IX

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O vento frio da madrugada que entrava pela janela aberta a despertou de seu sono. Ainda não havia aparecido os primeiros raios do amanhecer e quase soltou um suspiro de alívio por isso.

Brynden dormia ao seu lado. Os cabelos cacheados esparramados pelo travesseiro. Seu rosto sereno e o forte peitoral desnudo. Sorriu para si mesma relembrando da sensação de tê-lo. Dos suspiros. Das confissões entre os beijos. Da forma que ele roubava os gemidos dela para si. De como foi cuidadoso. De como a mostrou o que era sentir prazer. De como a venerou.

Quis que aquela noite jamais fosse apagada de suas memórias. Que lembrasse para sempre da sensação de tê-lo e de pertencer a ele.

Sorriu ainda mais quando Brynden se mexeu unicamente para passar seus braços ao seu redor e puxá-la para si.

- Não sabia que é do feitio de uma dama observar um cavaleiro enquanto ele dorme – disse baixinho, sua voz rouca de sono.

- Não posso falar por todas, mas desta que está ao seu lado é sim – diz, levando seus braços até o seu cabelo para acariciá-los – Poderia fazê-lo por horas, mas, bom... Só com esse cavaleiro em específico.

Ele abre um sorriso preguiçoso enquanto abre os olhos lentamente e a olha com carinho.

- Você sabe que não pode dizer uma coisa dessas se não quiser que eu me levante daqui e vá até o senhor seu pai para pedir a sua mão em casamento.

- É a última coisa que eu quero que você faça, Brynden. E sabe bem o porquê.

Ele rapidamente finge-se de ofendido. Certamente era mais fácil para os dois levar tudo aquilo com máximo de bom humor possível, mas não era necessário palavras para enxergarem no olhar de ambos o quanto tudo aquilo doía. Porque era verdade, a última coisa que Helaena Bracken queria é que Brynden Blackwood pedisse a mão dela para o seu pai, porque não iria suportar as consequências disso, porque não ia suportar que o pedido fosse em vão, pois jamais se casariam, jamais poderiam viver a paixão que foi cultivada no coração deles e deixasse que aquela chama quente que fervia dentro deles se tornasse amor.

- Essa tristeza deixaria os seus olhos se eu te dissesse que eu acho que passaria o resto de minha vida assim? – diz ele, movendo os olhos para mostrar do que se referia: Os dois, nus, grudados e se acariciando.

Ela solta uma risada e move uma das pernas a contornando na cintura de Brynden para grudar ainda mais os corpos nus cobertos pela fina seda que os cobria.

- Com toda certeza – digo – Pois é exatamente o que eu pensava enquanto te via dormir e ia ser muito triste se essa sensação não fosse compartilhada.

Os olhos de Brynden brilham e em um movimento rápido ele vira-se na cama, levando o corpo de Helaena junto ao seu e ficando por cima apenas para colar os lábios nos dela e passear as mãos por todo o seu corpo com facilidade. A Bracken imaginava onde iriam parar se continuassem e sabia que precisava pará-lo antes que o comando se tornasse difícil demais para ser realizado. É por isso que separa os lábios dos dele com uma leve mordida.

- Está quase amanhecendo – aponta com a cabeça para janela – Precisa dar um jeito de sair sem ser visto.

- Sim, sim, eu sei – diz emburrado.

Ele deixa que Helaena inverta as posições e fique por cima dele. Novamente trocam um olhar profundo tentando se comunicar através dele.

- Hoje é o último dia de festividades – diz Helaena – Minha família deve partir amanhã pela manhã. Podemos nos ver hoje à noite, o que acha?

- E se não conseguirmos?

- Nós vamos conseguir – é o que diz. Pois não queira se despedir dele agora. Tampouco mais tarde. Tampouco em qualquer momento de sua vida.

Mas sabia que precisava se despedir e pelo menos adiando para a noite, teria o dia inteiro para se preparar para isso.

Brynden não parece convencido, mas se deixa levar pelos carinhos de Helaena que se colocou a beijar todo o seu rosto e acariciá-lo com a ponta do nariz.

- Devo ir, querida – diz a contragosto.

Helaena assente e se move para sair de cima dele. Assiste sentada ele se levantar e se vestir. Os dois não dizem nada. Mas quando Brynden termina de calçar os seus sapatos e volta a olhá-la, ela consegue ver que ele parece não ter coragem de se mexer. Mais tarde, ela se pergunta se é porque ele sabia o que iria acontecer durante aquele dia e batalhava contra a vontade de contá-la. Naquele momento, porém, ela pensa que assim como ela, ele não quer se despedir. Então, se levanta e nua caminha até ele e o beija com tudo que têm de si. 

FATE - ASOIAFOnde histórias criam vida. Descubra agora