capítulo único.

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WOOYOUNG E SAN SEMPRE PARTILHARAM TUDO UM COM UM OUTRO. Eram melhores amigos desde a infância e confiavam cegamente um no outro, conhecendo-se como a palma da própria mão e antecipando como cada um reagiria a qualquer situação. Era comum ouvir "ele não reagiria assim" ou "ele não é assim", porque realmente sabiam quem o outro era. Essa transparência mútua era algo que ambos valorizavam profundamente.

Para os outros, nem tanto, mas Wooyoung possui o E de seu MBTI completamente certo — pois ele pouco se importa com tal coisa assim como Choi — e o I do MBTI de San também estava.

Literalmente, eles eram opostos, mas se encaixavam perfeitamente. San apreciava ter um único extrovertido em sua vida, achando a maioria dos outros extrovertidos irritantes e forçados. Wooyoung, no entanto, era espontâneo e natural, o que o tornava uma exceção agradável.

Então, novas coisas começaram a acontecer em suas vidas. Uma dessas mudanças foi Wooyoung descobrindo que não gostava apenas de mulheres. No final das contas, ele foi duramente trocado por um cara mais velho no seu antigo relacionamento, muito popular na faculdade; por ficar com quase meio mundo, mas era assim a sua popularidade. Wooyoung e San não conseguiam entender como a ex-namorada do Jung, uma garota tão cabeça no ar — e mesmo assim, sabia-se que Wooyoung também era, por isso que eles pareciam o casal perfeito visto pelos outros —, conseguiu fazer com que o cara mais rodado da faculdade realmente se comprometesse. Além disso, San percebeu que Wooyoung estava se esforçando para não odiar o novo namorado dela, pois Jung Jaehyun — o dito cara mais rodado — era primo de Wooyoung.

Isso mesmo, a ex de Wooyoung o trocou pelo seu próprio primo..

San obviamente ficou devastado com isso, mas nunca poderia imaginar a dor que Wooyoung estava sentindo. Felizmente, ele conseguiu superar. No entanto, começaram a surgir dúvidas sobre a própria sexualidade de San, pois cada vez que via Jung com a namorada, sentia ciúmes. Ele não sabia se era porque ele e Wooyoung faziam tudo juntos e não estavam prontos para que algum deles começasse a namorar, já que nunca haviam discutido essa possibilidade. Afinal, quem teria a coragem de dizer "olha, quando eu começar a namorar, você não pode andar no meu pé"? Isso ficaria mal visto.

San aguentava, pois ele também não conseguia explicar nem para si mesmo o que sentia. Não sabia que tipo de ciúmes eram aqueles, e tinha certeza de que, se um dia namorasse, também não gostaria que Wooyoung se sentisse assim.

Bem, pelo menos, se fosse Wooyoung, seria tão mais fácil... Realmente seria. Seus pensamentos eram uma confusão constante, misturando Wooyoung, amizade e sentimentos, deixando-o profundamente desorientado. Ele ficava tão confuso que, quando corava, nunca sabia se era por causa das palavras sujas de Wooyoung ou porque ele era incrivelmente lindo e sua risada era a música mais doce para seus ouvidos.

Talvez San gostasse de Wooyoung.

Só talvez.

Wooyoung havia superado sua ex-namorada e não gostava apenas de mulheres. Mas San sabia de sua própria sexualidade tão bem quanto sabia de matemática.

Não gostava muito da ideia de beijar na boca. Não tinha gostado quando beijou uma menina. Mas, quando beijou Wooyoung, fez uma careta notável por conta do gosto de cigarro, tentando disfarçar o incômodo que isso causou em Wooyoung.

Eles nunca falaram sobre o assunto, tentando fingir que nada havia acontecido, mesmo depois de terem dormido juntos na enorme cama de Wooyoung. Wooyoung gostava de dormir abraçado ao corpo robusto de San, assim como gostava de se abraçar a ele quando era completamente magro, como se o protegesse. Agora, era o contrário.

Os sentimentos de San cresceram, mas o medo da rejeição era grande. Wooyoung nunca mais o beijou, nem abandonou o vício do cigarro, que começou aleatoriamente aos dezenove anos. San nunca entendeu como esse vício começou, mas por mais que quisesse, não conseguia fazer Wooyoung parar. Não conseguiu convencê-lo a iniciar um tratamento, e logo faria dez anos que Wooyoung fumava.

Mas tudo bem, um dia ele conseguiria. Afinal, Wooyoung sentia-se culpado por San não gostar de seu beijo, esquecendo até a probabilidade de San sequer gostar de homens. Na sua cabeça, San não gostava do beijo apenas porque ele era fumante.

