Capítulo 31

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RENOM DE FÊNIX

Estou no meu escritório trabalhando com Dércio, quando alguém bate na porta. Então uma serva aparece com lágrimas nos olhos. Seus lábios se movimentam, mas não entendi nada que ela disse. Olhei pela janela e vi a estufa pegando fogo. Fui informado de que Tony está com minha mãe, na estufa, tomando café. As chamas são belas, mas queimam tudo.

-- POR FAVOR, MEU SENHOR, SALVE, MINHA SENHORA. —A voz estridente de Tereza me tirou dos devaneios, então ela caiu de joelhos com lágrimas nos olhos.

-- Imperador. -- Décio.

Caí em mim. Então aquilo que a serva disse ressoa em minha mente. A estufa em que, minha senhora, se encontra está pegando fogo, e ela está lá presa.

Sai a correr em direção a estufa e enquanto fazia o percurso para lá, várias lembranças que para mim não faziam sentido, mas tinham a ver comigo passaram por minha mente. Como se eu estivesse vendo minha vida passando diante dos meus olhos, mas não era exatamente aquilo que vivi, havia mudanças. Algumas coisas coincidiam.

As imagens de Tony dizendo que me ama e que eu não lhe dou atenção o suficiente. Várias discussões que tivemos por causa das minhas traições. Mas, isso são coisas que não vivemos, mas, é como se já tivesse vivido isso. Fui a guerra, não me despedi dela. Oriel, o achei por acaso, durante a guerra. A distância emocional entre nós os dois.

Chegamos a estufa, então uma enorme explosão, estilhaçando todos os vidros. O cheiro de fumaça e morte. Olho em volta e nenhum dos dominadores de água, está em volta.

Então a imagem dela está gravida, e eu a mandando para o anexo. Então a distância completamente da minha vida. Vejo uma criança, parecida comigo, que poucas vezes eu ia o ver, uma criança muito parecida comigo, mas sensível tal como ela. Então a vejo adoecendo até morrer. Ouço o nome da criança. Ikki. Ela chora e se desespera com a morte da mãe, então seu corpo vira cinzas, e a criança é obrigada a viver sem a mãe.

Será que o que estou vendo foi o nosso fim?

As pessoas se aglomeram em torno da estufa, e mesmo com as chamas me impedem de entrar. Quebrou as telhas que barram o meu caminho. As chamas não me machucam, então não temo me queimar. Chuto os destroços, e adentro a estufa para a encontrar parada, de frente a entrada, as duas mãos em volta do ventre, e chamas, que não a queimaram, cobrindo seu corpo. Invés de a queimar, essas chamas impedem que qualquer destroço caia sobre ela. Como uma barreira.

-- Tony. —Sinto meu coração embrulhado, e não perco tempo antes de a abraçar.

-- Estou bem...—sussurra, em meu ouvido.

Não crendo, a coloco em meu colo e a tiro da estufa.

(...)

Foram chamados os médicos, os incêndios foi contido. Ela tem alguns ferimentos, mas nenhuma queimadura. Os médicos lhe deram um medicamento para que ela pudesse descansar.

-- Quero que se investigue como esse incêndio começou.

O médico disse que o bebê está bem. Mas, ela precisa repousar pois sua pressão arterial subiu bastante. Não fiquei surpreso quando ele falou sobre o bebê. Já faz algumas semanas que o comportamento de Tony está estranho. Sem contar, que qualquer pessoa bem estudada e com poderes, consegue sentir quando uma mulher está carregando um bebê. Pois, o feto em si, imagina uma mana próprio. E como sabe-se que as mulheres são neutras, ao sentir essa segunda presença só pode ser um bebê.

Sentei-me de frente a ela. Com as mãos em seu ventre me pergunto se tudo aquilo que eu vi, é real. Se realmente em uma outra vida, eu a deixei morrer e foi assim tão ruim para ela. Mas essa é a única opção, na história desse reino, fênix, nunca havia se manifestado desse jeito por uma mulher. A protegendo de suas chamas.

E há um mito que diz, que Fixa, pode conceder, um desejo especial, ao seu favorito. Lhe fazer recuar no tempo.

Tony sequer é desse país, não há como que ela seja seu favorito. A não ser que seja a criança que vi. Mas, é só uma hipótese, preciso ter certeza.

-- Olá. -- Por volta da meia noite ela acordou.

A encarei, sentido pesar dentro de mim uma turbulência, da qual não consigo me acalmar.

-- Oi...está se sentindo bem? —perguntei num tom suave.

- Estou com dores, o corpo todo. Como se tivesse corrido uma maratona. —limpou as lágrimas que vertiam com as costas de sua mão. -- eu pensei que ia morrer...não que eu tenha medo de morrer. Só que não queria morrer de um jeito tão horrível...e eu te chamei...

-- E, eu não ouvi. Se nossa ligação fosse ainda mais forte, eu teria pressentido, e isso não teria acontecido.

-- Eu não espero que seja meu herói.

Dentro de mim, gritei, mas eu quero ser.

-- Só que no momento do desespero...você foi a única pessoa em quem pensei. —disse com as mãos tampando seu rosto. Senti que ela tinha mais a dizer, mas se calou.

-- Vou buscar algo para você comer. —me levantei, abri a porta e disse ao guarda que está ao lado que mandassem que trouxessem algo para ela comer. Não sai da porta. Fechei-a, e fiquei esperando que trouxessem a bandeja. Então ouvi seu choro.

Sei o quanto ela odeia chorar na frente de mim. E se tudo que eu vi aconteceu. Ela odeia inclusive a mim.

Encostei minha cabeça no batente da porta. Suspirei. Me sentindo fora de mim. Seu choro não se prolongou por muito tempo, e antes mesmo do guarda, voltar com uma bandeja com comida. Seu choro havia cessado.

Ela deve estar engolindo o choro só para que eu não a veja num momento tão frágil.

-- Desculpe a demora. —Peguei na bandeja, e voltei a entrar no quarto.

Entreguei a sua comida. Sem lhe dizer nada. Afinal, nem sei o que lhe dizer. Sentei-me no sofá, e a deixei comer, assim que ela terminou tirei a bandeja para fora.

Voltei a sentar-me no sofá. Me sinto sujo por dentro para me aproximar dela. Então, se eu falhei, quem me garante que lhe sou merecedor. 

ME TORNEI A ESPOSA DO IMPERADOR DO FOGO-REENCARNADA POR FÊNIXOnde histórias criam vida. Descubra agora