Capítulo XVII

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Rodolffo nunca mais teve contacto com Juliette.  Sempre sabia da saúde dela porque telefonava a Vicente.  Apesar dele ter pedido à saída do hospital, ela não desbloqueou o seu número.

- Hoje ela começa as aulas, mas não sei os horários- Vicente não resistiu a contar.

- Obrigado Vicente.   Já ajuda.

Por ser iniciante, Rodolffo deduziu que ela teria horário integral.

No dia seguinte chegou à faculdade de Belas Artes cerca das 8 horas da manhã. Cerca de meia hora depois chegava Juliette no seu BMW.  Rodolffo ficou a olhar e vê-la afastar-se.  Esperou até que não houvesse ninguém no pátio e dirigiu-se ao segurança na portaria.

- Desculpe, mas sabe dizer-me qual o último horário das turmas do primeiro ano?  É que combinei com a minha irmã vir buscá-la no último período e não sei qual é. Também não posso esperar a chamada dela porque vou estar incontactável.

- Do primeiro ano?  Como se chama ela? - perguntou ao mesmo tempo que consultava uns papeis.

- Juliette.....

- Ah, sim.  A última aula termina às 16,30 h.

- Obrigado, senhor.

- De nada.

Rodolffo seguiu para os seus afazeres.  Hoje descobriria onde Juliette vivia, só ainda não tinha pensado o que ia fazer com essa informação.

Esteve o dia bastante ansioso, mas ainda não eram 16 horas e ele já estava estacionado bem perto do carro dela.

Quando ela deu partida, ele seguiu-a tomando o cuidado de não ser visto.

Juliette conduziu para a região onde morava a nata da sociedade.  Viu-a estacionar o carro numa grande  vivenda e lembrou-se que já conhecia aquela casa.

Pois é.  Foi esta mesma casa que a compradora exigiu a troca do vendedor.  Está tudo explicado, ela soube que eu era o vendedor e tramou a minha venda.  Que ódio!

A ideia era só conhecer a morada dela, mas neste momento eu preciso,  eu tenho que lhe dizer umas verdades.

Deixei ela entrar e depois toquei à campainha.

Ela abriu e olhou para mim de espanto.

- Não adianta não quereres falar comigo, que hoje vais ouvir. - disse ele passando por ela e entrando sem permissão.

- Estás doido, Rodolffo?

- Estou.  Muito doido e muito chateado.  Senta-te aí e só vais ouvir.

- Vivemos 5 anos uma vida simples e com dificuldades.  Fomos felizes até eu destrambelhar, mas nunca te menti.  Terminei contigo, mas fui sincero naquilo que eu julgava que era o melhor para os dois.

De repente apareces tu, cheia de dinheiro, férias no estrangeiro, bom carro, boa casa, faculdade ...
Não me interessa de onde veio nem o que fizeste para o conseguir.  Faz muito bom uso dele que eu estou nem aí.

Agora o que eu não posso tolerar é teres impedido que eu fizesse o meu trabalho e ter deixado de ganhar HONESTAMENTE a comissão da venda desta casa.  Isso foi desonesto da tua parte. Viste o meu nome é decidiste vingar-te.  Sabes o que custa viver de comissões?  Deves saber, porque já viveste com um homem desses.
Fazer planos para um dinheiro que vinha lá e nunca chegou simplesmente porque uma metida a rica decidiu tramar-me a venda.  Sabes o que isso é?  Claro que sabes, mas já esqueceste.

Espero que sejas feliz e que aproveites bem o teu dinheiro.  Espero nunca mais te ver, mas se por acaso me vires na rua,  por favor muda de calçada.

Rodolffo dizia isto tudo em pé de frente para ela.  Virou-se e caminhou para porta.

- Rodolffo,  espera!
Rodolffo!!!

Ele simplesmente a ignorou e saiu.

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