Dor, sofrimento e melancolia

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hello besties! venho lhes trazer essa querida que escrevi há muitooo tempo, mas me ajudou bastante num momento obscuro. espero que entendam o que eu quis escrever.
recomendo ler com a música "dance without you" da Skylar Grey, pois me inspirei totalmente nela. obrigada lindes, boa leitura 🖤

🖤

Eu girava. Girava sem parar na ponta dos meus pés. Comprimia meus olhos para não enxergar, respirava fundo para me concentrar e limpava minha mente agitada. Levantei meus braços até o topo para completar meu giro perfeito, como um parafuso perfurando a parede.

Sentia a batida me envolver como uma onda pacífica, tomando cada músculo presente em mim, controlando meus movimentos incessantes. Eu não conseguia parar, eu não poderia parar. Ele jamais deixaria.

Ele, ele, sempre ele.

Não pense nisso agora, Felix. Continue concentrado.

No entanto, minha angustia se alastrava por minhas células como um veneno letal, exagerando emocionalmente meus movimentos sempre leves e sinceros.

Me sinto confinado, me sinto confinado.

Corri pela sala e um grand jeté explodiu de mim como uma bomba de fissão nuclear, alto, forte e energético. Me senti livre como há tempos não conseguia e engoli o choro arrasado, voltando a girar sem pausa. Já sentia o corpo reclamando de cansaço, queimando meus membros de baixo para cima, mas ainda havia tanto o que dançar.

Meu ballet não estava dando conta do recado, percebi tarde demais, ao ouvir aquela risada invadir meu cômodo, como uma sombra perversa e rastejante em minha direção.

Ele, ele, ele...

Meu Ceifador.

O que acontece quando você quer tanto algo que não deveria? Algo não natural? Você faz um acordo, assim como eu fiz.

— Lixie... — ouvir sua voz sempre me causaria as mesmas reações: arrepio, desespero, suar a seco e adrenalina, muita adrenalina. Sempre como se fosse a primeira vez, sempre assim.... — Lixie... — arrastou pela segunda vez e eu parei de dançar para vê-lo.

Vestido num terno preto fatal como a noite, sob medida para seu belo e único corpo, o chapéu com apenas uma pena vermelha, sem nenhum adereço a mais, ele, a persona das trevas, caminhava direto para mim.

Como se fosse uma brincadeira da minha mente esgotada, ele desapareceu num piscar de olhos, ressurgindo um segundo depois atrás de mim.

— Tão sério, o tempo todo... — sussurrou em tom de insatisfação, enquanto seus dedos caminhavam por meu pescoço. — Se alegre para mim, pequeno Sol, do jeito que eu gosto. — disse aparecendo novamente em minha frente com a cabeça baixa.

Meu silencio pesava entre nós como uma bola de chumbo, afundando nosso espaço-tempo inadequado. Ele ergueu seu rosto esperando por mim, e seus fios negros acompanharam suavemente a ação. Olhei seus olhos frios, tão escuros quanto seu terno, escondendo sua pupila. O feixe do sol das quatro atingia a figura imponente presente na sala, como se desejasse iluminá-lo e ele sorriu como só ele consegue fazer.

Ter sua atenção completamente voltada para mim me deixava cansado, como se ele roubasse minha energia apenas com o olhar.

Pela minha demora, ele se irritou e me puxou para si sem mover um músculo, fazendo minhas pernas se entrelaçarem pela sua cintura fina e me segurando com força.

— Eu não tenho tido tempo suficiente para você, não é, pequeno Sol? Já esqueceu como agir em minha presença? — questionou retoricamente enquanto me ajeitava melhor em seu colo. — Não me deixe falando sozinho, Lix. — pediu rindo sem humor. Sua voz era tão suave, tão doce e perigosa. Merda.

Dance without you 🖤 - Minlix Onde histórias criam vida. Descubra agora