Dia 4

38 5 30
                                    

"No pior dia da minha vida, eu concluí que
Mentiras são feitas de verdades
Talvez verdades sejam feitas de mentiras
Já não sei dizer se estou mentindo."

Finney Blake sempre teve algum tipo de dom para impressões boas ou ruins. Quando ela sentia que algo negativo iria acontecer - ou positivo -, acontecia. E quando Finney tinha certeza de que X pessoa era horrível, ela realmente era.

O problema em questão era que sua intuição não era exatamente confiável para todos os momentos, porque ela quase nunca se mostrava. Finney tinha passado maior parte de sua vida experimentando os horrores como qualquer outra pessoa fazia; não tinha uma voz na sua cabeça para lhe alertar na vez em que um garoto cismou que queria ser seu namorado - spoiler: não foi - ou quando ela resolveu ajudar outra pessoa na prova - e acabou na diretoria.

Não era difícil viver sem esse dom, todo mundo era assim.

Mas isso mudou quando Finney começou a namorar Robin Arellano.

"Cadê você?" Finney digitou para seu namorado, que estudava na sala ao lado e deveria estar na porta de sua classe para lhe buscar para passarem o intervalo juntos.

Robin não fazia isso, não costumava sumir sem sequer uma explicação. E a merda de sua intuição não queria colaborar para lhe ajudar a achar uma resposta. Tudo que Finney tinha consigo era a ansiedade de algo estar errado e ela ser a única a não saber.

Desistindo de ficar teclando e apagando as próximas palavras várias e várias vezes, Finney enfiou o celular no bolso e decidiu procurar por seu namorado sozinha. Talvez ele só estivesse usando o banheiro ou lidando com suas notas na diretoria.

Mas a procura de Finney logo chegou ao fim quando ela virou o corredor e ouviu os incessantes burburinhos em contraste com os gritos no meio da quadra.

Foi naquele instante que a intuição de Finney explodiu em sua cabeça. A roda de pessoas contornando algo ou alguém, os barulhos, o ambiente, tudo esclarecia para uma possibilidade que temia mais do que o diabo temia a cruz.

Robin Arellano, seu namorado, estava brigando. De novo. E depois de ter prometido que não faria mais isso.

Finney amava seu relacionamento, tinha a sensação de que sua vida não seria tão agradável e brilhante sem seu namorado ao seu lado. Mas, às vezes, era tão desgastante repetir as mesmas coisas, porque Robin quase nunca mudava seu comportamento enquanto prometia o fazer. Ele era teimoso e estressado, não conseguia controlar suas próprias emoções e deixava Finney maluca de preocupação.

Ela só conseguia pensar nos machucados e castigos que Robin pegaria depois que sua raiva passasse e ele parasse a briga que havia montado no meio da quadra. Finney apressou seus passos para impedir as consequências, mesmo sabendo que não conseguiria.

Com certo esforço, ela atravessou algumas pessoas e conseguiu bater no ombro de uma conhecida.

— Caralho, Finney, cê tá vendo o que seu namorado tá fazendo? - Era Griffin, que milagrosamente não estava mexendo no celular em um canto isolado da escola. — Ele vai matar os outros caras.

Finney arregalou os olhos e nem respondeu, apenas continuou atravessando as pessoas e pedindo licença.

Quando saiu do labirinto, aquela intuição lhe agarrou com força e deixou seu corpo tenso, a respiração ofegante, os punhos cerrados e a boca aberta.

Robin, o garoto brincalhão, animado, sorridente e carinhoso estava espancando três pessoas que estavam inconscientes ou quase isso. Ele não parava, era como se sentisse um prazer doentio, mesmo que as caretas em seu rosto dissessem o contrário.

7 Dias Para a Morte de Billy ShowalterOnde histórias criam vida. Descubra agora