.Finalmente as coisas estavam fluindo.
A vida estava tomando seu curso, e não me sentia mais estagnada como me sentia antes.
Eu tinha prazer em planejar, tinha prazer em sair e socializar, tinha prazer na companhia dos meus pais, que inclusive fizeram as pazes e estavam se conhecendo novamente, e desde então duas vezes por mês jantávamos juntos como uma família, fora os encontros aos finais de semana.
A empresa estava indo muito bem com projetos finalizados e contratos sólidos, e eu que acabei adotando um gatinho que encontrei na rua com fome e com frio, estava cada dia mais cuidando da minha saúde, da minha carreira e dos meus projetos. E partir daquele momento eu já não estava mais sozinha na vida, eu tinha comigo os meus pais, os meus colegas de trabalho, e Noir meu gatinho.
Um sábado qualquer, fui até a cafeteria da esquina, e sentada na mesa próxima a grande janela de vidro, eu observava o fluxo de pessoas do lado de fora, observava como tudo fluía e como as coisas aconteciam, imaginava um turbilhão de coisas enquanto saboreava meu café com croissant, até que, ouvi uma voz interrompendo meu momento meditação.
- Finalmente te reencontrei, moça. Não sabia que vinha aqui.
Era o Miguel, sentando-se à minha mesa enquanto falava comigo.Eu até me assustei, de início achei bem deselegante já ir sentando na mesa sem ao menos ser convidado, ou sem perguntar se poderia sentar ali, mas confesso que ao vê-lo senti uma certa alegria em reencontra-lo.
O cumprimentei gentilmente, com sorriso e aperto de mãos. Ele então pediu um café e também um croissant, me fez companhia em uma prazerosa e duradoura conversa.
Falamos sobre tudo; nossas profissões, nossos sonhos e idealizações, nossas crenças e alguns medos bobos. Em um determinado momento nos lembramos daquela noite na praça e rimos enquanto fazíamos piadas. Foram tantos bons assuntos, que o tempo passou e sequer percebemos que já não era mais manhã, e foi quando ele me convidou para um passeio a pé pelo centro.
Era outono, as árvores estavam lindas, folhas amarelo-alaranjadas, algumas em seus respectivos galhos, outras pelo chão enfeitando o caminho e dando um toque romântico no cenário, um vento que as espalhava um pouco mais, e um céu com um misto de nuvens cinzas e um resquício de céu azul. Estava tudo muito lindo, perfeito até.
Caminhamos com tanta calma que mais uma vez não percebemos a hora se passar, até que enfim o fim de tarde deu lugar a noite escura e fria, e chegando ao parque que foi palco para o nosso primeiro encontro, nos sentamos próximo ao chafariz, e tudo isso sem perder um assunto sequer, ou haver aquele momento constrangedor em que as pessoas ficam sem ter o que falar uma para a outra.
- Engraçado. Frequento aquela cafeteria e nunca lhe vi lá.
- Bom, eu sou bem reservada. Não é sempre que fico por lá, a maioria das vezes só peço o café e volto para casa. Mas hoje eu quis sentar e pensar um pouco sobre a vida, ali daquela janela...
- Hmmm. Você é do tipo poeta, pensadora e romântica...encantador esse traço de personalidade.
- É... talvez.
- Percebi também que, conversamos por horas, estamos juntos há horas mas, ainda não sei o seu nome.
- Anastásia.
- Hmmmm...nome interessante. Do grego, significa ressurreição. Belo nome com um significado mais belo ainda, e combina com você.
- Pareço ressuscitada?
- Parece bela!
Lembro que naquele momento me senti lisonjeada e também constrangida, logo corei de timidez...
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Revie: Anastásia
Short StoryA vida é um grande amanhã: misteriosa e incerta. E nela conhecemos e desfrutamos de momentos bons que parecem curtos, e momentos ruins que parecem eternos. Contudo, o que ela nos proporciona em ambos os casos é a chance de aventurar-se em sua constâ...