Corpos

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Dias se passaram e eu busquei me ocupar com novas coisas, além dos assuntos do trabalho.

Engatei em cursos de idiomas, e então comecei a estudar inglês, francês e espanhol.

Não me sobrava muito tempo para outras coisas, estava tão envolvida em um projeto profissional que seria ótimo para a empresa, e também programando uma viagem de férias para logo após o fechamento do contrato.

Meus pais viviam perguntando sobre o Miguel, enquanto tudo o que eu conseguia dizer era que ele estava namorando e por isso não havia mais tempo para que passássemos juntos, os meus pais sempre diziam a mesma coisa:

"Mas vocês davam tão certo juntos. Pensávamos que algum relacionamento aconteceria entre vocês"

Com o passar do tempo, mais uma vez, voltei a dançar pela casa, ouvir músicas e cantar no chuveiro.

Não estava dispondo mais o meu tempo com coisas que iam além do meu profissional, ou que não me acrescentariam boas e úteis coisas.

Meus pais naquele ano, estavam completando aniversário, então decidi dar a eles uma viagem de presente, até porque eles mereciam aquela lua de mel depois de tudo o que passaram.

Aluguei para eles uma cabana nas montanhas para que passassem um mês inteiro de lua de mel.
E por consequência me foi bom, pois podia dar mais atenção a minha carreira, inclusive aos fins de semana.

Estava me preparando para mais um banho de banheira relaxante, quando ouço minha campainha tocar...
Era o Miguel.

- Não dá mais pra você me evitar, Anastásia!

- Porque não? Você me evitou por dias e então aparece com uma mulher em seu apartamento. Me diz exatamente o porquê de eu não poder te evitar?

- Está com ciúmes?

- Não! Só achei falta de consideração da sua parte como o meu melhor amigo...

- Está vendo só? "melhor amigo"

- É o que você era pra mim, Miguel. E hoje é só um vizinho.

- Mas não queria ser só isso Anastásia! Nunca foi capaz de enxergar o tanto que eu te queria, o tanto que eu te amava?
Sim, tudo começou como amizade, mas você não pode imaginar que ninguém passaria tempo suficiente com você, sendo seu confidente, sem se apaixonar por você! Eu amo você, e sempre amei.

- Então porque me ignorou? Fingiu que eu não era ninguém depois daquele beijo?
E ainda por cima, levou uma mulher pro seu apartamento.

- Tive medo...medo do meu sentimento não ser correspondido, medo de ter te beijado e estragado nossa amizade...medo de algo mudar entre nós.
Eu tive medo porque sempre te amei, e nem eu sabia lidar com os meus sentimentos.
Procurei outra pessoa, conheci outra pessoa...mas nada aconteceu.
Eu não consegui deixar que acontecesse. Percebi o quão errado tudo estava, quando te vi me olhando, parada, aquela noite.
Não era ela quem eu queria, era você Anastásia, sempre foi você!

Cada palavra que ele disse naquele momento, mexeu comigo e me fez perder a voz.
Suas expressões, sua reação, seu tom de voz amedrontado, cada detalhe que pude perceber, fez parte daquele momento tão inesquecível pra mim.
Miguel estava ali, se declarando pra mim, me falando coisas que nunca pensei que iria ouvir um dia de alguém, eu que por tanto tempo me acostumei com a minha própria solidão, estava naquele momento ainda calada, sem conseguir dizer uma palavra sequer, apenas ouvir e tentar processar o que eu acabara de escutar.

- Não vai falar alguma coisa? Vai me deixar plantado aqui na porta, sem ao menos uma resposta sua?

Eu não tinha reação, nem voz e nem o que dizer, mas definitivamente não o via mais como o meu melhor amigo, ou como apenas isso.

Uma nova película foi instalada no meu mundo, o que trouxe cores vibrantes dessa vez, e tudo o que consegui fazer foi dar um passo a frente e beija-lo.

Foi o beijo mais intenso e bem encaixado que eu já tinha visto acontecer, nem em todos os filmes de romance, nem em todos os livros pôde haver tal beijo como aquele entre nós.

Aquela foi a minha resposta, a mais sincera que pude dá-lo, mostrando a ele que eu também havia me rendido àquele sentimento que existia dentro de mim por ele, e o quão bom estava sendo, o quanto eu o queria.

Sem apartar os nossos lábios, fechamos a porta enquanto seguíamos ao meu quarto, onde inesquecivelmente, houve a conexão dos nossos corpos.
Em sintonia, leveza e suavidade, amamos um ào outro, desfrutando de cada centímetro um do outro, percorrendo caminhos com nossas bocas, entre beijos e abraços, sorrisos e doces risadas, praticamos ali pela primeira vez o que era e é, pura declaração de corpos ao amor.

Juntos, chegamos ao ápice de nossos prazeres, terminando assim em carinhos e um silêncio aconchegante, onde me aninhei a seu peito e pude me deliciar ouvindo o som do seu coração desacelerando aos poucos, e ficando tranquilo.

Os dias que se seguiram, foram de pleno conhecimento um do outro, com toques e sensações descobertas, com a leveza de nossas almas entrelaçadas no mais poderoso íntimo de nós mesmos, dias dos quais eternizamos em nossas memórias mais profundas e secretas.

E quando anunciamos nosso namoro aos meus pais, pularam de alegria como se tivessem torcido por aquilo há tempos, e então um almoço para a reunião das famílias, foi marcado.

Meus sogros e minha cunhada, que outrora havia conhecido, em uma ocasião na qual minha sogra e eu cozinhamos juntas, enquanto minha cunhada bebia seu vinho com o meu sogro, amaram conhecer a casa dos meus pais e, consequentemente os meus pais.

As paletas de cores se completavam a cada novo presente e nova conquista.
Eram como troféus para cada fase superada com sucesso, e então uma nova cor era aplicada a minha película atual.

O contrato que tanto buscamos conquistar, não só conseguimos como nos abriu portas para o mercado internacional, e logo o meu escritório, que por um certo tempo, sobreviveu apenas com sete colaboradores, agora estava sendo expandido e rendendo oportunidades.

Meus pais oficializaram novamente a união entre eles em uma cerimônia íntima aos mais próximos, no jardim da nossa casa, e de presente demos a eles um labrador, que eles deram o nome de Pierre.

Meus sogros finalmente haviam chegado para ficar, o que nos possibilitou inúmeras reuniões de família, com muita alegria e união.

Minha cunhada ainda não morava fixamente na nossa cidade, mas sempre que podia, vinha nos visitar.

Enquanto Miguel e eu, mesmo com algumas desavenças, estávamos sempre unidos contra os problemas, o que me fazia enxergá-lo como o verdadeiro homem dos meus sonhos, o verdadeiro companheiro que toda mulher precisa, e deseja ter ao seu lado.

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