Acho que todas nós já tivemos um momento da nossa vida, que tudo tava dando muito errado e aí pensamos em fugir para Grécia e encontrar um amor, no minuto seguinte lembramos que somos pobres ferradas e algumas de nós menores de idade, mas acontece q...
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I've been the archer I've been the prey Screaming, who could ever leave me, darling? But who could stay? (I see right through me, I see right through me) The archer- Taylor Swift
(...) Maio de 2015
A adrenalina corria pelo meu corpo, eu corria como se não houvesse amanhã, a música no fone de ouvido não me permitia pensar em absolutamente nada,e isso era bom, aquela sensação era boa..Não pensar e só viver, o coração extremamente acelerado, a sensação dos pulmões queimando faziam com que eu me sentisse viva.
O vento batia no meu rosto fazendo meu cabelo voar, se graciosamente ou não é uma dúvida a qual no momento eu não posso te responder, a minha respiração estava falha pela quantidade se tempo que eu já havia corrido, mas isso não importava agora, nada mais importava porque eu me sentia livre, eu estava livre.
Por alguns minutos as inúmeras cobranças da editora não existiam, o pai que sequer lembrava que tinha uma filha, não existia, as preocupações com o que postar no Instagram para deixar os fãs orgulhosos, não existia, o passado não existia, só tinha eu, ali e agora.
Mas tudo acaba bruscamente quando a incrível batida de "Let me down easy" é interrompida pelo som insuportável do toque de celular, eu paro de correr sentindo meu coração extremamente acelerado e minha respiração ofegante, apoio minhas mãos nos joelhos buscando recuperar o fôlego mas faço uma leve careta, eu definitivamente odiava a textura daquela calça mas ela ficava tão bonita em mim e eu não podia simplesmente jogar fora...certo?
Observo as pessoas a minha volta, algumas crianças brincavam no parquinho esperando o portão da escola abrir, carros andavam tranquilamente pela cidade, a grama do pequeno parque onde as crianças brincavam estava úmida o suficiente para fazer uma grande sujeira, mas as crianças não se importavam se a blusa branca da escola ficaria encardida, ou se o tênis novo poderia estragar, elas estavam felizes e aquilo era o que importava para elas.
Eu observo uma pequena garotinha, com os cabelos ruivos iguais aos meus, encarar com medo o "grande" escorregador que ficava ali, para mim e para os outros adultos que passavam ali perto era ridículo ter medo dele, já que não devia ter mais que um metro e meio, mas para aquela garota parecia ser uma das coisas mais difíceis que ela já enfrentou, a garota olha em volta e os olhos dela batem nos meus, eu sorrio gentilmente e sussurro "Você consegue" ela parece entender, já que abre um sorriso enorme capaz de iluminar um país inteiro e desce o escorregador logo pulando de alegria e correndo para os braços da mulher que parecia ser sua mãe, ela não entende o que aconteceu por estar enfiada no celular mas retribui o abraço da filha, um tanto surpresa e...desconfortável? Outra coisa que não posso distinguir agora, já que volto a realidade quando um homem com pressa esbarra em mim, ele solta um xingamento qualquer e continua correndo. John, o meu produtor me liga mais uma vez, eu pego o telefone e vejo que aquela já era a décima ligação, reviro os olhos e decido ter a mesma coragem que aquela garotinha.
