Ao poucos Rodolffo começou a integrar Juliette novamente no seu ciclo de amigos. Aquele a que ela já tinha pertencido e se tinha afastado.
Depois de voltar ao médico, Juliette precisou fazer um reforço de vitaminas, mas de resto estava muito bem. O médico retirou o calmante mas pediu para Rodolffo estar atento.
Também voltou à faculdade. Rodolffo ia levá-la e buscá-la.
- Amor, leva o meu carro.
- Porquê? Eu estou mais habituado com este.
- Mas eu agora não conduzo. Podes andar com o meu.
Quando estiveres recuperada 100% voltas a conduzir e levas o teu.
- Eu gosto que me leves.
- Eu também gosto, mas não posso ser teu motorista sempre. Preciso preparar-me para regressar ao trabalho.
- Rodolffo! Agora que estamos bem, podias ter um negócio teu.
- O dinheiro é teu. Não vou usar o teu dinheiro de forma nenhuma.
Juliette ficou calada durante o resto da viagem. Chegaram à Universidade e ainda era cedo.
- Porque estás calada?
- Estou triste. Pensei que as coisas eram como dantes e não tinha esse negócio de teu e meu. Ainda mais que agora vivemos na mesma casa. Lembras-te que dantes eu pagava contas tuas e tu minhas. Até parece que o meu dinheiro é maldito.
- Não é isso. Para mim não é fácil ser o homem que vive à custa da mulher.
- Não é verdade. Eu só quero ajudar-te a ter o teu próprio negócio. O trabalho depois é teu. Eu ajudei os outros porque não posso a ti?
- Podemos falar disto, logo quando chegares a casa? Não quero que fiques triste todo o dia. Eu prometo pensar bem no assunto.
- Está bem.
- Fica bem e não te esqueças de te alimentares. Sais a que horas?
- Às 15 horas.
- Venho buscar-te e depois vamos lanchar à Ribeira.
- Podemos ir antes à Brasileira na rua de Santa Catarina e depois passear à Ribeira?
- Só para não ficares triste, podemos passear e jantar na Ribeira.
Juliette deu um beijo em Rodolffo. Abriu a porta e ele ficou a vê-la desaparecer no pátio da Universidade.
Passou na imobiliária e o gerente pediu para ir até ao gabinete dele.
As tuas duas vendas que estavam pendentes estão no bom caminho. Falta apenas um documento para as finalizar, mas não tenho muito boas noticias.
- O que foi?
- Dentro de 2 meses vou fechar a agência.
- Porquê. O que aconteceu?
- Preciso ir para o Alentejo. Os meus pais precisam de mim lá e a minha esposa também tem vontade de ir para perto dos pais dela.
- E não podia manter isto aberto? Sei lá, reduzir o espaço. Isto é tão grande que podia dividir ao meio e alugar metade.
- Não. Vou vender a casa porque quero investir lá.
- Tenho pena. Já tem comprador em vista?
- Ainda é só uma ideia. Vou primeiro concretizar os negócios pendentes. Já falei com os outros vendedores, só faltavas tu.
Rodolffo voltou para casa, desiludido e triste. Parece que com ele é sempre dois passos para a frente e um para trás.