Capítulo 10

304 29 1
                                    


Acabou que fiquei até tarde.

-- Senhora, acho que alguém furou os pneus. -- disse o cocheiro.

- Não tem como trocar?

-- Vai levar algum tempo arranjar, talvez devamos mandar vir outro carro.

Não. Ninguém pode saber que eu vim até o vilarejo.

- Pedro, eu confio em ti. Tenho a certeza que irá arranjar o coche a tempo. —Pedro é alto, magro, negro e jovem, deve ter em torno de 19 anos. Apesar de magro, ele tem uma escultura muscular forte. Eu quero confiar em você.

-- Eu irei arranjar senhora, vou só comprar os materiais. -- Ele parece que ouviu meus pensamentos porque me olhou com determinação, e se retirou.

Eu dispensei os agricultores, e Augusto não pode ficar muito tempo porque sua mulher não se sente bem. Então foi mais cedo, caso não iria com ele.

Estou ao lado da carruagem, que por ser brilhante, chama atenção de algumas pessoas, que fazem questão de passar longe, e como não se o braço real se destaca. Devo procurar outros meios de chegar até aqui, senão a notícia de que alguém da família anda rondando o vilarejo. Pedro está demorando. Começo a dar algumas voltas já que estou ficando impaciente, quando de repente ouço o som de alguém sendo espancado, num beco escuro.

-- Cala boca, porra. Você pensa que está na sua terra. Vamos te fazer virar cinzas.

São três homens batendo num garotinho que mal dá para ver o rosto.

-- Mas, eu não fiz nada.

-- Você nos deve. Tem que pagar.

O que eu faço, eles vão matar aquela criança. Olho em volta, vejo um pedaço de madeira, madeira é inútil contra usuários de fogo, vejo um ferro e ainda é pior, vai esquentar minhas mãos. Pego num pedregulho, escondendo atrás das minhas costas.

-- Ei, o que vocês pensam que estão fazendo.

Simultaneamente os três se viraram para me encarar.

-- Cai fora. -- diz um deles.

- Rola mesmo, antes que sobre para ti.

---Não.--um deles sai da escuridão se aproximando de mim.

-- Vou te aquecer. -- o cara faz chamas surgirem em suas mãos. -- Quer ser incinerada?

-- Cai fora, pensa que tenho medo de ti. —merda o que estou falando, serei cozinhada viva. O cara dá um riso sinistro, e antes que ele me ataque dou uma pedrada forte na cabeça dele que o faz cair.

Os outros que haviam virado para atormentar o garotinho, se viram novamente assim que ouve o estrondo.

-- O que você fez, vadia.

-- Tem mais de onde veio essa.—deus costure minha boca antes que eu seja morta. Os dois se aproximam de mim, já formando bolas de fogo. A primeira é lançada e eu esquivo. A segunda também. Só que a terceira, eles unem suas bolas de fogo, e quando penso que vou ser carbonizada, outra chama interrompe o processo. Pedro aparece a sua frente, saca sua espada e golpeia os dois homens rapidamente. Tira de sua bolsa cordas que usa para amarrar os dois homens, essas cordas são mágicas, anulam qualquer poder e não podem ser queimadas.

-- Imperatriz está bem. Não devia ter lhe colocado em perigo, ao deixá-la sozinha. Me perdoe, mereço ser punido.

O abraço sem pensar duas vezes.

-- Obrigada, você me salvou. -- Me afasto e vejo que o deixou constrangido. Dou risada. -- eu que fui imprudente, a me afastar da carruagem, não se culpe.

Já ia me esquecendo do que me trouxe, aqui, me afasto de Pedro e me aproximo do garotinho que está num canto sem iluminação. Ele está bem encolhido. E seus olhos quase, nem se veem nessa escuridão.

-- Ei, está tudo bem agora, pode sair.

-- Obrigado por me ajudar.—ele diz num tom baixo, mas não faz questão de se mover. Deve estar ferido e não consegue se levantar. Quando tento tocar ele recua.

-- Só quero te ajudar, não vou te fazer mal. -- seus olhares demonstram desconfiança. —olha, eu sou uma simples mulher, e também sou estrangeira. Não te farei mal algum.

Acho que o fato de eu ser estrangeira lhe fez abaixar a guarda um pouco, então, envolvi minhas mãos, em sua cintura e o carreguei. Ele é um pouco pesado, mas nada que eu não possa carregar.

-- Senhora, deixa que eu o carrego. -- o garoto de cabelos castanhos se encolheu em meu corpo, olhando para Pedro com desconfiança.

-- Leve esses homens para a cela. Eu estarei te esperando na carruagem. Eu vou tentar achar os pais deles, devem estar por aqui.

-- Mas senhora...

-- Se nós dividirmos voltaremos cedo para casa.

A contragosto, Pedro arrastou aqueles três homens até a cela mais próxima. Agora com iluminação, posso ver melhor o garoto, que está em meus braços.

-- Como se chama?

-- Oriel, e eu não tenho pais, não me lembro deles, eu era escravo daqueles homens que foram presos.

Meus Deus, isso é tão triste para uma criança viver.

- Tem quantos anos?

-- 14 anos.

Não acredito, ele é tão pequeno que parece que tem dez anos, ele é baixo e desnutrido, parece até que vive debaixo de uma ponte.

-- Entendo. -- caminhei com ele até a carruagem que ainda não se montou o pneu. Parece que hoje eu irei voltar bem tarde.

Oriel, esse nome não me é estranho. Calma. Lembra garota, lembra?

Antes que eu pudesse lembrar, Pedro chegou correndo, me pediu desculpas e prontamente começou a arranjar a carruagem. Senti até quebras de tanto carregar a criança, mas eu não o quis deixar no chão. Se eu estivesse na situação dele iria querer também sentir esse conforto. E também, lhe ver sendo espancado, todo encolhido chorando, me fez lembrar do meu bebê.

-- Já está senhora. Podemos ir.

-- Certo. Me ajude a colocar Oriel dentro, ele irá conosco.

-- Entendido. 

ME TORNEI A ESPOSA DO IMPERADOR DO FOGO-REENCARNADA POR FÊNIXOnde histórias criam vida. Descubra agora