45. Tirar o gesso e planejar.

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   Se passaram dois meses desde que Alice colocou o gesso então era finalmente o dia de tirar. Ela acordou de ótimo humor e foi direto pro quarto de suas mães já arrumada. As duas estavam esparramadas na cama de pijama e completamente adormecidas.

Roupa da alice: (sem óculos.)

  Alice se aproximou devagar e subiu na cama ficando de pé entre as mães

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  Alice se aproximou devagar e subiu na cama ficando de pé entre as mães. Ela contou até três e começou a pular enquanto cantarolava uma canção de bom dia. Sam foi a primeira a acordar e estava um pouco irritada, até perceber que a menina estava pulando. A mãe mais velha se levantou e puxou a menina rapidamente para que sentasse na cama.

—"Filha hoje é o dia de tirar o gesso, eu sei que tá alegre mas se tu cair dessa altura pode acontecer coisa pior!" — Sam foi firme, mas abraçou a menina com força. —"Sem pular na cama, certo?"

—"Uhum, Acordamos a mamãe Mon agora?"

  Mon se mecheu virando pras duas.

—"Já tô acordada, mas ainda tá cedo, vamos devagar." — bocejou e se juntou ao abraço.

[...]

  Já de café tomado e arrumadas, as três foram pro carro. Alice dessa vez pediu pra ir no banco da frente e Mon foi no de trás enquanto Sam dirigia. O caminho foi bem tranquilo. Estava uma linda manhã de sol e não tinham muitos carros nas ruas.

  Sam estacionou no hospital e foram direto pra sala de Adriana, doutora responsável pelo caso de Alice. Ao ver a doutora, Alice correu pra abraçá-la.

—"Ah finalmente! Achei que tinha gostado do gesso e não iria tirar" — brincou tirando risadas da família enquanto entravam na sala.

—"Eu vou ter que fazer outro raio X?"

—"Vou pedir só pra garantir. Pode se sentar ali mas tira o relógio tá?"

  Alice tirou o relógio e entregou pras mães. O raio X não mostrou nenhuma alteração e realmente estava tudo certo. Na hora da máquina que serraria o gesso, Alice ficou um pouco apreensiva mas suas mães seguraram sua mão livre. Quando o gesso saiu a menina suspirou aliviada.

—"Prontinho, está nova em folha. Mas agora mocinha não quero te ver aqui tão cedo viu? Se sentir saudades da sua doutora favorita pode marcar um passeio em outro lugar"

—"Pode deixar Dri, vamos ficar de olho nessa garota." — Sam disse e abraçou a menor.

  De volta ao carro, Alice estava muito animada, já as mães estavam concentradas conversando sobre a correria desses últimos meses. Enquanto Sam dirigia, Alice estava calma mechendo no celular, mas a Anuntrakul se lembrou de uma coisinha que tinham adiado.

—"E então... acho que temos um aniversário pra planejar!"

—"Sim! E então filha, o que quer na sua festa?" — mon perguntou animada já abrindo o bloco de notas no celular.

  Alice ficou cabisbaixa, até então tinha conseguido adiar a festa por dois meses mas ainda tinha algo que a pequena omitia. Sam ficou preocupada, e Mon foi mais direta.

—"Alice o que foi? Seu aniversário já passou mas ainda podemos fazer uma festa... você quer nos dizer alguma coisa?"

—"Eu... eu não quero uma festa..."

—"Por que não? Como assim?" — Sam entrou na conversa mas ainda de olho na estrada.

  Alice não respondeu, apenas se acomodou encostando no banco. Em casa ninguém tocou no assunto, pelo menos nas primeiras horas. Sam aproveitou quando Alice subiu pro quarto e foi atrás de Mon na sala. Assim que se aproximou sentou no sofá segurando a mão da esposa.

—"Você viu como ela ficou?"

—"Sim... ela tá escondendo alguma coisa. Será que é trauma?"

—"Mon, eu... eu acho que pode ser mais simples que isso. A Alice não teve uma infância normal, lembra? Será que ela já teve festa?"

  Kornkamon parou por alguns instantes. Era um bom palpite mas ainda precisavam confirmar com Alice. As duas subiram as escadas e bateram na porta do quarto da filha antes de finalmente entrar. Alice estava encolhida na cama, jogando no tablet, e se sentou ao ver as duas entrarem.

—"Filha, sua mãe e eu estamos aqui pra tudo o que precisar, inclusive, desabafar... se você não contar não vamos conseguir te ajudar a resolver o problema e pode ter certeza que é muito mais fácil resolvê-los com alguém que amamos do nosso lado..." — Sam disse já sentada na cama, e Mon fez o mesmo deixando Alice entre elas.

  Mon com voz suave e segurando a mão da menina começou a acalmá-la.

—"Você pode nos contar o que quiser... vamos tentar? Hm? Meu anjinho."

—"Anjinho?" — Sam questionou brincando, o que fez Alice rir.

  A menina respirou fundo e finalmente abriu o jogo.

—"Eu nunca tive uma festa de aniversário e não sei como agir... como planejar... eu prefiro evitar, não sei como as festas normais são, então não sinto falta... podemos só ficar aqui?"

  As mães se olharam antes de abraçar a menina. Mon sussurrou que estava feliz por ela ter contado aquilo, e que tudo bem se Alice não quisesse festa, mas pelo menos poderia ver como são antes de decidir.

  Sam pegou seu celular e mostrou vídeos de alguns aniversários que tinha registrado e inclusive um do seu primeiro aniversário em que Mon estava ao seu lado. Elas nem namoravam ainda. Alice sorriu, achou tudo bem divertido, mas no fim dos vídeos a carinha apreensiva voltava. Mon ficou abraçada nela o tempo todo.

—"E então? O que acha de tentar pelo menos idealizar alguma coisa? Daí você decide... mas se-"

—"Eu quero!"

—"ISSO!" — as duas comemoraram dando um high five.

—"Maaas... eu não quero uma festa assim. Prefiro algo mais leve. Tipo um passeio... um dia de lazer sabe?"

—"Tudo bem, o importante é você comemorar!" — Sam correu pra buscar seu ipad e enquanto isso Mon ficou agarradinha na filha. Ela sentia muita saudade desses momentos, desde que Alice saiu do coma ela sempre está demonstrando carinho por toque físico, mas sabe respeitar os limites.

  Alice nunca reclamou e ama receber tanta atenção. As mães fazem isso também por saberem que meninas dessa idade geralmente não são tão grudadas com as mães, preferem passeios no shopping com amigos e namorados, gostam de se aventurar. As duas querem aproveitar o máximo possível, antes de Alice "crescer" pros abraços... rotinas de sono...

[...]

  Foram escolhas bem difíceis, mas no fim deu tudo certo. Seria um dia diferente em que iriam reunir a família e amigos mais próximos pra um almoço, mas com um bolinho. Seria num restaurante beira mar, algo mais livre e leve.

  Já sonolentas elas escolhiam detalhes sobre o bolo, até que Sam e Mon olharam pra filha e perceberam que ela tinha dormido. Aquilo tirou risadas da Anuntrakul, já Kornkamon tentava segurar pra não fazer muito barulho. Elas dormiram ali mesmo, juntinhas e torcendo para que tudo saísse como planejado.

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11, qua, setembro 2024.

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