41. Pra casa.

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  Sam entrou no banheiro procurando por Mon, foi fácil. ela estava chorando apoiada no balcão. Ao ver a esposa, Sam a abraçou com força, deixando suas lágrimas fluírem juntas.

—"Eu não vou aguentar... eu não vou aguentar... eu preciso dela... da nossa filha..."

—"Calma, vai ficar tudo bem... me conta o que aconteceu..."

—"Quando você saiu eu comecei a conversar com ela, daí... ela disse que tinha medo de voltar pra casa... ela tem medo... medo de nós..." — soluçou antes de se encolher nos braços de Sam.

—"Ela tem medo de mim, acho que de você não tanto... eu me aproximei e ela se protegeu com os braços. Foi difícil ver ela assim e tive que sair pra não chorar na frente dela... Mon, me prometa uma coisa... independente do que acontecer, vamos ficar juntas e nos recuperar... certo?"

—"Certo..." — disse com voz baixa e rouca.

—"Quer que eu te deixe na casa dos seus pais?"

—"Não... eu preciso saber se nossa menina vem com a gente..."

—"Mon, eu não quero que se machuque tanto... peço que pare de se referir a Alice assim, pelo menos tente..."

—"Não diga isso... ela é nossa filha e vai pra casa com a gente, nem que eu tenha que implorar de joelhos!"

  Mon estava fora de controle. Uma crise de choro. Sam teve que sentar com ela num banco que tinha ali no canto do banheiro pra tentar acalmá-la. O choro era alto e ninguém entrou naquele banheiro.

[...]

  Fonseca entrou no hospital em passos apressados, segurando sua maleta e um copo quentinho de café, um macchiato de primeira. Enquanto adentrava ouviu o choro, e reconheceu a voz de Mon então seguiu o som.

  Assim que chegou ao banheiro feminino, bateu na porta e abriu, acenando sem entrar. Ao ver o homem, o casal Anuntrakul levantou e saiu do banheiro.

—"O que raios está-... ah..." — percebeu o desespero e abraçou o casal. —"É a Alice, certo? Vamos, se ela quer me ver precisamos ser rápidos... Mon você precisa se acalmar..."

—"Não consigo... por favor, Fonseca... não deixa ela ir..."

—"Mon, não é uma decisão dele... vem... vamos ali pegar um calmante..." — segurou Mon por trás prendendo seus braços a mantendo em um abraço. —"Sexto andar, quarto 12..." — indicou pro advogado antes de sair dali com a esposa em seu peito.

  Fonseca não perdeu tempo. Entrou no elevador e apertou com força o botão. Apesar de gostar muito da companhia da família, ele não aguentava mais problemas. Queria ver suas amigas em paz com a filha delas. Entrando no quarto ele viu Alice encolhida na cama. Quando se aproximou a menina se encolheu mais.

—"Ei calma... sou eu, o Fonseca... você queria me ver né?"

—"Uhum..." — disse quase em um sussurro enquanto sentava na cama.

  Fonseca puxou a cadeira sentando ao lado da cama e colocando a maleta em seu colo.

—"Não sei o que fazer... tenho medo de voltar e ser abandonada ou machucada de novo, mas não quero ver a Mon e nem a Sam tristes..."

—"Ama muito as duas, né?"

—"Uhum... mas tenho medo... não sei se vão me machucar ou fazer isso de novo..."

—"As duas te amam muito, e estavam aos prantos quando entrei nesse hospital... o medo pode ser resolvido com terapia e muitos cuidados, mas você tem que lembrar que sua decisão não pode ser baseada em "não fazer as duas sofrerem". Me responda, ainda quer ser filha delas?"

Mais Uma Em Nossos CoraçõesOnde histórias criam vida. Descubra agora