— O que é isto? — San perguntou, com os nervos à flor da pele, sentindo-se suar frio ao ver uma marca no pescoço de Wooyoung. Quando Wooyoung passou a mão, o que parecia ser um chupão saiu na sua mão. — Por que fez isso? — Wooyoung apenas riu.

— Queria te enganar, só isso.

— Isso me chateia, sabe? Desta vez parecia real.

Wooyoung adorava ver San com ciúmes, mas San odiava mais do que tudo sentir ciúmes.

Mesmo depois desse episódio, Wooyoung levou San para ver o pôr do sol. San não queria ir, mas acabou gostando de ter as costas largas de Wooyoung — embora não tão largas quanto as suas — apoiadas no seu peito quando se sentaram na grama de um pequeno descampado. Eles adoravam brincar ali quando eram mais novos, pois havia um campo de futebol ao lado. Felizmente, naquela hora não havia ninguém por perto, e eles poderiam jogar mesmo com a latinha de Monster que haviam bebido juntos.

— Sabe, eu gosto de ter certeza de que você tem ciúmes. — Wooyoung começou. — Me faz ter um pingo de esperança depois de você reagir com aquela careta depois de eu te beijar, pois não te vejo falando de mulheres, leio seus tweets e você fala de homem indiretamente, então, eu gostava de saber San, pois eu partilho tudo com você desde novo.

— É algo que eu nunca pensei ter dúvidas, pois eu pensei que seria igual a todos os padrões. Não sei, eu brincava de bonecas, isso é verdade, mas eu fazia casais com os peluches de nome masculino. Então, claramente, eu sonhava em ter a namorada mais bonita do mundo.

— Eu sonhava em não ser corno como o meu pai foi antes de conhecer a minha mãe. — San acaba rindo. — Mas, acho que vai dar ao mesmo o meu caso, pois não sei se meu primo andou com ela antes.

— Não quero falar disso, pois sei que é algo que mesmo você tendo superado, você ainda pensa que é você o culpado.

— Não, não penso mais nisso, pois eu estou gostando de outra pessoa. Sinto sentimentos muito melhores por outra pessoa.

— Ah... Felicidades se der tudo certo.

— San, pelo amor de Deus. — Wooyoung olha San. — Olha, quer saber a real? Não me importo se não gosta do meu beijo por ser fumante, eu cuido do meu hálito melhor desde isso. Pode me chamar de fedido por ser fumante, mas você sabe bem que eu sou cheiroso. E saiba que a minha cama, sendo o mais sincero possível, é uma cama de casal pois você não cabe numa cama normal. Eu gosto de gente mais baixa, sou sincero, mas eu dou o desconto a você por ter crescido. Pois, sinceramente, sua puberdade veio tarde, mas compensou imenso. — San acaba corando, não sabendo sequer se ele estava sendo sujo com suas palavras, virando um tomatinho ao ponto do não conseguir olhar. — Olha para mim, seu bobo. Tenho sentimentos por você. Sinceramente, nunca pensei na chance de sempre ter tido um fraquinho. O amor é cego, realmente, mas também, antes de eu acertar, eu sempre erro, então claramente você estava ali para mostrar que eu posso acertar mesmo tendo errado, pois né, teve que ter alguma explicação para não dar certo. Se der certo com você, é porque realmente é para dar certo. Nossa amizade não vai mudar, afinal, não mudou quando não gostou do meu beijo.

San respirou fundo enquanto o encarava por obrigação do Jung, mas assim que Wooyoung se cala e o olhar de San vai até aos lábios gordinhos, ele reza para que não tenham gosto de cigarro, beijando-os pela segunda vez assim como era a segunda vez beijando em quase vinte e oito sete anos da sua vida.

Desta vez, os lábios de Wooyoung sabiam a cigarro junto de refrigerante. E ele amou. Nunca pensou que gostaria com algo envolvendo cigarro pois desejava com todas as forças que ele deixasse, mas essa combinação, realmente ficou estranhamente satisfatória.

— Eu gosto de você, San. — Wooyoung diz, assim que o beijo se finaliza com um estalinho suave; fofo.

— Eu tinha medo da rejeição, pois o talvez sobre gostar de você, já era certo na altura que você namorou sua ex.

— Rejeição? Porquê? Eu te beijei!

— Por causa disso mesmo.

— Pois bem, eu estou pobre neste momento e já partilhei o facto que gosto de você, então, você, Choi San, está namorando comigo e se quiser textão leia a bíblia e se quiser aliança no dedo, me beije. — San sorriu, beijando mais uma vez o Jung, ficando os dois nesses momentos mais fofos enquanto o sol descia por completo, deixando o momento ainda mais bonito, ficando uma bela memória romântica para o novo casal.

Feelings | woosanWhere stories live. Discover now