open up the door

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Cath. Cath. Cath. Cath.
Acordo com um feixe de luz sobre mim, resultado de não ter fechado totalmente a persiana da janela. Checo meu celular e, por sorte, mal são 10 e pouco da manhã. Meu corpo estava aos poucos se acostumando com o fuso horário daquela casa; Agora eu até dormia tranquilamente, algo quase impossível quando estava em casa, já que eu era pura insônia.

Me sento e começo a pensar enquanto, aos poucos, me desperto. Cath. Seu olhar frio como nunca imaginei me fitava com tanto desprezo. Mesmo tendo sido um sonho quase consigo sentir o peso de ter seus olhos sobre mim. Confesso que sua desaprovação era meu maior medo, como se ela estivesse de certa forma me avaliando constantemente. É até cômico como meus sentimentos eram conflituosos em relação a ela; Um misto de paixão, carinho, medo e hesitação. E muita timidez.

Entro na sala, já estando aparentemente apresentável, e encontro concentrada Cath em seu computador. Ela me encara de baixo e mordo os lábios, nervosa.

- Bom dia. - desvio o olhar dela para a janela, que indicava um dia bonito e ensolarado.

- Bom dia meu amor, dormiu bem? - sua boca se curva em um sorriso calmo. Confirmo com a cabeça e me aproximo dela, me apoiando na escrivaninha em que ela trabalhava. - Vem cá.

Cath segura meu rosto e deixa um beijo na minha bochecha, me fazendo esboçar um sorriso torto e sem jeito. Busco sua mão com hesitação e cruzo nossos dedos, sentindo segurança com seu toque.

- Não precisa ser tão tímida comigo, acho que já passamos dessa fase. - ela dá um sorriso divertido, arqueando a sobrancelha.

- Perdão, é difícil controlar. Já sou nervosa por natureza e... isso não facilita. - confesso, vendo sua expressão doce.

- Não precisa ficar nervosa, tá tudo bem. - seus dedos apertam os meus com mais firmeza e ela me dá um selinho rápido e despreocupado.

Encontro Peter na cozinha e pegamos uma rede de ping pong para jogarmos um pouco na varanda, a fim de passar o tempo e perder a preguiça de recém acordados. Almoço pouco e passo boa parte da tarde lendo, já que Cath estava em sua clinica atendendo e eu e meu irmão já não tínhamos nada de muito interessante para fazer. Aproveito para organizar um pouco a sala de estar e a mesa de trabalho de Cath, deixando colado em seu computador um post-it com uma frase que acho interessante.

Eu era muito atenta a pequenas coisas, sempre me preocupando com detalhes que quase ninguém notava; Mas sabia que ela notaria. Peter decide tirar um cochilo durante a tarde e, já que a empregada da casa vai embora mais cedo, fico praticamente sozinha ali. Observo o quarto de Cath que sempre tinha a porta aberta, parecendo tão convidativo. Entro com cautela e analiso sua penteadeira, cheia de produtos importados que facilmente valiam o que eu ganhava em um mês quando trabalhava nas ferias de verão. Seu closet tinha uma abundância impressionante de roupas e mais sapatos do que eu poderia imaginar. Passo meus dedos pelos tecidos, afundando meu nariz naquelas roupas que estavam mergulhadas no cheiro de Cath.

Escuto um barulho na porta da frente e dou um pulo de susto, me sentando com pressa na cama e fazendo o possível para soar natural. Minha mente só pensava merda merda merda merda me ferrei. Respiro fundo e em pouco tempo ela aparece na porta, parecendo surpresa com minha presença ali.

- Oi! O que tá fazendo aqui? - pergunta com um sorriso de canto, fechando a porta atrás de si.

- Te esperando. - falo baixo, observando o belo conjunto de alfaiataria que ela usava. Lindo, caro e caía perfeitamente bem nela. Era como se Cath soubesse as roupas especificas que me deixariam de queixo caído. - Foi tudo bem na clínica?

- Tudo certo. - ela se aproxima, colocando seu celular na penteadeira e jogando seu blazer sobre a cama. - E você, tudo bem? Fez algo com o Peter?

