Dia 4

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"No pior dia da minha vida, eu concluí que
A tristeza é ruim
Mas não impregna
Não é eterna
E dói, machuca
Eu queria ser triste."

As terças-feiras eram tão ignoradas quanto Billy em qualquer ambiente. Exceto quando ele forçava sua presença, como alguma terça-feira fazia ao se ter um compromisso nela.

Diferente do dia anterior, o alvo de Billy esteve ocupado durante o período escolar inteiro. Por isso, uma preocupação se instaurou em seus ombros.

Afinal, a pessoa em específico estava em um relacionamento de emoções intensas, nas quais a faziam ficar com o parceiro quase o tempo todo. Não que isso afetasse Billy, quando a conheceu, ela já era assim.

Além disso, Billy havia tentado mandar mensagem para evitar imprevistos e conseguiu ser completamente ignorado – não exatamente, na verdade, sua mensagem nem sequer foi visualizada.

Após a aula, torcendo por sua boa sorte, Billy atravessou todos os tumultos de alunos desesperados para irem embora e alcançou a saída. Seus olhos alcançaram seu alvo, que estranhamente estava sozinha.

Billy sempre foi alguém observador. Quando se era ignorado, era fácil viver às custas da vida alheia. Então, ao ver a pessoa sozinha, seu sexto sentido foi ativado de imediato.

Cautelosamente, ele se aproximou e cutucou as costas caídas dela. O alvo se virou e revelou algo que Billy não esperava.

Um rosto tremendamente choroso.

O alvo em questão era Finney Blake, a garota mais inteligente que Billy conhecia. Suas notas era exemplares, especificamente em matemática, ela nunca faltava uma aula e, ainda por cima, era muito gentil.

Diferente de Griffin, que se movia de qualquer jeito, Finney era delicada e feminina, com seus cachos castanho-claro até os ombros, seu rostinho definido e seus olhos tão profundos e atrativos. Talvez fosse por isso que as investidas masculinas contra ela fossem frequentes.

Obviamente, isso não agradava em nada seu namorado, Robin Arellano. Mas ele não descontava seus ciúmes na garota, então não costumava ser um tópico relevante.

Quer dizer, não costumava ser até agora.

Billy olhou em volta, procurando qualquer sinal de Robin Arellano, mas nada encontrou. Ele e Finney viviam grudados um no outro, eram unha e carne, e, quando o grupo de amigos decidia dar um passeio, um só iria se o outro também fosse. Por isso, estava estranhando muito a solidão de Finney.

— O que você quer, Billy? - Finney cansou de lhe ver parado olhando para os lados, esbravejou e soluçou. — Veio me encher com suas perguntas? Eu não vou te contar porra nenhuma.

Billy arqueou a sobrancelha e cruzou os braços, sem entender o que ela queria dizer. Perguntas? Contar?

A única pergunta que Billy tinha a fazer era se Finney queria sair para dar um passeio consigo.

— Não faço ideia do que cê tá falando, eu só vim te chamar pra dar um rolê.

Finney bateu o pé no chão e cerrou os punhos, extremamente enraivecida. As cachoeiras oculares só aumentavam e seu rosto ficava cada vez mais avermelhado, em específico as bochechas e a ponta do nariz - Finney sempre ficava assim quando chorava.

Billy se lembrava da quantidade de vezes que havia ficado assim há muito tempo. Era quase todo dia pelos assuntos mais idiotas e irrelevantes; além da vez que chorou por culpa de um cálculo matemático, teve a vez em que chorou porque quebrou um copo ao lavar a louça. Agora ele nem lavava.

— Você acha que eu sou idiota? Você veio me perguntar sobre a briga do Robin, né? Vai lá perguntar pra ele, não pra mim!

Briga? Billy nem sabia que Robin havia brigado. Por que Finney agia como se soubesse?

7 Dias Para a Morte de Billy ShowalterOnde histórias criam vida. Descubra agora