First Fight

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— Definitivamente não.

Essa foi a resposta direta que recebi de Hanks assim que iniciamos nossa reunião. Desde minha conversa com Hotch, venho planejando os detalhes dessa mudança de percurso no plano. Pedi uma reunião com Hanks para discutir o assunto, mas não havia mencionado a pauta. Sua reação não foi o que eu esperava.

— Alguém que concorda comigo. — Hotch diz pela primeira vez desde que chegamos.

— Hanks, o vice-presidente quer Louise fora da zona de risco o mais rápido possível, senão ele manda uma tropa de elite. Você quer Stanton na cadeia pelo resto da vida. Estamos infiltrados há um ano e, agora que conseguimos a confiança daquele homem, tirar Louise de lá vai fazer ele cometer uma loucura e errar em algo.

— Aí que está, Elizabeth. Se ele enlouquecer por não ter Louise, ele vai descontar a fúria em você, e a missão não deve ter mortes. — Hanks me repreende de forma autoritária.

— Hotch, por favor, me ajude. — Me viro para o moreno que está sentado, observando tudo.

— Eu sou contra a ideia, Elizabeth, e você sabe disso. Não vou mudar minha opinião.

Encaro-o, pasma com sua reação, e sinto parte de mim se quebrar com sua resposta. Eu só queria que ele me apoiasse. É uma ideia perigosa, sim, mas já estou na linha de fogo, não há mais o que queimar. Uma vida por centenas de mulheres é uma troca justa.

— O que você tem na cabeça, Liz? — Hanks me questiona. — Essa ideia pode até ser bem planejada, mas é um risco que eu não colocaria nenhum agente para correr.

— Mas eu estou disposta a correr esse risco, Hanks. Essa conversa nem deveria ser válida, estamos falando de mim em troca de uma vida importante.

— Você também é importante, Elizabeth, entenda isso. Trocar você por Louise pode ser ainda mais arriscado. — Hotch diz calmo.

— Você e Louise fora da linha de fogo e o vice-presidente desistindo da tropa de elite já é o suficiente para mim, Hotchner. Eu estando dentro será mais fácil derrubar Marco.

Suspiro pesado e passo a mão pelos cabelos, nervosa. Nunca achei que teria que discutir com meu chefe e um colega de trabalho um plano assim.

— Não posso autorizar isso, Liz. — Hanks começa.

— Você pode, Hanks, só não quer porque me vê como uma princesinha. Eu entendo que tudo possa dar errado e sei as consequências, mas a partir do momento que quis ser agente, fiz um juramento e me prontifiquei a prender Marco Stanton, assumi riscos. Então, me deixe provar que sou tão capaz quanto vocês. Me deixe provar que posso fazer esse plano dar certo.

O silêncio tomou conta da sala, o ambiente se tornou tenso. Suspirei derrotada, sabendo que tinha perdido essa batalha. Me virei e peguei minha bolsa, prestes a sair.

— Tudo bem. Eu vou autorizar a missão.

— Hanks! — Hotch grita, contrariado.

— É nossa melhor chance, Hotch. Sei o quão capacitada Liz é para fazer esse plano dar certo. Mas quero saber de cada passo seu quando estiver dentro da casa, até quantos minutos por noite você dormirá.

— Eu sei, Hanks. Muito obrigada por aceitar.

— Não me agradeça ainda.

Respirei aliviada ao ter minha missão liberada. Olhei para Hotch, que negava com a cabeça. Sei que a pessoa que mais me dará trabalho nisso tudo será ele.

Após o fim da reunião, Hotch e eu voltamos para casa em silêncio. O ar estava carregado de tensão, e eu sabia que isso não terminaria bem. Assim que fechamos a porta atrás de nós, senti a raiva de Hotch emergir.

— Como você pode ser tão imprudente, Elizabeth? — ele explodiu, jogando as chaves sobre a mesa com força.

— Hotch, você sabe que essa é nossa melhor chance. Precisamos tirar Louise de lá e pegar Marco de surpresa. — Respondi, tentando manter a calma, mas minha voz tremia.

— Nossa melhor chance? Ou sua melhor chance de se jogar na linha de fogo sem pensar nas consequências? — Ele me encarou, os olhos fervendo de raiva e preocupação.

— Não é isso e você sabe! — Retruquei, a frustração crescendo dentro de mim. — Estou tentando salvar vidas, Aaron!

— E quem vai salvar a sua vida, Liz? — Sua voz estava carregada de desespero. — Você acha que vou ficar sentado assistindo você se arriscar desse jeito?

— Eu sou uma agente, isso faz parte do trabalho! — Gritei de volta, sentindo lágrimas se formarem nos meus olhos. — Não sou mais importante do que qualquer outra pessoa nesta missão.

— Para mim, você é! — Ele exclamou, a voz falhando. — Você é mais importante para mim do que qualquer outra coisa!

Fiquei em silêncio por um momento, surpresa pela intensidade de suas palavras. Ele se virou, passando as mãos pelos cabelos em um gesto frustrado.

— Aaron... — comecei, tentando me aproximar, mas ele levantou a mão, me impedindo.

— Não, Elizabeth. — Ele disse, a voz mais baixa agora, mas ainda cheia de emoção. — Eu não posso te apoiar nisso. Não posso te perder.

— Você não vai me perder. — Respondi suavemente, dando mais um passo em sua direção. — Confie em mim.

— Eu quero confiar. — Ele sussurrou, os olhos brilhando com emoções conflitantes. — Mas esse plano... é suicida.

— É nossa única opção. — Argumentei, tentando manter minha voz firme.

Ele balançou a cabeça, a dor evidente em seu rosto.

— Eu vou dormir na sala esta noite. — Disse finalmente, a voz rouca de emoção. — Preciso de um tempo para processar isso.

— Aaron... — Tentei chamá-lo, mas ele já estava se afastando, pegando um cobertor no armário e se dirigindo para o sofá.

Fiquei parada, observando-o se acomodar no sofá, o coração apertado de preocupação e tristeza. As lágrimas finalmente começaram a cair enquanto me dirigia para o quarto, sentindo um peso esmagador sobre meus ombros. A noite seria longa, e o conflito em nossos corações parecia tão grande quanto o que enfrentávamos lá fora.

🕔

Ao entrar no quarto, me sentei na cama, sentindo a solidão me envolver. Sabia que ele estava apenas tentando me proteger, mas a missão era maior do que nós dois. Precisávamos fazer isso dar certo, por Louise, por todas as mulheres que Marco ainda poderia machucar.

Fechei os olhos, tentando afastar as lágrimas e encontrar um pouco de força. Precisava estar preparada para o que viria, tanto na missão quanto em nosso relacionamento. Eu só esperava que ele pudesse entender minha decisão e, eventualmente, encontrar uma maneira de me apoiar, mesmo que relutante.

O relógio continuava a tiquetaquear, cada segundo passando lentamente enquanto eu permanecia ali, envolta em pensamentos e preocupações. Precisávamos encontrar uma maneira de superar isso juntos, de alguma forma.

🕔

Na manhã seguinte, acordei com uma sensação de vazio ao meu lado na cama. Desci as escadas e encontrei Hotch na cozinha, preparando café. Ele me olhou por um momento, e percebi a tristeza em seus olhos. Não dissemos nada, mas havia uma compreensão silenciosa entre nós.

A missão ainda estava de pé, mas agora tínhamos que lidar com as consequências de nossas escolhas. E, de alguma forma, precisávamos encontrar uma maneira de fazer isso juntos.

Dusk Till Dawn - Criminal MindsOnde histórias criam vida. Descubra agora