Dusk Till Dawn - Criminal Minds

XIX

Algumas semanas depois 

Algumas semanas se passaram desde que voltei para casa. Agora, me vejo de pé em frente ao espelho, ajustando o último detalhe do meu vestido preto. O sobretudo da mesma cor trazia um peso simbólico: luto e medo. Era como eu me sentia por dentro. Hoje seria um dia crucial, e eu sabia disso. Strauss convocou uma reunião comigo e com a equipe da UAC para discutir minha situação e relatar tudo o que aconteceu no dia do incidente com Stanton.

Enquanto ajeitava meu cabelo, minha mente estava a mil. Não sabia o que me esperava. Então, olhei para Hotch, que estava no canto do quarto, e perguntei:

— Acha que é possível eu voltar para a UAC como agente? Ou pelo menos continuar sendo uma federal, mesmo que não no FBI? — Minha voz saiu mais tensa do que eu gostaria.

Hotch ergueu os olhos, mantendo o semblante calmo que sempre exibia em situações críticas. Ele se aproximou, cruzando os braços, e respondeu com sinceridade:

— Sinceramente, Liz? Eu não sei. Todos fomos afastados dos nossos deveres até segunda ordem. É uma investigação interna, e tudo será debatido hoje.

Suas palavras foram como uma facada no peito. O fato de saber que toda a equipe da UAC havia sido afastada por minha causa era insuportável. Eu não queria ser a razão para que meus amigos, pessoas que amo e respeito profundamente, perdessem seus empregos ou fossem prejudicados. A UAC era a vida deles, assim como era a minha.

— Não posso acreditar que tudo isso está acontecendo por minha causa — murmurei, abaixando a cabeça. — Saber que vocês estão sob investigação porque foram atrás de mim, me destrói por dentro.

Hotch, sempre tão perspicaz, percebeu a angústia em minhas palavras. Ele se levantou calmamente, veio até mim e me envolveu em um abraço por trás. Nós dois nos olhamos através do espelho, e por um momento, o silêncio tomou conta.

— Pare de se culpar, Elizabeth — ele disse, com firmeza e suavidade. — Você não entrou naquela situação como agente, entrou como civil. Fomos atrás de você por escolha própria, porque queríamos e sabíamos o que estávamos fazendo. Todos na equipe concordaram com isso. A responsabilidade é compartilhada.

Eu fechei os olhos por um instante, absorvendo suas palavras. Saber que ele, assim como os outros, estava disposto a enfrentar as consequências ao meu lado era reconfortante, mas o peso da culpa ainda não se dissipava completamente. Peguei sua mão e suspirei, sentindo a conexão entre nós.

— Obrigada — sussurrei, grata por ele estar ali, mesmo sabendo que poderia arriscar seu futuro.

Saímos do quarto juntos, e logo estávamos na sala onde Eliza e minha mãe nos esperavam. Minha filha, tão inocente, brincava distraidamente com um de seus brinquedos, enquanto minha mãe me olhava com ternura.

— Está pronta, filha? — Ela perguntou, com uma calma que eu invejava.

Eu sorri para ela, mas por dentro meu coração batia acelerado.

— Estou — respondi, embora a palavra não soasse completamente verdadeira. 

Eliza correu até mim, segurando minha mão. Eu me abaixei para ficar na altura dela.

— Você vai voltar a trabalhar, mamãe? — Sua pergunta foi simples, mas carregava uma profundidade que eu não esperava. 

Olhei para Hotch por um instante antes de me virar novamente para minha filha.

— Eu não sei, meu amor. Vou descobrir hoje.

Eliza sorriu suavemente, sem entender completamente o peso da situação, mas sua confiança em mim era evidente.