10. Esperar?

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Hoje fez duas semanas que Alice estava morando no Instituto. Finalmente o casal conseguiu direito de visitar a menina. O processo de adoção estava caminhando bem até então, mas faltava a decisão da menor.

Mon acordou bem cedo e estava sorridente, ela se arrumou mas ao descer as escadas seus semblante mudou ao ver Sam triste olhando a janela.

-"Sam? Querida o que aconteceu?"
-perguntou a mais nova e correu até ela.

-"Ah... nada demais... vamos tomar café?"

-"Sam você não sabe mentir... me conta, por favor?"

A maior cedeu e foram pro sofá. Apesar de ter movido montanhas nesse processo de adoção, Sam queria entender os próprios sentimentos.

-"Mon... não quero mentir pra você, eu não sei se... se eu amo Alice do jeito que você ama... eu gosto dela, é uma garota legal mas, não sei se quero ser mãe dela." -Sam deixou algumas lágrimas rolarem entre as falas.

-"Por que você não me contou isso antes? Somos um casal Sam... isso é... você não quer adotar ela?"

-"Não é isso, eu só... eu só estou com medo, foi tudo muito rápido. Conhecemos ela em uma situação tão estressante... eu gosto dela mas acho que não tenho todo esse amor que você tem, entende?"

Mon abraçou sua esposa enquanto pensava no que ouviu. Sam fez tudo isso pensando na felicidade da Mon e apesar de Alice ser uma menina incrível ela não sabia bem o que sentia.

-"Querida, promete que nunca mais vai esconder seus sentimentos de mim?... podemos confiar uma na outra. Eu entendo que você não queria me machucar mas essa não foi a solução. Agora você é que está machucada meu amor."

-"Eu... eu não quero deixar Alice na rua ou no orfanato, mas se adotarmos ela eu... eu não sei se vou conseguir ver ela como filha..."

-"Tudo bem... podemos resolver isso com terapia... e muita conversa... apenas saiba que você não é obrigada a isso tá?"

-"Vai ser mais fácil se eu adotar junto com você mas... não sei se consigo cuidar dela assim como você quer."

Mon entendeu o que Sam sentia e prometeu que ajudaria a esposa a se entender melhor. Elas agendaram terapia pra ambas as mulheres, tanto de casal como solo. Combinaram que Sam não precisaria se aproximar tanto nos primeiros dias ou até se sentir confortável.

Já eram nove da manhã e as duas perceberam que estavam atrasadas. Tomaram um rápido café e foram pro carro rumo ao Instituto. Sam estava nervosa demais então Mon assumiu o volante.

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Alice Pov's: Fuga!

Acordei cedo esta manhã. Eu estava decidida a fugir desse lugar e não iria perder tempo. Consegui convencer três garotos a me ajudarem, são Tico, Milles e Hugo. Combinamos de nos encontrar no canto do pátio pra descobrirmos o melhor jeito de eu escapar.

Cheguei no lugar e tinham muitas crianças correndo, avistei eles e Hugo acenou pra mim. Corri até eles e Tico tirou um mapa do lugar feito em uma folha de caderno.

-"Como você fez isso?" -perguntei pro menino com traços japoneses.

-"Não me subestime, sou o falcão desse lugar" -ele afirmou brincando e encontramos três caminhos.

O mais confiável era perigoso por que eu teria que pular o muro, que apesar de não ser muito alto, dois metros e meio ainda era muita coisa pra mim. Não tinha escolha então começamos a agir. Os meninos começaram a influenciar as crianças e adolescentes a aprontaram uma rebelião e por serem meios manipuláveis logo tinham gritos e baderna por todo lado.

Hugo ficou comigo e fomos pra o lado traseiro direito do instituto. Logo Tico e Milles chegaram.

-"Alice tem certeza? Quer que algum de nós vá com você?" -milles preocupado perguntou.

-"Eu sei me virar, só... torçam por mim e prometam que vão ficar bem." -nos abraçamos e nos despedimos.

Eles me deram "pezinho" e logo eu consegui ficar sentada no topo do muro. Eu acenei brincando e me preparei pra pular. Depois de vários "boa sorte" eu finalmente pulei.
Não consegui deixar de soltar um grito de dor. Eu caí e ganhei alguns arranhões nas pernas mas meu tornozelo estava me matando.

-"Alice? Tá tudo bem? Vamos aí te ver!" -Tico gritou e eu respondi rápido.

-"Eu vou ficar bem! As aulas de primeiro socorros serviram pra alguma coisa."

Expliquei que tinha me preparado e tinha algumas coisas na minha mochila pra isso, eles jogaram e eu peguei. Logo me afastei dali fazendo o mais próximo que consegui de correr. Só parei quando tive certeza de que estava longe. As ruas eram bem parecidas mas eu vi uma praça cheia de gente então fui sentar na sombra de uma árvore.

Abri minha mochila e nela tinha alguns sanduíches e água além de um tipo de bandagem em faixa e dois pedaços de madeira. Por ter prestado atenção nas aulas de primeiro socorros consegui fazer um tipo de tala e agora meu tornozelo estava "seguro". Só restava encontrar Sam e Mon.... mas como?

Pov's off.
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Mon estacionou e ambas desceram mas logo notaram uma movimentação estranha. Sam segurou a mão da esposa e assim que entraram, Alex as questionou.

-"Vocês duas... rápido, Alice sumiu não sabemos pra onde foi. Vocês tem ideia de onde ela pode ter ido?"

-"Como? Ela não pode ter ido tão longe... Mon fica aqui pra caso ela volte, eu vou procurar de carro por aí"

-"A polícia já foi avisada, é melhor as duas ficarem aqui ou em segurança." -Alex tentou acalmá-las.

-"Eu não posso deixar você ir sozinha... eu vou com você" -mon concluiu e elas correram pro carro e nem se importaram muito com Alex.

As duas dirigiram pelo bairro mas por mais que tentassem parecia uma missão impossível. Alice era muito boa em fugas, mas ela poderia estar em perigo.

Duas horas se passaram e nenhuma delas encontrou nada. Mesmo se dividindo e junto com a polícia, não conseguiram encontrar a garota.

[...]

Mais uma audiência chegou, era nessa que Alice seria ouvida sobre como se sente sobre a adoção, mas ainda estava perdida. As duas foram ao tribunal mesmo assim e lá estavam os advogados e a Dra. Penna vega.

No desenrolar da audiência. A Dra parecia querer que Alice permanecesse no orfanato. Por ela ser assistente social isso pesou bastante. O juiz já tinha se decidido mas continuou fazendo perguntas conhecendo mais sobre as mulheres.

-"Vocês devem saber que uma adoção é algo realmente sério. Portanto quero perguntar mais uma vez... Vocês tem certeza que querem A guarda de Alice?" -perguntou o juiz pronto pra confirmar.

Mon olhou pra sua esposa que respirou fundo e sorriu.

-"Sim, temos certeza. Alice é muito especial pra nós e não vamos desistir de cuidar dela... Custe o que custar!" -ao ouvir Sam dizer, Mon não pode impedir uma lágrima fujona escapar.

Dra. Penna Vega estava prestes a dar mais um de seus boicotes mas a audiência foi encerrada. Só restava esperar que Alice fosse encontrada, e torcer pra ela estar bem. Haveria uma investigação sobre os parentes da menina mas o foco agora era trazer ela de volta.
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Mais Uma Em Nossos CoraçõesOnde histórias criam vida. Descubra agora