Capítulo 1

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Um ano antes... São Paulo brasil

Jenna

Eu desço do elevador, com destino á cobertura do meu parceiro de negócios de longa data, Jeremy Myers. Meus passos são largos e irritado pelo corredor, meu advogado e amigo pessoal, Hunter, está do meu lado e os seguranças um pouca atrás. Jeremy gerencia um dos ramo da SLN, a companhia aérea da minha família. O táxi aéreo, ligado à grande São Paulo, as cidade do interior do estado e fora dele, marcou os primeiros passos da empresa na década de 1980. Meu pai, Edward Ortega e seu irmão, Nathan, ambos pilotos americanos, foram os fundadores. A companhia cresceu e expandiu a olhos vistos nas últimas décadas, entretanto, mantivemos o ramo inicial, considerando que nossa clientela, composta basicamente por altos executivos, se manteve fiel ao longo dos anos e das crises no setor de transporte aéreo no Brasil. Desde quando assumi a presidência do grupo, há dez anos, confiei cegamente na competência de Jeremy para gerir o táxi aéreo para mim. Um rosnado fica preso em minha garganta. Eu respeitava tanto o maldito homem!

Isso tudo caiu por terra no mês passado, quando recebi um relatório-bomba no meu escritório, desmentindo tudo que acreditei sobre sua integridade e honestidade. Na verdade, a pulga se instalou atrás da minha orelha há um ano, quando meus diretores financeiros começaram a perceber oscilações nos balancetes financeiros apresentados por Jeremy e sua equipe. Contratei uma firma de auditoria sem fazer nenhum alarme e, burlando totalmente a lei - não tenho vergonha de dizer - contratei também um hacker especialista em invadir contas bancárias. O resultado foi o relatório concluído no mês passado. O documento mostra claramente, o sumiço de grandes somas progresivamente, por cinco anos. E o hacker mostrou para onde o dinheiro foi: duas contas na Suíça, em nome do meu fiel funcionário, ironizo-o.

Cinco anos, porra! Como não percebi isso antes? Só descobri porque ele cometeu um erro comum nos ladrões, foi sendo engolido pela ganância e passou a roubar indiscriminadamente, até que não conseguiu encobrir seu rastro. Estou muito puta, especialmente, porque não costumo me enganar com o caráter das pessoas. Geralmente consigo ler bem tudo e todos. Desconfio da minha própria sombra, para você ter uma ideia. Crescer em uma família bastarda contribui para que mantenhamos um olhar atento e tudo que nos cerca. As pessoas, todas elas, sem exceção, sempre querem algo de você. Alguns dirão que é uma visão cínica da vida. Eu não me importo com suas opiniões, no entanto.

Chegamos à porta do apartamento e Hunter toca a campainha imediatamente. Não quis me identificar na portaria e tomar o elevador privativo. Não, eu quis fazer uma surpresa pro meu velho amigo, Jeremy Myers. Ele não tem a menor ideia de que estou a par de suas falcatruas já tem um mês. Porque não o confrontei antes, você me pergunta? Não aprecio agir no calor do momento. Sendo sincera, sou conhecida no meio empresarial como a mulher de gelo e o título não me incomoda nem um pouco. Gosto que me temam. É bom que me temam. Ninguém constrói, ou no meu caso, mantém um patrimônio de bilhões sendo bonzinhos. Irá se arrepender de ter traído minha confiança. Quando o homem souber o que preparei para ele e sua família, irá estrebuchar e implorar por misericórdia. Eu não terei nenhuma. Nenhuma.

- Está certa disso, Jenna? - Hunter me pergunta com voz tensa.

Ele nem sempre aprova meus métodos, porém, não é pago para discutir comigo, e sim para me ajudar a encaixar tudo dentro da lei.

- Não sou mulher de voltar atrás, Hunter, sabe disso. - Respondo com impaciência.

- É imoral, porra. - sua voz abaixa, enquanto seu olhar castanho me fixa com preocupação de advogado, mas, antes de tudo, de amigo.

- Imoral é o que ele - Falo, apontando para a porta fechada. - Fez comigo, caralho.

Ele suspira exasperado e a porta começa a se abrir. Nossa atenção sendo levada para a moça devidamente uniformizada que nós atende.

