𝐑𝐚𝐢́𝐳𝐞𝐬 𝐚𝐦𝐚𝐫𝐠𝐚𝐬, 𝐚𝐦𝐨𝐫𝐞𝐬 𝐝𝐨𝐜𝐞𝐬

casamento em crise

Decido tomar café com minha melhor amiga, porque ver um rosto bonito e simpático pela manhã me trará boa sorte.

A padaria estava cheia, como sempre, o que era muito bom. Fabi lutou muito para ser dona do próprio negócio e vê-lo crescendo dia após dia me deixava feliz.

Fabi estava conversando com um homem encostado em seu balcão. Me sentei na banqueta ao lado com uma leve impressão de que conhecia aquele cara de algum lugar.

Não era só uma leve impressão, eu conhecia o sujeito. Era meu vizinho de apartamento e tinha se casado a poucos dias!

— A gente se fala outro dia, Fabi. — Não sei qual foi o assunto que conversaram, mas Fabi parecia triste.

— Fabi? — A chamei baixinho, mas ela não ouviu. — Quem é você e o que fez com a minha Fabi? — Ela finalmente nota minha presença.

— Bom dia Terezinha.

— Aconteceu alguma coisa?

— Não aconteceu nada. E nem vai acontecer.

— O que tá rolando entre você e o David? — Fabi balançou a cabeça, os cachos perfeitos balançando junto.

— É uma longa história.

— Eu tenho tempo.

— Falta menos de meia hora até Eris chegar e começar o expediente.

— Eu dou uma enrolada nele. Falo que fiquei com diarreia explosiva, ou algo do tipo.

Fabi riu aliviando o clima estranho que tinha tomado conta da nossa conversa.

— Tudo bem.

Realmente demorou até que ela contasse tudo, mas meu chefe sequer se importou com meu atraso.

A coisa era antiga. David e Fabi eram próximos e ele ficava flertando com ela, e Fabi, de pouco e pouco foi caindo na conversa dele até que quando percebeu já estava apaixonada. Ele sempre deu a entender que gostava dela e isso foi o que ia alimentando a ilusão da minha amiga. Eles saíram algumas vezes, até que de repente, tudo parou. Depois veio a notícia de que ele estava noivo.

Fabi se dedicou em o esquecer, e estava dando certo até que esse atribulado veio hoje querendo que ela volte a sair com ele e que viesse a ser a outra da relação. Aquilo a deixou péssima e depois com muita raiva.

Eris atendia um garotinho e a mãe dele estava sentada aqui na recepção distraída com um programa na tv. Meu celular vibra com uma mensagem, abri um largo sorriso ao perceber que era minha mãe.

“O trânsito está horrível, vou demorar mais um pouco pra chegar aí’’

“Tudo bem, mãe’’ respondi “obrigada por vir me buscar”

“De nada meu amor. Quando eu chegar na rodoviária vou direto pra onde você trabalha pra irmos juntas embora”

Minha mãe é uma gracinha.

Conversei durante bons minutos com ela, vez ou outra mandando áudios, enquanto via pelo topo da tela mensagens de Fabi chegando. Muitas mensagens e vários prints. A fofoca da vez devia ser bem pesada para todo aquele escândalo.

Finalmente resolvi ver o que tanto a perturbava e me deparei com prints de conversas entre ela e David. Meu queixo caiu e pulei da cadeira.

Saí correndo do consultório e fui atrás de Fabi na padaria.

— “Ela soube de tudo e está indo aí, me desculpe’’?!

— Eu não acredito no que li.

— Ele quer que você faça o que com essa informação? Coloque uma placa lá fora escrito “bem-vinda”?