Seis anos após a perda dos pais, Morgana Fox tenta deixar o passado para trás, mas a sombra de Logan, o homem que ela abomina, ressurge em sua vida.
O ódio entre eles tem raízes profundas: um acidente trágico e segredos enterrados os colocaram em la...
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Um zumbido ecoa pelos meus ouvidos, enquanto sinto meu coração se autodestruir. O resto do mundo parecia ter perdido a cor e o som, era como se minha vida agora estivese encoberta por um tecido fino, algo que me impedisse de sair do meu próprio mundo. De todas as surpresas que eu poderia ter no dia de hoje, velar o corpo dos meus pais, sem dúvida, não estava nos meus planos.
Na madrugada desta noite, meus pais estariam voltando de uma viagem à Espanha. Segundo as poucas testemunhas que estavam no local, meu pai perdeu o controle da direção, invadiu a pista contrária e capotou o veículo. Quando os policiais e paramédicos chegaram ao local, o veículo se encontrava à beira de um penhasco, dificultando o acesso dos socorristas e mesmo que tivessem chegado até eles, nada poderia salvá-los. As testemunhas disseram que "o carro parecia uma lata de sardinha".
Estou em pé, bem ao lado dos seus caixões. Aron, meu irmão mais velho, segura minha mão, dando-me o apoio necessário para não desmoronar. Foi Aron quem se encarregou de todos os detalhes: um velório de caixão fechado, apenas para os mais próximos da família.
Seguro uma lagrima.
Preciso lembrar de respirar.
Minha tia se aproxima, debruçando-se sob o caixão de minha mãe, choro histérico e desesperado sendo ouvido por quilômetros. Meu tio, Otto, se aproxima, acariciando suas costas magras, cobertas por um longo vestido preto.
Uau, parece que todos seguiram a mesma paleta de cores hoje.
Elevo meu queixo quando a voz do meu pai emana em minha mente; "Os Fox nunca abaixam a cabeça". Puxo o ar para os pulmões, mesmo que seja difícil. Uma ação que antes era tão fácil, agora me parece destrutiva. O ar parece acompanhado de fagulhas que incendeiam minha alma e o fogo está me matando por dentro, ele vai queimar tudo, até que não sobre mais nada.
Aos poucos as pessoas se dispersam, dando-me assim, a oportunidade de me despedir. Estávamos bem próximos do fim da cerimônia e eu não poderia deixá-los partir, sem me despedir antes. Levo minha mão tremula até o caixão de mamãe e o acaricio, repetindo o processo com o caixão de papai. A primeira lagrima escorre, então minha garganta fecha e os próximos minutos se transformam em um grande borrão. Ha pessoas carregando os caixões, eu estou histérica, completamente descontrolada, as mãos de Aron me impedem de pular para um dos buracos e ser enterrada junto a um deles.
Solto-me das mãos de Aron e corro. Não sei de quem ou de que estou correndo, mas quero ficar longe desse sentimento, que agora impregna minha alma. Entro na primeira porta que encontro, meus olhos inchados me fazem não enxergar com clareza, então não sei se estou no lugar certo. Sinto minhas mãos gélidas, estou suando e meu joelhos ameaçam ceder. Apoio uma das mãos sobre o estômago e limpo meus olhos com a outra, agora podendo enxergar melhor. Uma sequência de quatro mictórios masculinos aparece em minha visão.