- Jeremy Myers, está? - Meu tom não sai muito amigável e a garota arregala um pouco os olhos.

- Quem deseja vê-lo, por favor? - Faz o melhor para não parecer intimidada, mas, é difícil comigo, Hunter, e mais dois seguranças ocupando o corredor.

- Jenna Ortega - Digo olhando-a de forma intimidande e adentro sem ser convidada. - Diga-lhe que tem exatamente dois minutos para aparecer aqui, ou eu vou buscá-lo.

A moça engole audivelmente.

- S-senhora, você não pode...

Eu bufo, passando pelo Hall em direção a espaçosa sala. Olho em volta, começando a entender para onde foi todo o dinheiro que me roubou. Isso aqui deve ter custado uma nota. Não sabia que tinha se mudado para um dos bairros mais caros de São Paulo. Não que eu lhe pague uma miséria. Pelo contrário. Seu salário é um dos mais altos da SLN, porra! Ele não precisa crescer seu maldito olho. Então, me recordo que isso não começou agora. Ele sempre foi um fodido ladrão, apenas era mais esperto no começo.

- Eu posso tudo. - Meu tom é arrogante e eu pouco me importo. - Agora vá chamar o seu patrão, antes que eu perca a minha paciência com você.

Hunter me olha com reprovação, enquanto a garota sai tropeçando, sumindo em outro cômodo. É próximo da hora do jantar, acredito que a família golpista deve estar reunida. Penso sarcasticamente. Ando até o bar no canto oposto da enorme parede de vidro com vista panorâmica da cidade, tendo a Ibirapuera bem á frente, e me sirvo de uma dose do seu uísque extravagante. Tomo um grande gole, tentando permanecer calma e fria. O homem está ostentando um estilo de vida equiparado ao meu, a porra da CEO da empresa. Eu que tenho dado meu sangue para manter a companhia em crescente expansão.

Vejo um movimento pelo canto do olho e me viro. Jeremy está entrando na sala, sua mulher passa a frente, avançando em minha direção, o sorriso esfuziante, ao passo que os silicones estão quase saltando para fora do decote do vestido. A mulher é ridícula. Digo, não ridícula na aparência. É uma morena na casa dos quarentas, mas ninguém lhe dá essa idade pela melhorias plásticas que tem feito. Sim, isso também aparece no relatório detalhado dos gastos dos Myers. Winona é patética, adora fletar com mulheres. Nas festas da empresa sempre dá um jeito de me rodear. Porra, detesto mulheres oferecidas.

- Jenna Ortega em pessoa, que surpresa! - Diz com ar sedutor, tentando chegar até a mim. Estendo a mão, parando-a.

- Essa não é uma visita social. - Digo friamente. - E mesmo se fosse, eu não aprecio seu fleter sem sentido, Winona. - A mulher perde completamente a cor e abre a boca em choque. - Tenha um pouco de decência.

Jeremy chega do lado da esposa e seu olhar está igualmente em choque pela a minha grosseria. É um homem também na casa dos quarentas. A calvície o está pegando de jeito nos últimos anos e pouco lhe restou dos cabelos castanhos. É possível ver a mudança em seu semblante, á medida que á compreensão da minha visita surpresa, e postura hostil, o atinge.

- Jenna... - É tudo que pronuncia, seus ombros caindo em derrota.

- Leve-nos ao seu escritório. Temos muita coisa para discutir, Jeremy. - Mantenho minha voz controlada e baixa, embora queira enrolar minhas mãos em seu pescoço.

- O que está acontecendo, Jeremy? - A mulher indaga, uma nota de pânico em sua voz. - Por que Jenna parece tão zangada conosco?

O homem desvia o olhar para Winona e sorrir para tranquizá-la. Mas, isso sai tenso.

- Negócios, querida. Nada para se preocupar. - Beija na têmpora.

Pelo que tenho visto da interação no pouco tempo que estivermos no mesmo espaço ao longo dos anos, ele é verdadeiramente apaixonado pela mulher. Ela? Eu seguro um bufo. Nem tanto. Aposto que o que falta em cabelos na cabeça de Jeremy, sobra chifres. Penso levianamente. Ele susurra algo para mulher e em seguida me convida para ir ao escritório.

A dívida - jemma Onde histórias criam vida. Descubra agora