epilogue

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Cantava-se pela Campina uma música que exaltava o amor que Lorde Willas Tyrell sentia por sua senhora de olhos tristes e cinzas. Dizia a música que a tristeza sempre parecia próxima a deixar o seu olhar quando estava nas presenças dos filhos ou acompanhada de seu marido, mas afirmavam que bastava procurar bem que sempre achariam um vestígio de uma melancolia sutil que resistia ao tempo.

Lorde Willas fingia não reparar na tristeza que sua senhora levava no olhar e mais do que isso fingia não saber o motivo. Pouco antes do casamento, seu fiel amigo, Brynden Blackwood o comunicou que desejava vestir o negro. Aquilo o pegou despreparado, afinal, não conhecia um homem que desejasse vestir o negro por livre e espontânea vontade. Precisava de um motivo plausível para isso, pois era claro que existiria um motivo por trás, porém, só o descobriu muitas luas depois, quando já havia se casado com Lady Helaena e sua senhora carregava a primeira filha deles na barriga.

Brynden Blackwood havia deixado uma carta escondida no aviário de Lorde Willas em um local onde ele sabia que apenas Willas poderia encontrar. Willas a encontrou ocasionalmente e quando a abriu e viu a grafia, soube que a carta era de Brynden. Na carta, o amigo fiel, não pôde ser totalmente sincero. Tinha medo de que a sinceridade pudesse prejudicar Helaena e jamais poderia lidar com aquela culpa. Foi sucinto em dizer que partiu pois se apaixonou por Lady Helaena Bracken e não podia suportar o peso daquele sentimento. As palavras sucintas fizeram que Lorde Willas entendesse não só o motivo da partida do seu amigo, mas também o motivo de sua esposa carregar tanta tristeza em seus olhos.

A carta encontrou o fogo assim que Lorde Willas terminou de lê-la.

Mesmo ciente de que sua esposa e seu fiel amigo se apaixonaram, não impediu que o amor que sentia por Helaena crescesse em seu peito. Sua bela esposa sempre foi uma excelente companhia e passar o tempo ao seu lado rapidamente se tornou o passatempo preferido de Lorde Willas. Além disso, era uma mãe dedicada aos filhos e aos seus deveres.

Tiveram juntos três filhos, a doce e encantadora Jocelyn Tyrell, o inteligente e destemido Harlan Tyrell e a graciosa e impetuosa Annalys Tyrell.

Lorde Willas gostava de pensar que a senhora sua esposa também o amava.

E ele estava certo. Lady Helaena entendeu que o amor pelo senhor seu marido era inevitável. Um homem que a respeitava e que se dedicava a ser um bom pai para os filhos era digno do amor de qualquer mulher. Ela aceitou esse sentimento e com o tempo parou de sentir-se culpada por isso.

Com o tempo parou de pensar em como seria sua vida se tivesse fugido com Brynden quando ele propôs, parou de se perguntar se ele pensava nela no frio do Norte da Muralha ou nos filhos que teriam juntos. Passou a se contentar com as cartas de Brynden, que embora raras, continuavam a chegar. Nunca endereçadas a ela, mas ao seu marido, que sempre fazia questão de lhe contar quando uma nova missiva chegava da Muralha e contava todos os detalhes da carta. Saber que Brynden estavam bem e vivo e que havia achado um propósito para si na Muralha com o tempo se tornou suficiente para a Lady Tyrell.

Mas jamais se livrou do louro da rainha da beleza e do amor. Tampouco esqueceu-se de sua aparência, do tom de verde de seus olhos, da forma como a beijava, a olhava e a tocava. E sempre que deixava que os seus pés a levassem pro mesmo local no jardim do castelo onde Brynden a beijou pela primeira vez, sentia o peito encher-se de uma emoção que aos poucos passou a entender: Apesar de ter escolhido a sua família e o dever que tinha para com eles, nada daquilo apagava que pelo menos uma vez, durante a guerra milenar entre Bracken e Blackwood, uma dama e um cavaleiro das famílias rivais se apaixonaram e viveram algo lindo e marcante, que o ódio entre as famílias jamais poderão tirar deles. 

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