Confissão

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Quando percebi, minha amizade com Miguel havia crescido de forma significativa. Saíamos juntos com mais frequência, já havia um certo nível de intimidade entre a gente, então fazíamos algumas brincadeiras entre nós das quais eram sobre nós mesmos, e as vezes ele até passava um bom tempo com o Noir. Ele já tinha visitado a minha casa e eu a dele, algumas vezes na semana almoçávamos ou jantávamos juntos, e aquilo estava sendo algo tão bom, além de natural, que nem me dei conta de como nosso laço foi sendo criado e se tornando forte.

Então o convidei a ir conhecer os meus pais, em um sábado ensolarado de verão. Fomos bem cedo pois o meu intuito era de ajudar a minha mãe com o almoço, enquanto Miguel e meu pai quebravam a cabeça para montar uma simples mesa de madeira no jardim, e o Noir? Assistia tudo da varanda!

Meus pais o amaram, e lembro da minha mãe me puxando de canto e perguntando quando iríamos ter algo a mais que amizade.

- Não mãe! Somos só amigos.

E realmente éramos só amigos, e acreditava que de ambas as partes, já que ele nunca falou nada sobre esse assunto, ou ao menos tinha dado a entender que queria algo mais. Eu também não pensava sobre isso, eu estava satisfeita com a nossa amizade e com quem éramos um com o outro, não queria que aquilo fosse estragado com uma possível falência de relacionamento, já que haviam segredos que eu não tinha contado e que talvez, eu nunca fosse contar.

As estações do ano se passavam e se repetiam, nossa amizade crescia a cada dia e nosso laço estava mais forte, o vínculo dele como os meus pais era muito agradável de ver, havia intimidade entre eles e aquilo era algo totalmente novo e bom para mim.

Por muito tempo eu estive só, e já tinha me acostumado com tal coisa, mas admito que conhecer o Miguel me foi maravilhoso. Ter alguém em quem eu pudesse confiar e passar os dias fazendo resenha, podendo ter conversas tanto sérias como bobas foi de fato, uma película nova para a minha vida.

Uma bela noite, saímos juntos ao cinema, e depois fomos à um bar no centro. Um garçom logo veio nos atender e então ouvi uma voz rouca o cumprimentando:

- Miguel meu amigo, quanto tempo! Fique a vontade. Qualquer coisa é só me chamar.

O meu cérebro reconheceu aquela voz rouca, meu coração disparou e eu implorei por dentro para que fosse somente coisa da minha cabeça, mas quando de relance virei a minha cabeça, vi quem de fato era aquele garçom.

Senti minhas mãos suarem frio, logo tudo perdeu a graça pra mim e então a ansiedade veio e fez do meu corpo seu lugar de estadia mais uma vez. O que há muito tempo eu não sentia, e já até havia me esquecido de sua existência, voltou com tudo, tomando para si o controle dos meus membros em agonia e inquietude.

Miguel percebeu que de repente fiquei estranha, e de fato não conseguia fingir que não, mas não admiti o que estava acontecendo, só o convidei a ir embora.

- Acabamos de chegar, mas se quiser mesmo ir embora, então vamos a outro lugar.

- Não! Eu só quero ir para a minha casa, só isso.

Ele sem entender nada, aceitou e se dirigiu ao balcão do bar para cancelar o drink que havia pedido, enquanto eu voltava pro carro.

- Você quer me contar o que aconteceu que te fez mudar de humor? Eu fiz ou falei alguma coisa?

- Não Miguel, não foi você. É que...nada, deixa pra lá, é bobeira minha, talvez TPM. Só quero mesmo ir para a minha casa.

- Tudo bem, mas nunca te vi assim antes. Se quiser conversar, sabe que pode contar comigo né?!

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