Capítulo 2: Historia dos abandonados

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Bill decidiu não comentar nada sobre a noite anterior com o seu irmão. Bill descrevia o irmão como irrequieto, curioso e alguém bastante persistente, além de diferente. Uma vez que ficasse interessado por algo Bell era capaz de ficar dias a pesquisar sobre o tema, e em relação a medicina não foi diferente. Após descobrir o quão importante eram os médicos e os curandeiros, Bell fez os possíveis para se tornar alguém como eles uma vez que assim como eles as pessoas da sua cidade não tinham acesso a tais meios.

Em pouco tempo Bell sabia como tratar pequenos casos de febre ou dores de estômago, passando duas semanas, sabia como tratar pessoas com feridas infetadas sem amputar os membros. Ossos partidos, músculos rasgados, dores nas articulações também não foram um desafio para ele, os casos de envenenamento que eram bastante comuns na sua vida cotidiana deram lhe algumas dores de cabeça, até Bill encontrar o irmão rodeado de plantas trituradas, salpicadas com alguma magia e muita fé.

Ao fim de seis meses Bell já sabia tudo o que podia saber dentro daquela cidade, mas isso só se aplicava a doenças mais comuns e ferimentos menos complicados. Infelizmente os livros que permitiam a Bell aprender como curar feridas mais graves ou doenças causadas por bestas selvagens estava fora do seu alcance, só havia um exemplar que estava na casa do único médico da cidade, ou o mais próximo de médico que podia haver, e infelizmente o que aquele homem tinha de medico tinha o triplo em pirotécnico. Bill chegou a ficar surpreso quando soube que ele morreu de idade e não em uma explosão.

Bill não hesitou em invadir a casa do homem após saber que ele havia falecido, ao menos ele daria bom uso aqueles livros velhos e rabiscados do que os outros ladrões da cidade. Além dos livros de medicina de que Bell precisava também encontrou alguns livros sobre a preparação de poções, e alguns livros de botânica com varias anotações ilegiveis. Quando questionado pelo irmão Bill respondeu que os livros lhe tinham sido oferecidos, pelo próprio médico que ficou mais do que feliz ao saber que os seus estudo poderiam ser uteis a outra mente curiosa. Na altura Bill ficou até que surpreso por Bell não ter suspeitado de nada.

Bill e Bell viviam os dois numa casa humilde, dormiam no mesmo quarto, um compartimento médio com espaço suficiente para duas camas, cada uma encostada a uma parede e dois baús velhos , cada um junto aos pés da cama, não era muito difícil de adivinhar o que Bell tinha no seu baú. Mesmo sendo cedo, Bell já estava acordado e com a sua cama desfeita.

Saindo do quarto Bill deparou-se com o mesmo corredor estreito com que se deparava todas as manhãs, e que sempre tinha de se espremer por ele para chegar à cozinha, que não passava de um outro compartimento mais pequeno, com apenas um fogão de pedra, uma mesa de centro, duas cadeiras e uma pequena janela. Encontravam-se numa das cidades conhecidas pela sua pobreza e os métodos rudimentares para fazer as tarefas diárias. Rodeados por um muralha enorme, com soldados fortemente armados e obviamente impedidos de sair.

A magia era o que mantinha a cidade de pé uma vez que facilitava o trabalho das pessoas nas tarefas do dia-dia, a única consequência seria provocada pelo o uso excessivo de magia. Pessoas mal alimentadas, sem ter como cuidar da higiene e com uma saúde mental péssima a combinação desses elementos com o uso excessivo de magia não era algo incomum encontrar um cadáver ou outro todos os dias por pessoas que morreram dessa maneira.

Neste mundo os filhos dos monarcas, os de sangue puro e de descendência nobre elevavam os seus egos dizendo que foram abençoados com algo que eles apelidaram de o Dom. A capacidade de realizar uma ligação de corpo e alma com uma criatura do outro mundo, estabelecendo uma relação de mestre e servo.

Claro que os monarcas não eram os únicos a possuir o Dom, várias famílias muito menos ricas e poderosas tinham esse Dom e a prova era o brasão que normalmente estava desenhado nas costas da mão das pessoas que já tinham um vinculo com uma dessas criaturas, até os guardas as exibiam para que as pessoas que não as tinham se lembrassem qual era o seu lugar na monarquia, claro a principal diferença entre os guarda e os filhos da nobreza era o poder. O poder econômico e político era um dos motivos mais óbvios que distanciava a nobreza das restantes pessoas, mas não era só isso neste mundo até uma pessoa vinda de origem humilde pode se tornar em um nobre, pois a posição social dos membros da sociedade é determinada pela quantidade de brasões que possuem e pela forma dos seus Familiares.

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