Deixo aqueles olhos verdes lindos me analisarem enquanto ela passa a mão pelo meu rosto, carinhosa. Seu corpo estava à frente do meu, ficando um pouco mais alta. Descruzo minhas pernas e a puxo suavemente pelas mãos, seu corpo ficando entre minhas pernas. Ela curva os cantos da boca, surpresa com o movimento.

- Eu? Tudo bem. Melhor agora... Peter tá dormindo. - balbucio, deixando meus olhos deslizarem timidamente para dentro de seu decote. Aquela roupa...

- É? E tem como melhorar mais? - ela passa o polegar pelo meu rosto, sugestiva, com seu sorriso que poderia ser o mais inocente ou o mais perverso, impossível ler.

- Tem... - aproximo o rosto do seu, um pouco tensa, e deixo um beijo perto de seus lábios, observando sua expressão com cautela.

- Como, meu bem? - sussurra, passando as unhas pelo meu pescoço e me arrepiando.

Seguro seu rosto e a puxo para um beijo lento que vai de tímido para erótico rapidamente; mordo seu lábio ao me dirigir para seu pescoço, que tinha um cheiro ótimo de hidratante corporal. Passo as mãos pelas laterais do seu corpo e faço uma linha com a língua da sua garganta até seu peito, distribuindo mordidas suaves. Cath tenta controlar sua respiração entrecortada, encaixando os dedos entre meus cabelos. Nesses momentos ela me tirava a vergonha, como se eu me tornasse alguém totalmente diferente. Quando estou prestes a abrir sua camisa, sinto sua mão me puxar para perto de seu rosto, deixando sua boca ao lado do meu ouvido.

- Calma. - ela passa a mão suavemente pela minha perna, subindo devagar. Sinto seus dentes mordiscarem o lóbulo da minha orelha, me arrancando um suspiro. Ela pressiona meu corpo contra o dela e sinto minha intimidade tensa com o contato. Tento recuperar algum controle voltando a maltratar seu pescoço pálido,
mas eu não tinha idéia ainda de que, querendo ou não, o controle era sempre dela.

As mãos ágeis de Cath se dirigem até o cós da minha calça jeans, abrindo o botão e deslizando o zíper lentamente, me deixando mais ansiosa em sentir seus dedos. Quando eles roçam por cima da minha calcinha, abafo um gemido em seu peito com uma mordida. Eu estava extremamente entregue, mais mergulhada na situação do que deveria; Sentia como se um rio pudesse escorrer entre minhas pernas.

- Chloe? - escuto a voz de meu irmão no corredor e fico sem ar por um instante. Por que alguém sempre aparecia nas piores horas?

Levanto e me fecho dentro do banheiro da suíte, ouvindo Cath abrir a porta e conversar com Peter. Ela era extremamente rápida em arrumar desculpas; já adiantando com total tranquilidade que, como eu estava tomando banho quando ela chegou em casa, então ainda deveria estar no banheiro me arrumando. Seu tom foi calmo, não deixava nenhuma duvida e tinha certeza de que sua expressão deveria fazer jus ao resto. Os dois conversaram por mais um tempo e ela conseguiu levar ele para a sala, me dando assim a oportunidade de sair do quarto sem ninguém me ver.

Esperei uns minutos e fui para a sala também, tentando soar natural. Eu era expressiva demais, confesso que não era uma tarefa fácil; um som de notificação me distrai e desbloqueio a tela para ver.

Mãe
- Sabia que sua tia já estudou por um semestre com a Catherine? Me contou que ela é bipolar. Pensa bem no que você tá se metendo.

Arregalei os olhos. Será que era mesmo verdade? Minha mãe tem costume de dizer algumas histórias mal contadas, principalmente quando o assunto é Cath; mas e se isso fosse verdade? Ela é uma médica, se for mesmo bipolar ela deve estar medicada, certo? Eu tinha alguma noção de como esse tipo de transtorno se comportava nas pessoas, mas só a ideia de isso ser real...

- O que tá fazendo? - a ruiva me pergunta, com um tom levemente sério, interrompendo a conversa que mantia com Peter. Meu rosto ainda mostrava espanto, nervosismo ou qualquer uma das outras milhares de coisas que eu estava sentindo no momento. O que eu deveria fazer com essa informação?














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⏰ Última atualização: Aug 22 ⏰

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