Capítulo 2

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Enquanto isso, no planeta Terra, Angélica estava no banheiro. Ela lavou o rosto com água e sabão e depois secou-o com uma toalha ao lado. Pegou um batom da mesma cor de sua pele e o aplicou suavemente nos lábios, fazendo movimentos como se estivesse mandando beijos para seu próprio reflexo. Angélica era uma garota de quinze anos, tinha pele mulata e olhos pretos e brilhantes. Seu cabelo longo e cacheado tocava seus ombros, e ela vestia uma camiseta branca regata e um short jeans, calçando um par de chinelos azuis-escuros.

Enquanto se olhava no espelho, apreciando sua beleza, piscando para seu próprio reflexo e exibindo seus belos dentes brancos em um largo sorriso, Angélica levou um susto ao ouvir o grito de seu pai, vindo da sala de estar:

— Angélica! Você está pronta ou não? Vamos logo, menina!

— Já estou indo! – ela gritou de volta.

Angélica se olhou uma última vez para o espelho, arrumou uma mecha de seu cabelo e finalmente saiu do banheiro.

Após sair de sua suíte, Angélica caminhou por um corredor longo e estreito até a sala de estar. Assim que chegou à sala, encontrou seu pai, com os braços cruzados e uma expressão zangada e ansiosa. Seu pai, Roberto, era um homem alto e musculoso. Seu cabelo, crespo, curto e preto, com alguns fios grisalhos, estava escondido por um chapéu verde-escuro de pescador. Tinha uma grande barba e bigodes pretos com alguns fios grisalhos. Seus olhos eram pretos e brilhantes, sua pele era branca e seus braços e pernas eram cheios de pelos. Vestia uma camiseta regata azul, um short verde-claro e comprido, que quase cobria seus joelhos, além de calçar um grande par de chinelos marrons feitos de couro.

— Até que enfim, hein? Pensei que você estava se aprontando para um casamento. – disse Roberto assim que Angélica parou na sua frente.

— E eu iria me casar com quem, pai? Com os peixes? – Angélica respondeu com uma das sobrancelhas erguidas e um largo sorriso zombeteiro no rosto. — Não estamos indo para uma pescaria?

Roberto sorriu de volta, sentindo orgulho por Angélica ter herdado esse seu temperamento mais orgulhoso e decisivo. Ela respondia na mesma entonação, mas não como uma forma de demonstrar arrogância, mas sim de maneira assertiva.

— Sim, estamos. Aliás, tome sua vara de pesca. – respondeu o pai, pegando uma das varas que estava em cima do sofá e entregando-a para a menina. — Vamos! Se não, vai ficar muito tarde.

Depois dessa breve conversa, Angélica e seu pai estavam prestes a saírem de casa, quando, de repente, ouviram a voz de uma garotinha gritando de maneira histérica:

— Angélica!

Roberto e sua filha olharam para trás e viram Júlia correndo em sua direção. Júlia era uma das irmãs de Angélica, mais precisamente a caçula. Ela tinha quatro anos, era baixinha e negra. Seus olhos eram pretos e brilhantes, assim como os de seu pai e de Angélica, e seu cabelo era crespo e no estilo "black power". Vestia um vestido azul florido, de malha leve, e calçava um par de sapatilhas azuis.

— Vocês vão realmente pescar, posso ir também? – perguntou Júlia assim que se aproximou dos dois, parecendo empolgada.

— Desculpe, maninha, mas só cabem duas pessoas no barco. – Angélica respondeu, com ternura, agachando-se para falar com a irmã.

A empolgação de Júlia pareceu dissipar rapidamente; ela ficou em silêncio e abaixou a cabeça, agora visivelmente triste. Roberto, que estava atrás de Angélica, viu-a conversando com a irmã e seu coração se amoleceu ao ver Júlia daquele jeito. Ajoelhou-se ao lado das duas e colocou sua mão sobre a cabeça de Júlia, alisando seu cabelo de maneira suave e carinhosa.

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