Não há mais dias para contar

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"No pior dia da minha vida, eu concluí que
Ignorância é uma bênção
Ignorância é uma dádiva
Mas quando a falta do saber te machuca
Ignorância é uma maldição
Ignorância é uma desgraça."

Após um longo período de melancolia - mais do que Billy gostava -, seus pais decidiram dar espaço aos seus amigos. Querendo ou não - obviamente não querendo -, Billy tinha outras visitas que aparentemente se importavam.

Billy não sabia se deveria confiar no avanço de sua relação com seus pais e na mudança em sua vida, mas não tinha outra opção. Ele havia falhado no suicídio, seus genitores sabiam disso e agora a dificuldade de ter acesso a qualquer coisa que poderia lhe matar facilmente havia aumentado.

Naquele instante, Billy precisava respirar fundo e pensar no que iria dizer para cada um de seus amigos. Levando em consideração a sagrada regra hospitalar de não poder ter mais do que duas visitas em um quarto, ele só tinha que lidar com um de cada vez.

Por isso, ainda seria um eufemismo dizer que Billy ficou surpreso quando ouviu alguns sussurros na porta enquanto estava com os olhos fechados e tentando reorganizar seus pensamentos.

— Vai logo, antes que vejam, vai, vai.

— Fecha a porta, abestado.

— Alguém deveria ficar lá fora pra vigiar.

— Vai você, então.

— Jesus Amado, discutam mais tarde.

Billy levantou o rosto com a sobrancelha arqueada e encarou a porta, na qual era a origem do som. Seus olhos se arregalaram e sua boca sem palavras a dizer se abriu.

Aonde estava a famosa regra de duas visitas por vez? Afinal, Billy estava vendo cinco pessoas em seu quarto.

Griffin, Bruce, Finney, Robin e Vance se calaram quando perceberam que tinham falado alto demais e acidentalmente atraído sua atenção antes da hora. Talvez pensassem que Billy estava dormindo, porque tinha seus olhos fechados e reflexivos.

A palavra que definia a situação era constrangimento, no nível em que Billy pensava por que diabos a Dona Morte não lhe levara de uma vez. Ele estava encurralado em uma cama de hospital contra cinco pessoas que nem deveriam se lembrar de que existia até que precisassem de alguma coisa.

O que costumava ajudar nesses momentos? Billy tentou se lembrar do que fazia quando existia um clima pesado e horrível pairando o ar.

Ser engraçado costumava ajudar bastante.

— Então, quem foi o palhacinho da vez que falou pros meus pais que eu tentei me matar? - Billy sorriu falsamente e arqueou a sobrancelha. — Me fodeu pra caralho, tá? Vai ter que ir lá explicar pra eles que foi só uma piada.

Os cinco trocaram olhares miseráveis e confusos, totalmente desacreditados em suas palavras. Eles realmente acreditavam que Billy tinha tentado se matar.

Não, eles não acreditavam. Eles sabiam.

Billy engoliu em seco e desistiu de mudar a situação constrangedora. Agora todos sabiam que era um perturbado com tendências suicidas e necessidade de atenção constante. Era melhor só deixar todos expressarem suas condolências e esperar pela volta à normalidade em, no máximo, duas semanas.

— Sabe, você podia... Ter pedido ajuda. - Bruce pigarreou e cruzou as mãos, desviando o olhar para a parede.

Bruce não seria a pessoa mais acessível para se pedir ajuda, Billy sabia que ele estava com todas as energias destinadas a Vance. Ele só estava sendo gentil, suas palavras poderiam ser desconsideradas nesse quesito.

7 Dias Para a Morte de Billy ShowalterOnde histórias criam vida. Descubra agora