fossem espancados. Ali tinham mais de dez capangas, e Hector não deixaria essa afronta barato.

  Foram horas de estupro, chutes, tiros nos pés e mãos, E todo tipo de tortura. Pra tristeza de Hector o local foi invadido por policiais mas já era tarde. Eles tinham o casal com eles, mas Hector tinha uma princesinha chegando ao helicóptero que estava parado esperando por ela. Obviamente a história de aeroporto era mentira.

  Brandon estava entre a vida e a morte, Amanda já foi encontrada sem vida no local. Os dois foram levados dali e Brandon passou por interrogatório. Acabou cedendo a pressão e começou a contar todos os crimes que cometeu com sua mulher, inclusive sobre Alice estar prestes a ser levada por um chefe de máfia de identidade desconhecida, porém usava o codinome Gran Hector.

[...]

  Alice estava acordada e amarrada no carro sendo conduzida sem nem saber pra onde. O desespero a consumia, o medo e vontade de se defender eram grandes mas ela sabia que os capangas estavam armados.

—"Por favor... me soltem... eu não fiz nada... porque... porque estão fazendo isso... quem mandou? Foi o Brandon?"

—"Conhece o Gran Hector? Ele te comprou e agora você vai ser a princesa dele. Você não tem escolha então espero que goste de usar vestidos" -debocharam e voltaram a conversar ignorando Alice.

  O pânico era visível no rosto da menina. Ela estava cansada de lutar e só tinha aguentado esse tempo todo pela esperança de ter uma família de verdade. As palavras duras de sua mãe sobre a morte de seu pai a fez chorar. Era sempre lutar pra viver e sorrir... as vezes cansa né?

  Sentindo medo e exausta ela apenas deitou no banco do carro. Estava tudo trancado e os homens estavam armados, não adiantava reagir. As lágrimas caiam a medida que sua respiração ficava cada vez mais fraca, até que desmaiou.

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