Feeling Blue

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Sexta e sábado passam sem demais comemorativos, estou dando uma evitada no Nicholas, ainda tentando entender quem ele é. Suas mudanças de comportamento e de humor são muito complexas.

Enfim chega domingo e com ele o tão temido almoço.

- Já estou pronta, T - bato em sua porta - Vou te esperar na sala.

Ele grita um okay em resposta e vou para o sofá, onde fico mexendo no celular até que T aparece. Vamos em silêncio até metade do caminho, um silêncio mortal, como se nós dois estivéssemos indo pro abatedouro. O caminho para almoçar no papai nunca é assim, sempre vamos rindo e nos divertindo. Mas hoje é diferente. Não quero saber porque ele quer nos reunir exatos 10 anos depois que a nossa "mãe" nos abandonou.

- Sabe o que eu estava pensando? - quase me assusto com a pergunta repentina de T. Estava distraída olhando as casas e árvores passarem como borrões.

- O quê?

- Aquela conversa que a gente teve, sobre a mamãe, me deixou tão ansioso que eu passei a semana com medo desse almoço de hoje. Sendo que isso não faz o menor sentido!

- Eu estou com esse mesmo sentimento, estou muito ansiosa. Mas o que você quer dizer com não fazer sentido?

- É ansiedade puramente. Não faz sentido por si só. A gente nem sabe se realmente é por conta disso. Às vezes o papai só está triste pela data e quer ficar com a gente, não necessariamente ter uma conversa séria.

Suspiro um pouco mais calma, porém nervosa ainda e T segura minha mão em um gesto de carinho. Quando chegamos, na nossa antiga casa, vejo que o carro de Hayden já estava estacionado na frente da garagem.

- Só estava faltando a gente - T murmura

- Bora, vai ser tranquilo - o encorajo, tentando usar a coragem que T me passou no carro, que claramente ele já não possuía.

Eu e T temos uma péssima característica de transferir nossos sentimentos um para o outro. Então quando nós dois estamos sentindo a mesma coisa, como por exemplo, a ansiedade desse almoço de hoje, nossos sentimentos quadruplicam.

Entramos em casa e cumprimentamos todo mundo. O assunto logo começa a ser o jogo da NBA que vai ter hoje mais tarde e todos engajamos em uma discussão. Na verdade só eu e T.

- Eu juro que se o Golden State perder hoje eu vou largar a faculdade - falo me levantando do sofá exaltada

- O que você fez de errado, pai? - Chase olha rindo para papai - Como que a Tay e o T torcem pro Golden State? Nossa família inteira torce pro Lakers.

- Eu sei o porquê! - T fala rindo por meu motivo ser ridículo e eu jogo uma almofada nele

- Você fique quieto! - o ameaço com meu olhar e sinto minha bochecha esquentar, quando percebo que ele vai falar.

Assim que ele abre a boca, corro em sua direção e tampo a mesma com minha mão. Sou bruscamente puxada pela cintura, por Hayden e ele me levanta no chão, me colocando sobre seu ombro. Eu me sinto uma anã perto dos meus irmãos. Eu sou acima da média feminina, mas todos eles têm mais de 1,90 cm e eu com meus míseros 1,70 cm, facilita pra eles me subjugarem.

- Pode falar agora, T - Hayden fala rindo

- ME SOLTA - eu começo a espernear e bater nas costas de Hayden.

- A gente torcia pro Lakers até alguns anos atrás. Quando a Taylor passou pela puberdade ela se apaixonou pelo Curry e virou a casaca.

Todo mundo, incluindo meu pai, começa a gargalhar e me sacanear. Hayden me solta e eu dou um soco no braço de T. Ele faz cara de dor e esfrega o local.

A Filha do XerifeOnde histórias criam vida. Descubra agora