Henrique havia dito dez mil Dilmas, mas havia muito mais. Fabrício pegou uma pequena parte do bolo de notas, e essa parte totalizou oito mil reais. Algo que ele dividiu com seus amigos. Dois mil e meio para Ricardo, a mesma quantia para Henrique e três mil para ele próprio. As contas foram pagas de uma única vez. Água, internet, energia elétrica e aluguel, além de uma bela compra no mercado.
Carmem, a mãe de Fabrício, estranhou, ela sabia que havia algo errado com aquele dinheiro, mas não disse nada. Ela nunca dizia nada afinal.
Eles iam para a pizzaria à noite, ficavam ali até fechar, comiam alguns pedaços de pizza e iam embora. Já fazia quatro dias que tudo havia ocorrido.
Fabrício estava deitado em sua cama, o sofá da sala, as mãos atrás da cabeça e os sovacos livres, seus olhos estavam fitando uma pequena aranha tecendo sua teia no teto. Um sorriso bobo pairava em seu rosto, um sorriso despreocupado e jovial. Queria contar para todos, mas sabia que não podia, ia gastar um pouco e guardar o resto do dinheiro. O colar já estava pago, descansando sobre a mesinha de centro, ao lado da aliança. Julia, sua namorada, ia adorar os presentes. O colar era largo como uma atadura, e brilhava tanto que parecia verdadeiro. Bijuteria de qualidade.
O celular ultrapassado tocou, tirando-o de seu estado de preguiça.
- Alô, amor, beleza? Você já está vindo?.
- Oi, você está em casa?
- Ah, oi Julia, estou bem, obrigado por perguntar. – Fabrício levantou o tronco, mas permaneceu sentado no sofá - Estou sim, você está vindo pra cá?
- Não, é que eu queria falar com você... Mas não aí... Não dá mais, Fabris.
- Não dá mais o que, mano?
- Não dá mais pra ficarmos juntos.
Ele se pôs de pé.
- Opa, opa, opa. Calma aí. – falava gesticulando, como se pedisse calma para uma pessoa invisível – Que porra é essa? Depois de seis meses juntos? Eu posso saber se fiz alguma coisa?
- Não é você...
- Se você disser "sou eu", eu juro que desligo essa merda. To indo aí agora mesmo.
- Eu não estou em casa.
- Onde você está?
- Estou no carro da minha Mãe. Estamos indo para o Aeroporto, da pra você ir até lá? Estamos indo pra Congonhas.
Ele sorriu de forma desconcertada, piscou os olhos repetidas vezes.
- Como é que é? – foi a única coisa que conseguiu dizer.
Então Julia decidiu falar de uma vez por todas.
- Não dá mais para ficarmos juntos, eu estou quase conseguindo uma faculdade, trabalho com a empresa do Papai. – Fabrício ouvia tudo sem acreditar, sua respiração aumentava e ficava cada vez mais pesada – Já faz seis meses que estamos juntos e você ainda não me deu sequer nossa aliança.
- Porra, você sabe que eu não tenho...
- ...dinheiro, blábláblá. Eu não quero saber Fabris, eu só queria uma aliança de compromisso, e queria sair com você para os lugares, comer em algum restaurante... Eu não sei, eu não estou bem. A empresa foi transferida, Papai ganhou um novo cargo, foi promovido ou algo assim. Acabou Fabris, acabou.
- Porra, por telefone mesmo? – perguntou irado.
Nenhuma resposta veio, nem ao menos os tons de espera do telefone desligado.
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Família Cassarano (por Marco Febrini) (Sem revisão)
AventuraTrês amigos comuns se encontram no meio de algo mais perigoso do que poderiam imaginar. Em uma noite um filme de Máfia perturba suas mentes adolescentes, e eles decidem brincar com o perigo. Decidem criar sua própria Família Mafiosa. Nessa história...