No outro dia, estava chovendo, e nós estávamos confiantes de que íamos colocar um ponto final na história, entregando tudo para a polícia. Pelo menos era isso que Daniel pensava que íamos fazer. Sendo sincera, eu queria fazer justiça com minhas próprias mãos.
— Você pegou a mochila? — Ele me questionou.
— Peguei sim! Estamos preparados dessa vez.
Dentro da minha bolsa tinha uma câmera, meu celular, lanterna, pinça e uma faca pequena.
Entramos no meu carro e fomos para a casa de James e Estela. Daniel estava aflito o caminho todo e não conseguia esconder isso, na verdade nunca consegue.
— Vai dar tudo certo! Estamos indo fazer o certo.
Terminamos o longo caminho e chegamos na fachada da casa, para nossa surpresa, ele aparentemente não estava em casa.
— Não estou vendo o carro dele. — Daniel balbuciou.
— Melhor ainda.
Cheguei mais perto e estava prestes a abrir a maçaneta, que não era fácil de achar já que a noite estava escura, quando achei e estava prestes a abrir, Daniel falou em voz alta.
— O carro está nos fundos! Não abre. — Tarde demais.
Já estava entreaberta, James terminou de abrir por mim. Assim que me olhou, não parecia bravo, mas quando percebeu que era eu, segurou meu braço. Enquanto isso, Daniel estava ao meu lado, olhando e não fazia nada.
— Você! Eu sei do que você sabe. — Ele falou em um tom de voz mais raivoso. Provavelmente ele estava falando do dia em que o vi jogando os restos de Estela. Sério, até pensar nisso me dá raiva e eu não consegui me segurar.
— E isso acaba aqui. — Chutei a barriga dele e puxei a porta, fechando-a.
Puxei o braço de Daniel em direção aos fundos. Eu consegui pular a cerca, mas ele ficou preso e então desistiu, agachou ficou me observando atrás dos arbustos com os olhos de fora assim que viu que James tinha aberto a porta dos fundos.
Me escondi atrás de uma árvore e o que eu esperava aconteceu. Ele saiu com uma pequena pistola. Continuei escondida e ele saiu iluminando seu quintal com a lanterna do celular. Infelizmente, ele acabou apontando a lanterna nos olhos de Daniel e o viu.
Apontou a arma na testa dele.
— Não! — Daniel falou tão alto.
Pulei em cima dele e até esqueci que estava desarmada. Mesmo assim, escutei o disparo.
Ele começou a se debater e a arma caiu longe dele e minha bolsa longe de mim. Ele caiu em cima de mim e eu ouvi um estralo.
— Droga! — Meu pé quebrou.
Ele se levantou rindo e foi em direção à arma que estava perdida no escuro. Então, ele demorou para achar. Enquanto isso, me rastejei até a bolsa para tentar pegar a faca.
Ela já estava aberta pela queda e então só coloquei minha mão dentro da bolsa, mas sua mão me puxou, me virando cara a cara com ele.
Ao olhar para o arbusto não via mais os olhos verdes de Daniel nos olhando, via sua mão caída e minhas pernas perderam as forças rapidamente.
— Pensei que você ia colocar um fim nisso. — Falou ele se aproximando e em um tom de deboche, apontou a arma no meu peito.
Sem falar nada, cravei a pequena faca em uma área perto do seu peito, o que o fez cair para trás e disparar a arma sem querer, além de que pude ouvir sua amante gritando de dentro.
— Está tudo bem aí, James? — E ele respondeu para ela não sair.
Me levantei e fui atrás de Daniel mesmo mancando, mas algo me puxou para trás.
Senti a faca perfurando minhas costas e ele chutou minha perna quebrada mais uma vez, não pude conter o grito que foi abafado por sua mão.
Ainda estava com a faca na mão e tirei forças não sei de onde para machucar sua perna com ela.
— Vagabunda! Ah — Agonizando.
— Cala a boca, maldito.
Subi em cima dele e cravei 13 facadas em seu peito enquanto ele agonizava, sentindo cada perfuração, seus olhos se arregalando de dor, depois cortei seu pescoço, ele cuspia sangue na minha cara mas eu não parei, só quando me lembrei de Daniel.
Me virei rapidamente, ele ainda estava vivo pois agora estava fora do arbusto rastejando, corri rapidamente até ele.
— Daniel! Aguenta firme. — Corri até ele pulando a cerca.
A bala não tinha acertado sua testa como eu pensei, e sim seu peito, mas seus olhos estavam fechando. Minhas lágrimas não conseguiram ficar presas, eu estava chorando descontroladamente, com sua cabeça no meu colo.
Coloquei a mão sobre seu rosto frio, ele se esforçava para não fechar os olhos enquanto minhas lágrimas caíam no seu rosto, ele levantou sua mão e colocou ela na minha bochecha, alisando.
— Eu não quero morrer. — Ainda agonizando.
Aquela frase acabou comigo, mas nem tudo é como queremos, então ele me puxa para perto e beija minha bochecha com um abraço sem força, mas o mais forte que já vi, e quando me levanto, seus olhos já estão fechados.
Coloquei meu rosto sobre o dele ainda acreditando que ele abriria os olhos ao sentir meu calor, mas não abre.
Me viro para James que está ao lado do seu celular ainda ligado.
O celular em que ele estava a usar a lanterna ficou desbloqueado, o que me deixou ligar para a polícia, mas não falei nada, apenas deixei ele agonizando no fundo da ligação e saí dali rapidamente, deixando james agonizando entre as sombras.
Me culpei o caminho inteiro, mesmo que James não merecia misericórdia. Cada facada que dei nele foi com uma força imensa, sentindo o metal perfurar a carne e rasgar, o sangue quente espirrando em minhas mãos, meu rosto.
Já com Daniel, a dor era insuportável de uma maneira diferente. A visão do sangue escorrendo de seu peito, a maneira como ele lutava para manter os olhos abertos, a força que ele ainda conseguia encontrar para me tocar, tudo isso me destruiu por dentro. O tempo parecia se arrastar enquanto eu segurava sua cabeça, sentindo o calor ir embora, Cada palavra que ele disse foi como uma lâmina em meu coração, especialmente quando ele disse que não queria morrer.
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Entre Sombras
Mystery / ThrillerCarla e Estela a são amigas desde a faculdade e se encontram regularmente para jantar no Olive Garden. Um dia, Estela revela a Carla que seu marido, James, está agindo de forma estranha e ela suspeita que ele esteja traindo-a. Enquanto investigam, d...