Capítulo XXV

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A conversa sobre dinheiro sempre causava algum atrito entre nós e Juliette sempre ficava calada por longos períodos de tempo, refugiada nos seus pensamentos.

Hoje foi mais um dia desses depois dela dizer quinhentas vezes que comprava o espaço da imobiliária para eu montar uma nova ou um outro negócio qualquer.

Agora está lá no quarto zangada comigo e diz que vai doar todo o dinheiro que tem para voltar à vida de pobre e inclusive cancelar a faculdade porque vai ficar sem condições de a pagar.  Ainda bem que eu não entreguei a casa onde morava, diz ela,  pois sempre teremos um tecto.

Estou aqui jogado no sofá e reflectindo tudo. Em parte ela tem razão.   O meu orgulho e machismo não me deixa raciocinar.

Levantei-me e fui ter com ela.  Estava deitada com os olhos molhados.

- Amor, não fiques assim.

Deitei-me ao lado dela e abracei-a.

- Não chores mais.  Se queres que eu aceite, eu aceito.

- Não é por mim.  Tens que aceitar porque tu queres e não tens problemas com isso.  Se o dinheiro nos vai dividir, então eu não o quero também.

- Vamos lá então fazer o negócio, mas com uma condição.

- Lá vem...

- Quero que sejas minha sócia na imobiliária.  Vamos fazer uma sociedade com quotas iguais.

- Eu não  faço questão, mas se é isso que queres, eu aceito. 

- Agora limpa esse rostinho delicado e vem matar a minha saudade.

Juliette foi para cima dele e cobriu-o de beijos.

- Sabes uma coisa?  Vou ser tão feliz quando estiver aqui na tua barriga uma mini Juliette.

- Ou um mini Rodolffo.   Também vou ficar feliz.  Já podíamos ter um agora connosco aqui.

- Ei!  Eu não falei para ficares triste.  Deus não quis dar-nos uma criança numa altura que não estávamos bem.

- Eu sei, mas não me importo de falar do meu anjinho.  Vou sempre lembrar-me dele.

- Quem sabe não chegue rápido.

- Rápido não.  Eu não  quero ir para a faculdade grávida e quero tratar do meu bébé.  Só vou ficar grávida no último semestre do curso.  Depois tenho o meu bébé,  cuido dele e monto aqui um atelier de design para trabalhar.

- Tudo planeado nessa cabecinha.  E treinos?  Quando vais aos treinos?

- Que treinos?

- Treinos para fazer o menino.  É necessário muito treino para sair perfeito.

- Podemos começar agora.  Tens um tempo não livre?

- Todo o tempo do mundo, meu amor.

Depressa se livraram das roupas e fizeram amor com a certeza de que mais uma etapa tinha sido ultrapassada.  A vida deles apresentava-se um aprendizado constante e ficavam felizes a cada nova vitória.

Delicada MenteOnde histórias criam vida. Descubra agora