Kim Taehyung aprendeu a enfrentar a vida da maneira mais difícil possível. Seu pai partiu quando ele ainda era criança, deixando-o sem referências paternas, e anos depois, ele perdeu sua mãe. Criado por seus dois irmãos mais velhos, ele se via como...
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YIE-JIN
Era a segunda vez na semana que eu me esgueirava pela escada de casa, tentando escutar a briga que estourava no primeiro andar. Não estava frio, mas eu vestia meu pijama de margaridas, que cobria meu corpo dos ombros até os pés. Ainda assim, sentia um vento de adrenalina percorrer meu corpo, fazendo-me tremer; era como se estar ali parada ouvindo a briga dos outros fosse um crime. Minhas mãos agarravam com força o corrimão da escada.
Era a segunda vez que Yoongi havia chegado tarde em casa devido a sua saída com os amigos.
Hoje era o seu grande dia, o dia de conhecer o reitor da faculdade de Daegu; meu pai havia conseguido um horário para meu irmão, era a hora dele seguir com o legado da família.
Mamãe havia me explicado que falar com um reitor ou até mesmo marcar um horário com ele era algo difícil, quase impossível, e apenas pessoas muito importantes conseguiam esse feito. Meu irmão não ter comparecido era algo muito grave que poderia colocar em risco toda a sua carreira no Direito.
Entretanto, eu sabia que Yoongi não desejava ser advogado de jeito nenhum.
— Eu te disse, Yoongi, eu não estou brincando. Você não pode simplesmente desmarcar um compromisso como se fosse um chá da tarde. Isso é importante para a imagem da nossa família. — A voz grossa e autoritária do meu pai ressoou pela casa.
Seu rosto vermelho e os punhos cerrados denunciavam sua fúria.
— Da nossa família? E a minha vida? E o que eu quero? — retrucou Yoongi, indignado, mas no mesmo tom de voz.
Era sempre assim; meu irmão mais velho nunca se deixou abalar. Ele e meu pai viviam uma competição de egos, como se fosse uma batalha que nenhum dos dois queria perder. Se meu pai aumentava o tom de voz, ele aumentava também; se meu pai xingasse, ele também xingava.
— O que você quer?! — papai fez uma pausa dramática. — Você não sabe o que quer da vida. — resmungou ainda mais furioso. — Ficar batendo prato no fundo da garagem não é vida. — riu irônico, como se o que meu irmão acabara de dizer fosse a maior idiotice da Terra.
— Eu não vou deixar você controlar a minha vida como se eu fosse a porcaria de um fantoche. — Yoongi aumentou seu tom de voz, quase gritando.
— Você não tem escolha. Não seja egoísta. Você não vai arruinar o legado da nossa família por um capricho idiota, seu merdinha. — meu pai cuspiu as palavras e meu coração sentiu uma pontada.
— A fruta nunca cai longe do pé, pai.
Meus olhos se encheram de lágrimas; senti minha garganta queimar e um nó se formar em todo o meu sistema respiratório. Minha respiração se desregulou e meu coração começou a acelerar descompassadamente. As lágrimas caíam mais e mais; eu não conseguia parar.
