Caminhamos bem próximos um do outro, tanto por causa das investidas de Anthony quanto pela leve falta de estabilidade dele graças à bebida durante o jantar.
Paramos na calçada, próximo à entrada do estacionamento subterrâneo, o qual eu não tinha vontade alguma de conhecer.
— Gostou do jantar?
— Sim. É bem interessante o lugar. Diferente do que estou acostumada. — Era horrível. Ambiente lotado de gente rica e metida me encarando como se eu estivesse fedendo a galinheiro sujo, comidas tão estranhas que eu não sabia por onde começava ou terminava e tantos talheres… burgueses frescos.
Anthony deu um sorriso e olhou pra minha boca. A voz de Fabi surgiu gritando no meu subconsciente “Alerta de beijo! Faça alguma coisa!”
Apesar de tudo o que aconteceu eu ainda não sentia aquela coisa por Anthony, aquilo que deveria me fazer ficar feliz por ele querer me beijar e ter algo comigo. E quando ele me beijou eu me senti incomodada. Tenho noção de que muitas mulheres queriam estar no meu lugar mas...
Como eu iria querer beijar outro homem se no final das contas só um habitava 24 horas por dia na minha mente?
Como eu ia querer outro alguém sem ser o homem pela qual eu me apaixonei de forma ridícula?
A quem eu estava tentando enganar em todo esse tempo? Eu não iria conseguir esquecer Eris e agora eu tive completa noção disso.
— Isso foi um erro. — Consegui dizer.
A rua naquele ponto não estava tão movimentada, e agradeci internamente por isso, a maneira como Anthony me encarava me dizia que as coisas não iriam terminar bem.— Por que está dizendo isso?
— Eu senti que deveria dizer, você parece estar confundindo as coisas. — Expliquei.
Anthony deu um passo à frente.
— Em quê estou confuso, Tereza? — Seu tom de voz frio me fez querer recuar.
— Você vem agindo como se estivéssemos em um relacionamento. — Uma risada estranha escapou de seus lábios.
— Que curioso, por que eu realmente achei que estávamos, já que você aceitou sair comigo todas as vezes.
— Eu só queria conversar com você. Anthony, eu já lhe disse que não estou procurando um relacionamento sério por agora.
— Mas aceitou cada presente e cada ida a lugares caros para uma mulher com as suas condições. — Uma... mulher com as minhas condições? Ele acabou de me chamar de pobretona?!
— Como é que é?
— Olhe, não é a primeira vez que encontro uma do seu tipo. Saem com caras que tem dinheiro para depois descartá-los quando lhe bem convém.
— Cara cê tá ouvindo o que tá dizendo? — Anthony cruza os braços e levanta uma sobrancelha antes de me responder, com a maior cara de pau.
— Estou errado?
Ah mas ele vai ver, eu vou acabar com essa racinha ruim desse hetero top burguês insuportável!
Uma risada feia saiu de mim, da minha garganta e, ao que tudo indica, de algum lugar da minha alma também. Retirei o bracelete do pulso e o fiz segurá-lo.
— Eu sou interesseira e você é burro! Bur-ro! Gastou dinheiro porque quis, eu lá tenho cara de agiota pra te obrigar a me dar dinheiro?
— É assim que agradece tudo o que eu fiz?
— Eu vou agradecer te dando uma sapatada no meio da sua testa, ô jacu.
Foi a vez dele rir indignado. Éramos uma mistura de dois tapados raivosos e ofensivos.
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𝐑𝐚𝐢́𝐳𝐞𝐬 𝐚𝐦𝐚𝐫𝐠𝐚𝐬, 𝐚𝐦𝐨𝐫𝐞𝐬 𝐝𝐨𝐜𝐞𝐬
Romance⋆˚࿔ Cover by: @jisngbchan 𝜗𝜚˚⋆ Maria Tereza - normalmente chamada apenas de "Tereza" ou até "Terezinha" (pela sua melhor amiga) - trabalha como assistente odontológica no centro de Belo Horizonte, em um consultório chamado 𝙎𝙤𝙧𝙧𝙞𝙨𝙤 𝙁𝙚𝙡𝙞�...