VIII

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Os irmãos Bracken possuíam dois anos de diferença. E a senhora mãe deles, sempre gostou de contar para todos que Daven amou a irmã no momento que colocou os olhos na bebê chorona. Eles brincavam juntos, treinavam com arco e flecha, andavam a cavalo e encobriam um ao outro como se a vida deles dependesse disso. Por isso, Helaena sabia bem que não precisava se preocupar, seus pais jamais saberiam por Daven sobre o que aconteceu entre ela e sor Brynden Blackwood.

Ela ajudou a cuidar das mãos feridas do irmão. E ele a esperou trocar de vestido e ajeitar os cabelos para que se juntassem aos Tyrell e aos Lordes no jardim do castelo. Caminharam de braços dados e com as desculpas alinhadas caso alguém notasse os machucados de Daven.

Durante a recepção, ficou o tempo todo próxima de sua família e de algumas damas de companhia de Margaery, que pareciam bem interessadas em saber quais eram as conversas que teve junto de Lorde Willas. Seu autocontrole foi tanto que conseguiu segurar a vontade de procurar Brynden entre as pessoas naquele jardim. E estava decidida de algo.

Iria se afastar do Blackwood. Para o bem de ambos.

Seu irmão estava certo, nada de bom sairia daquela história. Apenas tragédia.

Ao cair da noite, retornou para o aposento que estava instalada. Deixou que Sage a despisse e a lavasse e que o silêncio tomasse conta de todo o quarto a ponto de que ela conseguisse ouvir com clareza os sons do toque de uma harpa que ela não sabia de onde vinha.

Por ser a penúltima noite de festividades foi organizado um banquete mais intimista com senhores e senhoras escolhidos a dedo. Os Bracken foram uns dos selecionados para a alegria de Lady Diane.

Então quando Sage a vestiu no belo vestido bordado da cor amarela, fez um penteado simples que deixasse os volumosos cabelos negros cacheados soltos e destacasse os olhos cinzentos, soube que tudo aquilo tinha dedo da senhora sua mãe.

Naquela noite, quem a acompanhou até o Pequeno Salão de Jardim de Cima foi o senhor seu pai. Os olhos dele brilhavam toda vez que a olhava e aquilo fazia seu peito se afundar em culpa. Duas vezes mais quando ao adentrar no Salão notou a presença de Brynden. Claro que em um jantar íntimo, ele estaria presente. Margaery deixou claro o quanto o estimava mais de uma vez. Seu rosto tinha sido cuidado, mas não passava despercebido por ninguém que ele havia se envolvido em uma briga.

- Provavelmente, ele mereceu. – Foi o que Lorde Lathos respondeu quando a esposa comentou sobre os curativos no rosto dele.

Evitou olhar para ele. E seguiu bem a noite assim. Elinor Tyrell sentou-se próxima a ela e as duas passaram o banquete inteiro discutindo trivialidades e dando risada.

- Ah, olhe só – Elinor exclamou – Acho que sor Brynden irá cantar.

Ela estava certa. Com o incentivo de Lady Margaery, seus irmãos e sua avó Lady Olenna. É Lady Olenna quem comemora quando um homem chamado Hamish se aproxima deles com uma harpa e começa a dedilhá-la. Bryden então, solta a voz. Ele canta "As Donzelas que Desabrocham na Primavera", "O Lamento da Sereia" e finaliza cantando e dedicando "Uma Rosa de Ouro" para Lady Margaery.

Helaena só percebe que estava olhando fixamente para Brynden quando sente a sua perna sendo chutada por baixo da mesa. Não precisou olhar para saber que fora Daven quem a cutucará.

- Sor Brynden possui a voz mais linda que eu já vi – suspirou Lady Elinor ao seu lado – Posso lhe confessar uma coisa?

- Claro – diz a Bracken.

- Gostaria muito de me casar com um Lorde como sor Brynden – confessou baixinho.

- Com uma linda voz? – se viu perguntando.

- Sim, claro – responde Elinor – Mas que fosse um excelente cavaleiro como ele, nobre e gentil. E, óbvio, tão bonito como ele. Mas creio que achar todas essas qualidades em um Lorde não seja tão fácil assim.

- Creio que esteja certa.

Reparou no olhar de Brynden para ela e rapidamente disfarçou encarando o seu prato vazio. Quando levantou a cabeça novamente, o enxergou de relance, deixar o salão.

Suspirou baixinho em alívio e finalizou a noite sentindo-se mais tranquila. Despediu-se dos Tyrell e caminhou até seu quarto na companhia de seu irmão que lhe beijou a face quando a deixou em frente a porta do quarto. Certamente ele não esperava o que a aguardava lá dentro, até porque, nem mesmo ela imaginava que Brynden Blackwood poderia ser tão audacioso e inconsequente.

- Pelos Sete, o que está fazendo aqui? – sussurrou exasperada.

- Pensei que iria me encontrar no jardim – disse, dando de ombros, esparramado sobre a única poltrona do aposento – Quando não foi, pensei em encontrá-la aqui.

- Sinal de que deve ter enlouquecido de vez – acusou.

- Fique tranquila, minha bela donzela – disse – Ninguém me viu aqui.

- E nem vai ver, sor Brynden. Por gentileza, se retire.

Ele se faz de ofendido.

- Eu só gostaria de passar um tempo com você.

- Não podemos passar tempo nenhum juntos, Brynden. Você sabe disso e escolhe ignorar todas às vezes.

- Pensei que você também escolhesse ignorar.

- Eu escolhi sim, mas agora não vou mais. Não posso mais. – diz – Meu irmão nos viu e a primeira reação dele foi espancá-lo e é por isso que não posso mais ignorar que se fosse o senhor meu pai nos vendo, você estaria morto e eu estaria a caminho de fazer o juramento para o Estranho. Entende? Não posso suportar que isso aconteça.

- Eu não vou ser morto, Helaena – ele diz, o rosto sério. Se levanta e caminha em passos lentos até se aproximar o suficiente – E você não vai prestar juramento algum.

- E que desfecho você acha que nossa história pode ter? – sussurra e cede à sua vontade de levar uma das mãos para o rosto dele, contornando os recentes ferimentos deixados pelo irmão.

- Poderíamos nos casar.

Ele fala sério. Muito sério. Helaena consegue perceber. E aquilo fere o seu coração.

- Não Brynden, nós não podemos.

O silêncio toma conta do ambiente e ambos se concentram em decorar cada detalhe um do outro. Ela observa Brynden emperrar a porta com a sua adaga sem desviar os olhos do dela. Com os olhos, ela permite que Brynden Blackwood a faça sua. 

FATE - ASOIAFOnde histórias criam vida. Descubra agora