Capítulo 24: Atrás da carne

85 27 468
                                    


Bell estava mais que enjoado, mal podia conter o resto da comida dentro do seu estômago, já Trei, Doreán e Crainer não partilhavam a sua opinião. Crainer adorava deslizar pela rocha sem fazer o mínimo esforço para se mover enquanto que Trei e Doreán apreciavam o espetáculo de faíscas quando Crainer raspava numa parede. Se não fosse por estar tão enjoado até poderia considerar aquilo divertido, entretanto partilhava a mesma opinião que o cavalo. O cavalo de Doreán estava tão apavorado como ele estava enjoado algo que não o ajudou a acalmar os enjoos uma vez que ele não parava de tremer.

-Chegamos - Declarou Doreán depois de deslizarem pelo último túnel.

Trei desmontou de Crainer e unindo as suas mãos ao chão. Depois de um encantamento rápido este começou a mexer-se. O túnel atrás deles fechou com um estrondo e depois a sala começou a rodar, sem entender o que se estava a passar Bell amarrou-se a uma das paredes ainda enjoado. Coincidência ou não a parede atrás de si desapareceu e ele acabou por se estender no chão sem entender o sucedido.

-Lar doce lar - Sussurrou Doreán acendendo o isqueiro ao mesmo tempo que varias tochas acenderam-se iluminando o túnel que dava para uma porta de madeira, depois de apagar o isqueiro os quatro dirigiram-se para a porta.

Trei encostou-se á porta de madeira e voltou a sussurrar antes de tirar uma chave do bolso das calças e destrancar a porta. Doreán voltou a acender o isqueiro e várias luzes no teto acenderam-se desta vez em fila e revelando várias portas ao longo do túnel. Diferente do anterior este tinha um piso de madeira que aparentava estar mais envelhecido do que a madeira na porta. Bell contou nove portas ao total, quatro de cada lado e uma ao fundo do corredor.

Crainer desapareceu e deixou que Trei carrega-se toda a bagagem para a porta ao fundo do corredor, juntamente com o cavalo.

-Não é muito grande, mas é o que temos – Exclamou Doreán ao respirar fundo.

-Para mim está muito bem, qual é o meu quarto?

-Segunda porta á esquerda, o Trei está no quarto á frente e eu ao vosso lado alguma coisa é só perguntar.

-O que é a porta ao fundo?

-Armazém e estábulo e não podem ir lá sem um de nós, e o mesmo serve para a última porta á esquerda é onde guardamos equipamento. A última porta á direita é o quarto do Elliot e a porta que está a minha frente é aquilo mais perto de uma enfermaria que vais encontrar aqui em baixo.

-Então e as primeiras duas?

-Á direita casa de banho - e abriu a porta - não te preocupes que á uma lágrima de fogo e outra de gelo - Informou ao apontar para um estranho objeto com a forma de uma bacia com dois cristais por cima um vermelho e outro azul.

-Luz vermelha água quente, luz azul água fria - Explicou Trei enquanto levava mais um par de coisas para o armazém, enquanto Bell olhava intrigado para dentro da casa de banho.

-Com esse olhar até parece que nunca viste uma banheira - Riu-se Doreán.

-Na verdade é a segunda vez que vejo uma, eu antes tomava banho num rio.

-Bem aproveita o banho, para ser sincero já começas a cheirar a peixe podre - Sorriu com a mão a tapar o nariz - e na outra porta é simplesmente um quarto vazio.

Bell estava para ir tomar banho quando algo derrubou a porta. Era Elliot que ainda trazia Bill ao ombro tudo ensanguentado, com o braço a balançar e pingar sangue no chão.

Doreán correu para a porta e segurou em Bill que lhe caiu nos braços como uma pedra, apressou-se a arrastá-lo até à enfermaria. Abriu a porta com um poderoso pontapé e arrastou-o lá para dentro deitando-o na cama enquanto Bell foi buscar a um dos seus sacos o seu estojo.

Portadores de sonhosOnde histórias criam vida. Descubra agora