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Helena Abreu.
Dois dias depois.

☠︎︎

Não tinha almoçado. Wesley não estava olhando na minha cara desde o dia em que discutimos. Nós somos irmãos mas porra. Ele não sabe que eu menti para aqueles polícias só pra o proteger. Meu semblante logo fecha. Hoje eu não estava pra brincadeira.

Discussão todo irmão tem mas a polícia tava caçando a cabeça dele. Ele pelo menos não deveria ignorar a única família que ele tem.

Bem... não a única.

Dou um suspiro ao sair do meu quarto e encontrar minha mãe na sala roendo os dedos

–O que foi? Não tomou seus remedinhos?–pergunto irritada com um tom irônico por cima para disfarçar meu estresse.

–Acabaram.

Tinha que ser...

–Azar o seu. Pede pro teu macho, cadê ele? Me pergunto se ele não tá comendo outra ou ficando chapado, se é que um dia ele esteve sóbrio.

A mulher com um pouco de rugas na testa torce o nariz em desgosto com o tom de voz da filha mais nova.

–Que falta de respeito é essa!? Eu sou sua mãe!

Mãe? Não acredito que você mereça esse título. Pra mim... Você é nada. Apenas uma pedra no meu sapato que eu infelizmente tenho que viver com ela.–Diga a encarando e logo após pego minha bolsa a deixando gritar sozinha. Aprendi que com maluco não se discute. Não aprendi com ela. Aprendi porque também sou maluca.

Passo pelo barzinho da dona Déia e vejo Guilherme. Com hematomas no rosto. Ele parecia acabado. Fico quieta sentindo a culpa me consumir.

Eu não havia contado pra ninguém sobre a noite com os policiais...

Meu irmão estava me ignorando e agora... Guilherme foi interrogado pelos policiais também. Ele estava machucado e poderia ter acontecido pior por minha causa.
Eu não iria dizer sobre aquilo para ninguém... Guilherme iria ficar puto pra caralho.

–O que aconteceu com seu rosto?–Pergunto me aproximando já sabendo a resposta.

–Aqueles PM filha da puta! Me encheram de porrada! Quiseram me fazer confessar onde o chefia tá, mas não disse porra nenhuma para aqueles merdas!–Ele resmunga irritado mas me olha por alguns segundos–Tá interessada por quê? Quer vir cuidar do teu nego?

Mordo os lábios nervosa. Então ele não sabia que a culpa era minha por terem ido atrás dele?

–...Eu nem deveria estar falando contigo, Guilherme. Não depois do vacilo que você deu!

–Tu é maluca, mulher! Tem que entender que eu sou sujeito homem! A carne é fraca porra!

Reviro os olhos e respiro fundo.

–Você teve sorte que eu não cortei seu piruzinho. Ainda.–Saio sem dar a chance para que ele responda. A carne é fraca? Que porra é essa! Isso serve pra me lembrar que homens sempre vão ser homens.

𝙎𝙃𝘼𝘿𝙀𝙎 𝙊𝙁 𝘾𝙊𝙊𝙇 | Capitão Nascimento.Onde histórias criam vida. Descubra agora