Dia 7

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"No pior dia da minha vida, eu concluí que
A tão sagrada água
Em seus formatos, banha
Limpa corpo e alma
Mas sua correnteza não limpa a dor."

O peito de Billy estava sofrendo de uma dor excruciante e horrível. Ele abriu os olhos e, de repente, aquele céu cinzento estava azul e o sol estava lhe atingindo sem dó nem piedade.

Billy deu uma arfada forte e alta, piscando seus olhos o quanto podia. Seu peito estava pressionado por duas mãos, para cima e para baixo. Ali estava a origem da dor.

Forçando sua visão, Billy encontrou um corpo sobre o seu, olhando fixamente para as próprias mãos.

Baby Shark, doo-doo-doo, Baby Shark, doo-doo-doo...

Era Robin. Seus fios estavam desgrenhados e molhados, pingando sobre as roupas de Billy. Ele parecia estar em um estado longe daquele mundo, cantando por algum motivo a música Baby Shark e esmagando Billy.

O que estava acontecendo? Billy tentou se lembrar do que havia acontecido antes de parar naquela situação, mas era difícil quando seu peito estava sendo pressionado com força.

— Robin...? - Billy chamou fracamente e finalmente foi liberto da pressão.

Robin ergueu o rosto e saiu de cima de suas pernas - ele estar ali antes era muito anti-ético - com os olhos arregalados. Ele ficou ao lado de Billy e agarrou sua mão.

— Puta merda, Billy, puta merda. - Ele balançou a cabeça e fechou os olhos, evidentemente tentando conter lágrimas. — Eu achei que... Eu...

Billy arqueou a sobrancelha e se esforçou para se levantar. No entanto, antes que pudesse sequer se sentar, uma tontura forte e dominadora tomou seu corpo e ele tombou novamente.

O céu azulado, o sol brilhante, os fios negros de Robin pingando água, tudo sumiu. Só sobrou preto.

Lentamente, sua respiração foi se acalmando e se tornando silenciosa. O movimento em seu corpo se tornou inútil.

A última coisa que Billy sentiu antes de perder completamente a consciência foi algo áspero em sua bochecha, que molhou ainda mais seu rosto.

* * *

Tinha algo horrível na garganta de Billy, como palavras não ditas, mas era um material físico. Ele abriu os olhos mais uma vez e agora era uma luz branca que lhe cegava.

Ao se acostumar com a luz, Billy desviou o olhar para os lados, tentando reconhecer o ambiente. As paredes e o teto eram brancos, tinha um barulho de algo apitando bem ao seu lado e o ar era frio.

Billy tentou mover seu corpo para se localizar melhor, mas logo se mostrou inútil. Estava fraco, exausto e confuso.

Como havia parado ali? O que era aquilo em sua boca e garganta? Era incômodo, Billy não conseguia falar.

De repente, a porta abriu e uma mulher de jaleco, cabelo preso e óculos adentrou o quarto. Ficou lá por poucos segundos, o suficiente para ver que Billy estava consciente, e chamou o médico.

Agora quem entrava era um homem alto, com roupas semelhantes às da mulher. Ele se aproximou com um sorriso pequeno.

— Billy, certo? Você está no hospital. Não se preocupe, estamos cuidando de você.

Hospital? Billy piscou e tentou falar, mas aquilo em sua boca lhe impedia.

O médico trocou um olhar com a enfermeira e decidiu libertar Billy do incômodo. Segundos depois, Billy descobriu que estava com um tubo enfiado na boca, aparentemente para que respirasse já que não estava fazendo isso sozinho.

7 Dias Para a Morte de Billy ShowalterOnde histórias criam vida. Descubra agora