- Porra, finalmente to em casa. – Ricardo deu boas vindas ao Brasil com essa bela frase.
Eles chegaram ao final da tarde. Fabrício olhou para o céu alaranjado e manchado de nuvens negras, suspirou aliviado, o pesadelo havia acabado. Voltaram para o seu país de origem. Sua casa. Desembarcavam e todos estavam felizes e rindo, eles haviam combinado que tudo aquilo que se passou na Itália deveria permanecer na Itália.
- A vida é longa e boa demais para vivermos tristes e pensando nisso, caras. Vamos deixar isso para traz, quero ver vocês bem e sorrindo. Quem eu pegar triste vai ter que beijar a Senhora Dionísio. – Fabrício havia dito, e todos riram disso.
Saíram do aeroporto e um carro os esperava. O motorista entregou a arma de Fabrício para o rapaz, aquela que ele havia comprado com as jóias que seriam de Júlia. Ele agradeceu e a colocou na cintura, sentia-se mais seguro com ela, e havia deixado ela no Brasil.
A viagem foi rápida e barulhenta. Eles realmente estavam felizes, brincando e fazendo trocadilhos a todo momento.
Chegaram à casa de Dionísio e saltaram do carro. Os rapazes saíram se abraçando e se acotovelando, dando socos uns nos outros e rindo disso. Ricardo pegou os óculos de Henrique e não queria devolver, o que fazia Paulo rir como louco.
Fabrício estava parado na porta do carro, segurando duas malas, olhando para os jovens e sorrindo com os olhos. Sorrindo com sinceridade, ah, não há nada mais satisfatório do que ver nossos amigos felizes, pensou em silêncio.
A porta da grande mansão se abriu e Dionísio apontou através da soleira, saiu em seguida e com ele vieram uma procissão de pessoas, todas vestidas de negro.
Todos os rapazes pararam as brincadeiras, o clima não estava nada bom.
Dionísio se aproximou. Cumprimentou Ricardo com um aperto de mão, e repetiu o gesto com Henrique e Paulo. E então chegou até Fabrício. Parou na frente do garoto e não disse nada.
Fabrício estava cansado da viagem, suas olheiras escureciam cada vez mais e suas costas doíam. Mas ele fez o papel dele, fez o papel do Dom.
- O que está acontecendo, Dionísio? Como posso ajud...
O homem o abraçou, ele chorava e o abraço era franco.
- Eu sinto muito meu jovem rapaz. Se Deus sabe o que faz ele deve ter enlouquecido. – Dionísio cochichou essas palavras no ouvido de Fabrício, que estremeceu e sentiu o coração se comprimir.
Um bebê começou a chorar em meio às pessoas. Mas nenhuma voz podia silenciá-lo.
Fabrício afastou Dionísio com as mãos e olhou para as outras pessoas. Só então ele reconheceu seus tios e suas tias, seus primos e suas primas, parentes distantes e pessoas desconhecidas.
Sentiu-se pesado, como se o mundo estivesse sobre seus ombros. Ele largou as malas, mas não se sentiu mais leve. Andou em direção às pessoas, queria correr e gritar, quebrar tudo e chorar, mas ainda tinha esperanças. Ele era assim, esperava sempre. Aquilo estava incompleto, ele sabia que estava faltando algo, mas não sabia o que era.
Seus olhos procuraram como lobos na noite, indo de um lado para o outro com ferocidade e disposição, mas não encontraram o que ele procurava. As lágrimas começaram a embaçar-lhe a visão, e agora ele respirava pela boca, com dificuldade. O mundo não tinha mais som. Ninguém se atrevia a dizer algo. Ele rodeou a grande massa de pessoas, procurando.
- Cadê ela? – disse baixinho. Procurando, procurando.
- Cadê ela? – esbarrando em ombros e tentando encontra-la nos rostos presentes.
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Família Cassarano (por Marco Febrini) (Sem revisão)
AdventureTrês amigos comuns se encontram no meio de algo mais perigoso do que poderiam imaginar. Em uma noite um filme de Máfia perturba suas mentes adolescentes, e eles decidem brincar com o perigo. Decidem criar sua própria Família Mafiosa. Nessa história...