Capítulo I - Um gesto de bondade

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Frost Rethyl - Astrory, vilarejo de Autrora, centro da vila, tarde do dia 7 de novembro do ano de 701 D.D.


Em um país chamado Astrory, no centro de um vilarejo com o nome de Autrora, as casas eram de madeira no estilo oriental, com uma fogueira no meio, onde várias crianças brincavam em torno do fogo. Sentado na grama perto de uma das casas, estava de longe com um pouco de fome, observando aquelas crianças se divertirem, felizes ao dançar ao lado da fogueira com chamas vermelhas crescentes. Eles estavam muito bem vestidos, com roupas feitas sob medida com tecido de lã, mesmo sendo filhos de plebeus iguais a mim.

Eles pareciam nobres usando aquelas roupas bonitas. Ficando cabisbaixo, olhei para minha camisa cinza e, segurando com as pontas dos dedos, senti uma sensação áspera; era um pedaço de pano bastante surrado e velho, com alguns buracos pequenos que me faziam lembrar que tinha ganhado há mais de cinco anos. E olhando um pouco mais para baixo, em direção ao meu short vintage, ele estava um pouco sujo de carvão em algumas partes e a corda que usava para amarrar minha cintura estava bem desgastada.

Ficando com uma expressão triste, soltei minha camisa cinza, calado em total silêncio naquele lugar para não chamar atenção desnecessária daquelas crianças bem vestidas para mim, uma pessoa que está usando trapos. Não queria arrumar problema, só queria estar naquele pequeno festival. Com o sol caindo do céu, começou a anoitecer e eu tinha que voltar para casa antes de ficar escuro, mas mesmo naquela hora as estrelas começaram a surgir aos poucos no céu. Achando aquilo lindo, respirei fundo e disse para mim mesmo:

Frost Rethyl: - Melhor voltar para casa.

Me levantando do chão, tirei a terra das minhas roupas com a mão esquerda e, me virando, estava indo em direção à saída do vilarejo com uma expressão neutra no rosto. Me distanciando da fogueira, senti alguém segurando minha mão. Me virei e fiquei surpreso, pois uma das garotas bem vestidas tinha corrido em minha direção segurando minha mão.

Ela estava usando um vestido azul simples de lã, um chapéu de palha com um laço vermelho feito à mão em cima da sua cabeça, combinando com seu belo cabelo loiro e lindos olhos esverdeados iguais a uma esmeralda pura. Seu nome era Íris Grethy, a filha mais velha de um mercador. Ela estava com um pão grande enrolado em um pano com desenho de flores. Soltando minha mão, abriu o pano mostrando aquele pão para mim com um sorriso angelical e disse toda animada com seus olhos fechados.

Íris Grethy: - Tcharam! Frost, pegue para você, por favor!

Ficando surpreso com a atitude dela, mesmo que antes tenhamos nos falado várias vezes desde quando ela veio para Autrora com a mãe. Me aproximei, tentando pegar aquele pão sem encostar nela com meus dedos sujos de carvão.

Íris, que ficou olhando para mim com os olhos abertos esperando, enrolou o pão novamente e me entregou colocando-o na minha mão, dando dois passos para trás com vergonha. Falei quase gaguejando de vergonha, agradecendo pelo pão.

Frost Rethyl: - O-o-obrigado pelo pão, Íris...

Íris Grethy: - De nadinha!

Ficando com as bochechas vermelhas ao ouvir aquilo, não sabia como reagir ou o que dizer para Íris. Esta, por sua vez, fez o gesto de despedida dos nobres: inclinou seu corpo para frente, com o pé direito à frente e o esquerdo atrás do direito. Ela segurava sua saia com a mão esquerda, enquanto a direita estava erguida.

Retornando em direção à fogueira, ela acenou para mim, um gesto comum no vilarejo para uma despedida simples. Fiquei parado, acenando de volta de forma tímida. Segurando aquele pão entregue pela Íris, enrolado em um pano branco, um vento passou por mim, mexendo meu cabelo azul. Virando-me de costas, estava indo para fora quando ouvi, mesmo de longe, uma das crianças fazendo uma pergunta para Íris.

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