Capítulo 11 - A Blusa Preferida

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   Dionísio voltou para o salão.

   Ricardo ainda não.

   Quantas gavetas havia no escritório do empresário? E quão minuciosa poderia estar sendo a busca de Ricardo? Essas eram questões que embalavam a mente de Fabrício, tal qual o balanço de um bote em alto mar, mexe com a cabeça de um sobrevivente de acidente marítimo. E assim como um náufrago ele também não via esperança no horizonte. Olhava para as escadas a todo momento, e não havia nenhum sinal de Ricardo.

   Nenhum sinal de terra à vista.

   Fabrício precisava firmar seus pés em algo, pois agora ele era um náufrago nas mãos de Dionísio, que fazia as vezes de Poseidon, controlando todo o mar ao seu redor. Algum documento ou carta, uma foto comprometedora ou alguma nota fiscal, qualquer coisa assim poderia ser o fim da tragédia que estava por vir, e Fabrício sabia que havia algo ali.

   A festa continuou, e vez ou outra ele via Dionísio passar entre os convidados, vai logo Ricardo, pensava e batia o calcanhar no chão, ansioso.

   - E ae Don, vai falar agora ou só em dois mil e vinte? – Henrique se aproximou de Fabrício, que se assustou num soluço mudo.

   - Porra H, quer me matar do coração mano?

   - Essa é sua resposta? – Fabrício franziu o cenho, demonstrando estranheza, mas Henrique falou antes que ele pudesse mentir ou negar, disparando uma frase que não deixava espaço para argumentações – Fabris, eu sou seu amigo a mais tempo do que você é Don.

   Fabrício simplesmente não teve escapatória, Henrique já devia estar vendo-o olhar para o topo da escadaria sem parar, e imaginando o que estaria acontecendo. Provavelmente, na mente de Fabrício, Henrique já havia notado o desaparecimento de Ricardo também.

   - Mandei o Ric ir no escritório do Dionísio pegar uma parada pra mim, depois te explico com detalhes, desculpa não falar mano, eu tava tentando minimizar as merdas que podem acontecer. – falou Fabrício, e inflou as bochechas, como uma criança que se desculpa com os pais.

   Henrique arrumou os óculos.

   - De boa, Don. Mas e aí? Cadê ele?

   - É aí que ta, já faz uma meia-hora que ele foi lá mano. Não é possível que ele se perdeu.

   - Fabris, ele tava chapadinho cara. – disse Henrique.

   O Don passou as mãos nos cabelos, cerrou os dentes, e já ia relacionar Ricardo com algum palavrão, quando no topo das escadas uma figura surgiu.

   Ricardo Santos, Capo di tutti capi, apareceu com um ar mais blasé que uma coluna grega. Como se nada tivesse acontecido, sorrindo para o salão, ergueu um brinde aos convidados.

   Os olhos de Ricardo encontraram o Don, ele ofereceu o brinde da taça, que ainda estava no ar, e bebeu de um gole só.

   - Desce aqui agora, seu filho da puta! – Cochichou e gesticulou Fabris, com os olhos em brasa.

   Ricardo desceu os degraus como se fosse receber um Oscar, sorrindo e cumprimentando os convidados, acenando e piscando.

   - Meu Deus, ele ta muito doido. – concluiu Henrique boquiaberto, ao lado de Fabrício.

   Quando ele chegou até seus amigos, foi recebido por um aperto no braço, do Don, e um peteleco na orelha, do Consigliere.

   - Ai, relaxa mano, missão cumprida gente.

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⏰ Última atualização: Sep 16, 2015 ⏰

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