Dia 5

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"No pior dia da minha vida, eu concluí que
Se as consequências vêm das minhas escolhas
Eu gostaria de voltar no tempo
E descobrir o que foi que eu fiz."

O penúltimo dia de despedida chegou, uma quarta-feira. Billy morreria em dois dias, sem preocupações ou relações inacabadas para trás. Mesmo assim, ele não se sentia ansioso ou nervoso para isso; seria só mais um dia como qualquer outro, a diferença era que aquele determinaria seu fim.

O amigo da vez era Robin Arellano, um mexicano de cabelos longos e pretos, praticante de artes marciais, rosto dividido entre belo e fofo e, por fim, o famoso namorado de Finney Blake.

Billy se lembrava do dia que falou com ele pela primeira vez. Havia sido alguns dias depois de ajudar Finney. Robin se aproximou com os punhos cerrados e uma carranca enorme no rosto e, obviamente, Billy presumiu que levaria uma surra.

Apesar de saber que não tinha uma chance sequer com alguém que parecia ser muito mais forte do que ele – e mais tarde Billy descobriria que isso era culpa das artes marciais -, Billy não iria recuar em uma briga. Apanhar por ter ajudado alguém era um nível de ridicularização que nem os maiores trouxas aceitariam.

Felizmente, Billy não teve que lidar com nenhuma briga ou surra.

"Cara, valeu mesmo por ter ajudado minha namorada."  Robin começou o assunto diretamente. "Eu não sabia que aquele babaca tava enchendo o saco dela. Já cuidei dele."

Os olhos de Billy se arregalaram e ele engoliu em seco. Ele estava esperando um surto de ciúmes incapaz de compreender a gravidade da situação na qual Finney havia sido submetida e uma babaquice sem tamanho no seu ouvido, no entanto, o que recebeu foi um agradecimento.

Não que isso fosse ruim, longe disso. Era só... Estranho? Talvez fosse porque Robin era estrangeiro e tinha outros costumes. No mundinho de Billy, qualquer homem teria ficado puto da vida.

"Cê não tá irritado por, sei lá, eu ter dito que era namorado dela?" Billy arqueou a sobrancelha e perguntou por garantia.

Robin soltou uma risada alta e colocou as mãos na cintura, olhando para Billy como se ele fosse um idiota. A pergunta poderia ter soado estúpida em seus ouvidos, Billy nunca parou para perguntar, sequer pensava muito nessa questão.

"Não, eu não ligo. Ela sabe que quem namora com ela sou eu."

Era uma memória engraçada, Billy mais tarde conheceu a fama de Robin e soube que ele era ciumento e super-protetor com a namorada, então foi surpreendente não ter saído daquela conversa com um olho roxo.

Robin era uma companhia agradável, sempre tinha ideias malucas, ria com qualquer besteira e era alguém muito animado. Por isso, Billy se adiantou e mandou uma mensagem logo antes da aula na esperança de que seu amigo não tivesse arranjado um encontro com Finney ou outra encrenca para se meter naquela tarde.

Imediatamente, Robin respondeu com um joinha, algo muito normal para ele: falava demais, digitava de menos. Billy sorriu para o celular, mas então Robin continuou.

"Preciso da sua ajuda."

Algo dentro de Billy se quebrou como cacos de vidro no chão. A única diferença era que nenhuma vassoura limparia a sujeira.

Era só uma coincidência. Robin não teria aceitado só porque precisava de ajuda, certo? Não mesmo, ele não era assim.

Ou era? Talvez não fosse, mas com Billy ele mudasse.

Não importava, Billy morreria em dois dias. Nada mais era relevante em sua vida miserável.

Mas não era normal sentir apenas uma quebra dentro de si mesmo. Ele precisava de alguma tristeza e decepção, e realmente tentou se importar e se sentir ansioso com o que Robin queria de si.

7 Dias Para a Morte de Billy ShowalterOnde histórias criam vida. Descubra agora