II

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De longe e discretamente, Helaena observava sor Brynden sendo paparicado por ter sido campeão das justas. Ele ria juntamente de Lorde Garlan Tyrell. Sem armadura, parecia ainda mais alto e seus ombros ainda mais largos. Tinha cabelos castanhos escuros cacheados que estavam quase chegando à altura de seus ombros e seus olhos verdes brilhavam sob a luz do sol. Carregava uma cicatriz em sua testa que também parecia mais vívida sob a luz do sol.

- Espero que os seus pais não tenham se sentido ofendidos – comentou Margaery, agarrando o seu braço esquerdo para que começassem a caminhar juntas – Você sabe, sobre sor Brynden tê-la nomeado rainha da beleza e do amor.

- Com certeza eles se sentiram ofendidos – respondeu Helaena, não vendo motivo para mentir – E creio que possuem motivos para isso. Ele claramente só me nomeou para provocar minha família.

Margaery riu.

- Pois eu acho que ele a nomeou por achá-la a donzela mais bela do torneio – disse Margaery, com um sorriso provocante – Ora, não é só porque a família de vocês se odeia que ele não pode achá-la bonita.

- Repito que garanto que ele não me nomeou por me achar bonita – digo com firmeza.

- E repito que foi exatamente por isso que ele a nomeou – respondeu ela, com a mesma firmeza – Olhe, Brynden chegou aqui no castelo ainda menino, foi o único filho de Lorde que meu pai aceitou como protegido. Se tornou escudeiro do senhor meu pai e cresceu aqui como se fosse um de meus irmãos. Sabe o que isso quer dizer? Que o conheço muito bem e sei que a última coisa no mundo que ele se importa é com a rivalidade da família de vocês.

- Certo, minha senhora, suponho que esteja correta.

Margaery suspirou dramaticamente e mudou de assunto. Se juntaram as suas damas de companhia e passaram o restante do banquete entre risos e mexericos. Helaena, portanto, não podia deixar de reparar na atenção nova que estava recebendo de Lordes e filhos de Lorde. E de longe, pôde notar que sua mãe também notou aquele fato e que se deliciava com ele. Logo, temeu que a mãe fosse pessoalmente agradecer sor Brynden por tê-la nomeado rainha da beleza, pois aquilo certamente fez com que prestassem uma maior atenção nela.

No cair da noite, muitos senhores estavam alegres e entregues ao vinho, até mesmo o senhor seu pai que havia deixado de jogar pragas aos Blackwood há pelo menos uma hora. Aproveitou, então, a primeira oportunidade que teve desde que chegou no castelo para ficar alguns instantes a sós.

Os jardins de Jardim de Cima eram encantadores, cheios de flores exóticas e caminhos sinuosos que convidavam à exploração. Helaena respirou fundo, sentindo o aroma das flores noturnas. A leve brisa da noite tocava sua pele, trazendo uma sensação de liberdade que ela tanto amava.

Enquanto caminhava, perdida em seus pensamentos, não notou uma figura atrás dela.

- Lady Helaena – Pulou de sustou e virou-se para encarar sor Brynden Blackwood a saudando com um sorriso.

Helaena endireitou-se, mantendo uma expressão firme.

- Sor Brynden. O que faz aqui?

Brynden deu de ombros, aproximando-se lentamente.

- Estava apreciando a noite e parece que encontrei a mesma dama que coroei como a mais bela entre todas. Coincidência feliz, não acha?

Helaena arqueou uma sobrancelha.

- Acha mesmo que acredito nisso? Nomear-me rainha da beleza e do amor... foi para provocar minha família, não foi?

Ele riu suavemente, sem se abalar pela acusação.

- Provocar? Talvez um pouco. Mas minha intenção era honesta. A beleza deve ser reconhecida, independente da rivalidade entre nossas casas.

Droga, que sorriso bonito, pensou... Então achou por bem fingir desinteresse pelo fato dele estar a chamando de bela bem na sua frente. Virou-se e disse:

- Tenho minhas dúvidas.

Sentiu que ele começou a seguir seus passos.

- E o que está achando do castelo? É tão belo quanto dizem?

Uma flor roxa chamou sua atenção, então parou para admirar.

- É ainda mais bonito do que dizem e do que imaginei.

- Então vai amar ainda mais quando conhecer os estábulos e ver os cavalos – Brynden disse, com um brilho nos olhos – Como uma Bracken, deve gostar de cavalos, não?

Virou-se para ele, relutante em admitir.

- Amo andar a cavalo. Sinto-me livre quando o faço.

Ele a observou com atenção e novamente se viu pensando em como os olhos dele eram bonitos.

- Eu adoraria poder levá-la para um passeio.

Cruzou os braços, mantendo-se firme.

- Certamente isso não seria apropriado, sor.

Ele sorriu, questionando com um olhar.

- E por quê?

- Sou uma dama e você um cavaleiro. Iam achar que está me cortejando. Além do mais, nossas famílias se odeiam. Não confio em um Blackwood. Vai saber o que pretende fazer comigo assim que estivermos sozinhos ao ar livre.

Ele deu um passo à frente, seu sorriso sugestivo.

- Já estamos sozinhos ao ar livre, minha senhora, e creio que estou me comportando muito bem.

Sentiu que vacilou, pois seu coração de repente começou a bater mais rápido.

- Pare com isso. Não serei presa fácil para você provocar minha família.

- Jamais faria isso – ele respondeu imediatamente, olhando-a com seriedade. Mas, a filha de Lorde Lathos, estava determinada a não se deixar levar.

- Isso eu não posso ter certeza, meu senhor. Com licença.

Com essas palavras, virou-se e caminhou rapidamente de volta ao castelo. Seu coração estava em tumulto, mas sua mente estava clara. Achava sor Brynden Blackwood muito intrigante, mas jamais podia se deixar envolver. Não importava o quanto ele fosse atraente ou gentil, a rivalidade entre suas famílias era um abismo que não podia ser ignorado.

Ainda assim, enquanto retornava ao banquete, não pôde evitar pensar nas palavras e no olhar de Brynden. Talvez houvesse mais nele do que apenas um nome odiado.

FATE - ASOIAFOnde histórias criam vida. Descubra agora