Capítulo 8 - Moonlight Sonata

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    - Porra, finalmente to em casa. – Ricardo deu boas vindas ao Brasil com essa bela frase.

   Eles chegaram ao final da tarde. Fabrício olhou para o céu alaranjado e manchado de nuvens negras, suspirou aliviado, o pesadelo havia acabado. Voltaram para o seu país de origem. Sua casa. Desembarcavam e todos estavam felizes e rindo, eles haviam combinado que tudo aquilo que se passou na Itália deveria permanecer na Itália.

   - A vida é longa e boa demais para vivermos tristes e pensando nisso, caras. Vamos deixar isso para traz, quero ver vocês bem e sorrindo. Quem eu pegar triste vai ter que beijar a Senhora Dionísio. – Fabrício havia dito, e todos riram disso.

   Saíram do aeroporto e um carro os esperava. O motorista entregou a arma de Fabrício para o rapaz, aquela que ele havia comprado com as jóias que seriam de Júlia. Ele agradeceu e a colocou na cintura, sentia-se mais seguro com ela, e havia deixado ela no Brasil.

   A viagem foi rápida e barulhenta. Eles realmente estavam felizes, brincando e fazendo trocadilhos a todo momento.

   Chegaram à casa de Dionísio e saltaram do carro. Os rapazes saíram se abraçando e se acotovelando, dando socos uns nos outros e rindo disso. Ricardo pegou os óculos de Henrique e não queria devolver, o que fazia Paulo rir como louco.

   Fabrício estava parado na porta do carro, segurando duas malas, olhando para os jovens e sorrindo com os olhos. Sorrindo com sinceridade, ah, não há nada mais satisfatório do que ver nossos amigos felizes, pensou em silêncio.

   A porta da grande mansão se abriu e Dionísio apontou através da soleira, saiu em seguida e com ele vieram uma procissão de pessoas, todas vestidas de negro.

   Todos os rapazes pararam as brincadeiras, o clima não estava nada bom.

   Dionísio se aproximou. Cumprimentou Ricardo com um aperto de mão, e repetiu o gesto com Henrique e Paulo. E então chegou até Fabrício. Parou na frente do garoto e não disse nada.

   Fabrício estava cansado da viagem, suas olheiras escureciam cada vez mais e suas costas doíam. Mas ele fez o papel dele, fez o papel do Dom.

   - O que está acontecendo, Dionísio? Como posso ajud...

   O homem o abraçou, ele chorava e o abraço era franco.

   - Eu sinto muito meu jovem rapaz. Se Deus sabe o que faz ele deve ter enlouquecido. – Dionísio cochichou essas palavras no ouvido de Fabrício, que estremeceu e sentiu o coração se comprimir.

   Um bebê começou a chorar em meio às pessoas. Mas nenhuma voz podia silenciá-lo.

   Fabrício afastou Dionísio com as mãos e olhou para as outras pessoas. Só então ele reconheceu seus tios e suas tias, seus primos e suas primas, parentes distantes e pessoas desconhecidas.

   Sentiu-se pesado, como se o mundo estivesse sobre seus ombros. Ele largou as malas, mas não se sentiu mais leve. Andou em direção às pessoas, queria correr e gritar, quebrar tudo e chorar, mas ainda tinha esperanças. Ele era assim, esperava sempre. Aquilo estava incompleto, ele sabia que estava faltando algo, mas não sabia o que era.

   Seus olhos procuraram como lobos na noite, indo de um lado para o outro com ferocidade e disposição, mas não encontraram o que ele procurava. As lágrimas começaram a embaçar-lhe a visão, e agora ele respirava pela boca, com dificuldade. O mundo não tinha mais som. Ninguém se atrevia a dizer algo. Ele rodeou a grande massa de pessoas, procurando.

   - Cadê ela? – disse baixinho. Procurando, procurando.

   - Cadê ela? – esbarrando em ombros e tentando encontra-la nos rostos presentes.

Família Cassarano (por Marco Febrini) (Sem revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora