Capítulo 1 - Um colar para uma dama

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   Henrique havia dito dez mil Dilmas, mas havia muito mais. Fabrício pegou uma pequena parte do bolo de notas, e essa parte totalizou oito mil reais. Algo que ele dividiu com seus amigos. Dois mil e meio para Ricardo, a mesma quantia para Henrique e três mil para ele próprio. As contas foram pagas de uma única vez. Água, internet, energia elétrica e aluguel, além de uma bela compra no mercado.

   Carmem, a mãe de Fabrício, estranhou, ela sabia que havia algo errado com aquele dinheiro, mas não disse nada. Ela nunca dizia nada afinal.

   Eles iam para a pizzaria à noite, ficavam ali até fechar, comiam alguns pedaços de pizza e iam embora. Já fazia quatro dias que tudo havia ocorrido.

   Fabrício estava deitado em sua cama, o sofá da sala, as mãos atrás da cabeça e os sovacos livres, seus olhos estavam fitando uma pequena aranha tecendo sua teia no teto. Um sorriso bobo pairava em seu rosto, um sorriso despreocupado e jovial. Queria contar para todos, mas sabia que não podia, ia gastar um pouco e guardar o resto do dinheiro. O colar já estava pago, descansando sobre a mesinha de centro, ao lado da aliança. Julia, sua namorada, ia adorar os presentes. O colar era largo como uma atadura, e brilhava tanto que parecia verdadeiro. Bijuteria de qualidade.

   O celular ultrapassado tocou, tirando-o de seu estado de preguiça.

   - Alô, amor, beleza? Você já está vindo?.

   - Oi, você está em casa?

   - Ah, oi Julia, estou bem, obrigado por perguntar. – Fabrício levantou o tronco, mas permaneceu sentado no sofá - Estou sim, você está vindo pra cá?

   - Não, é que eu queria falar com você... Mas não aí... Não dá mais, Fabris.

   - Não dá mais o que, mano?

   - Não dá mais pra ficarmos juntos.

   Ele se pôs de pé.

   - Opa, opa, opa. Calma aí. – falava gesticulando, como se pedisse calma para uma pessoa invisível – Que porra é essa? Depois de seis meses juntos? Eu posso saber se fiz alguma coisa?

   - Não é você...

   - Se você disser "sou eu", eu juro que desligo essa merda. To indo aí agora mesmo.

   - Eu não estou em casa.

   - Onde você está?

   - Estou no carro da minha Mãe. Estamos indo para o Aeroporto, da pra você ir até lá? Estamos indo pra Congonhas.

   Ele sorriu de forma desconcertada, piscou os olhos repetidas vezes.

   - Como é que é? – foi a única coisa que conseguiu dizer.

   Então Julia decidiu falar de uma vez por todas.

   - Não dá mais para ficarmos juntos, eu estou quase conseguindo uma faculdade, trabalho com a empresa do Papai. – Fabrício ouvia tudo sem acreditar, sua respiração aumentava e ficava cada vez mais pesada – Já faz seis meses que estamos juntos e você ainda não me deu sequer nossa aliança.

   - Porra, você sabe que eu não tenho...

   - ...dinheiro, blábláblá. Eu não quero saber Fabris, eu só queria uma aliança de compromisso, e queria sair com você para os lugares, comer em algum restaurante... Eu não sei, eu não estou bem. A empresa foi transferida, Papai ganhou um novo cargo, foi promovido ou algo assim. Acabou Fabris, acabou.

   - Porra, por telefone mesmo? – perguntou irado.

   Nenhuma resposta veio, nem ao menos os tons de espera do telefone desligado.

Família Cassarano (por Marco Febrini) (Sem revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora